Dentro da caixa

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Dentro da caixa
Que meus dedos gelados
Costumam se recusar a abrir
Estão todos os corações.
Os partidos e os de cartão vermelho.
Os presentes daqueles
Que um dia achei que me amavam.
As palavras furadas
As lágrimas quentes
E a lembrança escura com pedaços de luz presos a ela.
A maçã do amor agridoce
E o álcool calmante.

Dentro da caixa
Meus dedos gelados
Abondanam mais um envelope
Simples com uma carta em folha de caderno.
Mais palavras furadas.
Mais corações partidos.
Mais luz que se tornou escuridão.
Mais um almoço com meus pais que preciso esquecer.

Fecho a caixa
E a devolvo pro alto do guarda roupas
Meus dedos gelados
Deslizam por entre os cabelos ainda molhados
As lágrimas quentes
Meus forros de cama de braços abertos
Sem álcool dessa vez.
Apenas o ombro amigo do travesseiro.

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