Eu nunca disse tchau pra mim.
Foi como um relâmpago.
Agora você vê, agora não vê mais.Nada disso faz muito sentido
E as vezes eu me pergunto se não é um sonho ruim.
Mas os dias passam e acabam.Eu não sou mais quem eu era
E eu sinto mais saudade minha do que de outras pessoas.
As vezes a minha companhia era tão boa.As minhas músicas favoritas ficaram vagas.
Comprei muitos cadernos e agendas
Mas acho que já não sei escrever.O vento não refresca
O sol não esquenta
Tudo parece precisar de manutenção.Minha vida toda está empoeirada num canto
Meus uniformes do trabalho são todos iguais
Eu durmo a noite toda mas não tenho sonho algum.Não quero incomodar ninguém
Na verdade nem eu sei o que eu estou sentindo
Mas me sinto grata pelo amor deles.Eu sei que não estou sozinha
Todo mundo está meio morno
O "todo mundo no mesmo barco" virou sinônimo de naufrágio.Alguns ainda acham que vai melhorar
E eu acho bonito da parte deles.
Mas se eu voltasse a sentir gosto quando como eu já estaria bem contente.Não me leve a mal.
Não quero ser rabugenta
Mas minhas pilhas acabaram tem uns dois anos.E na virada pra 2021 elas não vão estar magicamente carregadas.
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Digitais
PoetryLivro de poesias cotidianas de Ellen de Lima, uma jovem brasileira que usa seu olhar poético para falar do dia a dia e sobre a forma que vê o mundo. Fotografia de Andre Elliot. "Ensaio Hands Under Neon Lights" (distribuição: Pinterest).