2 | Beomgyu?

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P.O.V YEONJUN

Meu despertador tocou às nove horas em ponto, mas ele foi completamente inútil porque eu já estava de pé e arrumado. Na verdade, eu não fechei os olhos essa noite nem por um segundo. Em poucas horas, o Heaven será oficialmente de outra pessoa. O dia será cansativo, mas se no final dele as crianças estiverem seguras, eu vou ficar bem.

Preciso me maquiar um pouco, na esperança de que aquelas olheiras roxas causadas pela noite mal dormida não apareçam, e vesti algo fresco, graças ao sol que faz lá fora.

— Bom dia, querido. – Marta diz animada assim que entro na cozinha, me entregando um prato contendo panquecas recheadas com creme de avelã. Meu café da manhã preferido.

— Qual é o motivo para tanta animação? – Pergunto curioso, enchendo uma xícara com café. Muito café.

— Hoje é um grande dia.

— Hoje é um péssimo dia. – A corrijo, começando a comer. – Se bem que essas panquecas fizeram o meu dia começar de uma maneira boa. Estão deliciosas.

— Eu sei que é difícil. – Ela suspira. – Sei que tudo isso deveria ser seu um dia e, quando eu e a senhora Wolsen conversamos sobre colocar o orfanato à venda, você foi a primeira coisa que colocamos em questão. Mas nós temos 60 crianças que precisam de um lar e elas também são especiais.

— Eu sei. – Tento parecer o mais compreensível possível. – Elas são tudo pra mim. Meu amor por esse lugar vem delas e eu penso no bem de cada uma. – Suspiro meio cabisbaixo. – Bom, eu vou comer isso na biblioteca. Preciso separar alguns livros porque hoje é o dia da leitura, lembra?

— Eles adoram o dia da leitura. – Eu concordo, saindo da cozinha segurando o prato com uma mão e a xícara com a outra, indo em direção ao escritório.

Ao longo dos anos, a senhora Wolsen fez uma pequena biblioteca ali com livros para várias idades e, todos os domingos, eu chamo as crianças, nós sentamos em círculo na grama do quintal e eu leio vários livros infantis para elas.

Após eu escolher alguns que julgo serem incríveis, deixo meu prato vazio na cozinha e corro para o quintal, encontrando as crianças já posicionadas na grama. Apenas as que têm dois anos para cima adoram ouvir as histórias, então tenho 20 crianças ao meu redor, ansiosas para saberem o que eu preparei para elas.

A pedido de Darla, uma garotinha de três anos, o primeiro livro que escolhi foi *Peter Pan*. Ele não tem muitas páginas, mas adoro fazer algumas cenas e caretas, arrancando risadas altas das crianças. O próximo foi *Cinderela* e não me lembro de quantas vezes eu já o li aqui, mas as meninas simplesmente adoram ouvir várias e várias vezes.

O último livro que eu havia pegado na biblioteca é *O Pequeno Príncipe*. Nós temos a versão infantil dele, ou seja, é bem pequeno e de poucas páginas, mas o conteúdo encantador e inteligente ainda está ali. Eu tenho orgulho de apresentar essa obra para as crianças e elas adoraram a história.

— Bom, acho que acabamos por hoje. – Seguro os livros nos braços e começo a rir dos resmungos que ouvi. – Vocês não cansam nunca?

— Queremos mais histórias, Yeon. – Darla agarra minhas pernas, me impedindo de andar.

— Conta a sua história favorita. – Tyler pede fazendo bico e eu não resisto, voltando ao meu lugar.

— Tudo bem. O que vocês querem ouvir?

— A sua historinha preferida. – Jason anda até mim e senta sobre as minhas pernas; eu o acolho como um bebê.

Não preciso pensar muito para saber qual é a minha história favorita, uma bem específica que eu mesmo vivi.

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