Chuva

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Na primeira manhã
Eu me encontrava só,
Sem bocas pra beijar
Nem corpos pra abraçar.

Na segunda manhã
Houve as bocas que  queria beijar
E os corpos que queria abraçar
Mas estes não  eram meus.

Na terceira manhã
Houveram lágrimas que caiam
E nenhuma poesia.

Na quarta manhã
Teve chuva
E meu destino encontrou o seu.

Na quinta manhã
Houve o beijo que te guardei
E o abraço que já te pertencia.

Na sexta manhã
Houve a lágrima que parou
E o sorriso que nasceu.

Na sétima manhã
A poesia chegou
E meu peito cantou seu nome.

Mas na vigésima primavera 
Houve tempestade
Que quase o levou.

Na vigésima segunda
Meu mundo parou de girar.

Na vigésima terceira
Houve canto dos anjos.

Na manhã após sua partida
Eu não tinha mais bocas para beijar,
Um corpo para abraçar,
Um sonho pra sonhar,
Nem mesmo os sorrisos restaram
Mas pelo menos as lágrimas não voltaram.

No penúltimo dia
Só restava a poesia
Que nunca foi embora
Pois era presente seu.

No meu último dia
Houve chuva
E ela me levou até você novamente.

22/10/2015

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