American Hacker

Capítulo Seis

Nenhuma palavra seria capaz de expressar, o ódio que eu sentia naquele momento.
Durante 10 anos da minha vida, eu fugi. Fugi das pessoas que estavam atrás da minha familia, por causa do que eu representava.
Meu pai, Steven, morreu por minha culpa.
Meu irmão, Daniel, desapareceu por minha culpa.
Porque eu sempre fui inteligente demais, em um mundo onde tudo é corrupto.
Durante 10 anos eles me vigiaram, e agora, que eu achava ter me livrado de tudo, esses hackers começam a me vigiar novamente.
Maldita hora em que eu nasci!

Me assustei com o sangue que saia das minhas mãos, aparentemente, cortadas pelos cacos do espelho que eu acabara de partir com um soco.
- Droga! - disse enquanto via o tapete branco e felpudo do quarto se sujar com meu sangue avermelhado.
- Você está bem? - disse uma adolescente abrindo a porta do quarto e entrando com receio da minha reação.
- Eu só... por que ele é tão insuportável!? - disse me jogando na cama.
- Quem? - perguntou a garota de cabelos curtos castanhos se sentando ao meu lado na cama - O T.K? - disse rindo.
- Claro! Ele estava me vigiando... - Me perdi por um momento nas minhas lembranças.

Daniel...

- Olha - ela disse se virando para me olhar - Ele pode parecer um idiota, mas ele está fazendo o máximo que pode pela causa. Você estava na cidade, viu como tudo está. T.K quer, e sabe como mudar isso. Ele apenas não liga para os meios, só para o fim. - ela parecia ser compreensiva, e por incrível que pareça me acalmou - Vou buscar curativos. - ela disse se levantando.
- Obrigado...
- Lee. - ela disse sorrindo enquanto fechava a porta.

Todos ali pareciam concordar com T.K, e eu não esperaria outra coisa de seus companheiros.
Eu só queria voltar pra casa, mas agora isso era impossível.

Quando adentrei o refeitório, percebi os olhares em minha mão, mas ignorei completamente, ninguém iria tirar meu apetite.
Assim que peguei minha bandeja, percebi V.K acenando para mim, aparentemente querendo que eu me juntasse a ela e as outras garotas em sua mesa.

- Alexis! - disse V.K animada batendo na cadeira ao seu lado, me convidando a sentar - Pessoal, porque não se apresentam? - ela disse enquanto mordia sua maçã - Tirando a Down e a Lee.
- Eu sou a Eve. - disse uma garota de cabelos compridos e ondulados.
- Eu sou a Cassuelo. - disse uma garota sorridente, com certeza descendente de asiáticos.
- É um prazer... - sorri de lado enquanto provava a comida - O que vocês fazem? - perguntei puxando assunto.
- Bom... - disse V.K - Eu era estudante de arquitetura, tava no último ano antes do meu irmão decidir se rebelar. - ela disse dando de ombros.
- Perai... - disse soltando os talheres - Você é irmã do T.K!? - e todas pararam de comer para olhar V.K, que parecia visivelmente constrangida.
- Opss... - ela disse bebendo um gole de água.
- Grande V.K. - disse Cassuelo parecendo levemente irritada pelo que a amiga acabou de contar.
- Então... - disse Down desfazendo o clima pesado que havia se formado - Eu projeto os computadores do escritório. Eu que fiz todos eles. Cada um tem sua propria função.
- Wowww. - disse impressionada.
- Eu sou a garota do acessórios. - disse Lee com um sorriso tímido.
- Acessórios? - perguntei confusa.
- Você vai entender daqui um tempo. - ela disse então voltou a comer.
- Eu cuido das armas - disse Cassuelo mexendo em seu cabelo longo - Se quiser posso te dar umas dicas. - disse piscando para mim, que concordei com um sorriso.
- Eu sou a agressiva - disse Eve com um sorriso malicioso - Se quiser passar no ringue depois, ficaria feliz de ver você em ação.

Todas eram muito legais.
Realmente gostei de poder conhece-las.
A única coisa que me deixava intrigada, era a Lee.
Ela parecia ter uns 17 anos, então o que estava fazendo aqui?
Achei melhor não perguntar, assim como elas não perguntaram sobre o passado que omiti.
Continuamos conversando durante o almoço e depois cada uma foi para a sua respectiva função, menos V.K, que me acompanhou em um tour pelo Q.G.

- Não liga pro meu irmão... - ela disse ao perceber meu desânimo - Ele se preocupa muito com a gente, queria ter certeza de que você não é uma deles. - disse dando um pequeno sorriso.
- E ele tem certeza? De que não trabalho pro governo? - o sorriso de V.K se desfez.