P.O.V YEONJUNUma chuva imprevisível começou no momento em que entrei no carro, e a água escorrendo no para-brisa, juntamente com as lágrimas intermináveis, me atrapalhavam a enxergar a estrada à minha frente. As ruas estavam cheias, mesmo com o temporal lá fora, mas os vidros levantados não permitiam que ninguém me visse desmoronando dentro do automóvel.
Eu não queria chorar; fui forte até o último minuto, mas me dói saber que uma noite tão especial para nós dois foi interrompida por uma notícia tão desastrosa.
E eu só penso e vejo na minha mente aquele garotinho. Nada parecia real, mas lembrar de seus olhos castanhos melindrosos, exatamente como os do pai, faz a ficha cair. E ela cai, arregaçando meu emocional, inundando minhas bochechas com lágrimas que Beomgyu não merece.
Dirigi em direção ao orfanato, entrando na estrada. Preciso forçar a vista para ver a estrada à minha frente, mas quando uma moto quase bate em mim, buzinando com toda a vontade, o susto foi enorme e imediatamente paro no acostamento. Toda essa situação pesa na minha consciência e eu desabo ao desligar o carro.
Eu queria que nada disso tivesse acontecido. Não queria que meu pai tivesse me internado naquela maldita clínica, e então minha vida seria livre de tantos choros. Estou começando a lamentar ter conhecido Beomgyu.
Apesar de termos ficado afastados, sem nenhum tipo de contato, durante cinco anos, me sinto traído ao imaginar a cena dele e Tessa juntos. Me sinto enjoado só de pensar. Então, agora eles têm um filho juntos. Ela tem algo com ele que eu não, algo que planejei desde criança. Ela tem um filho dele, e querendo ou não, os dois estarão ligados pelo resto da vida. E eu vou ser apenas a pessoa que Beomgyu possivelmente se casaria e seria o padrasto malvado do Mason.
Eu não quero ser o padrasto malvado.
Eu quero ser o pai dos filhos dele.
Dos únicos filhos dele.
Meu telefone toca no banco ao meu lado. Tento ignorar, imaginando que pode ser Beomgyu, mas fico aliviado ao ver o nome do Taehyung brilhar no visor do aparelho. Ligo o pisca-alerta antes de atender.
— Yeon? — Ouço a voz eufórica e animada do meu melhor amigo.
— Hey, o que foi?
— Eu preciso te contar algo. Mas quero saber se você está sentado, você está?
— Claro, pode falar.
— Ok. Se lembra que eu fui a um lugar na sexta e disse que era uma surpresa? Bom, eu queria contar a você quando tivesse certeza. O Yoongi ainda não sabe, estou com medo de contar, e você é meu melhor amigo, merece saber primeiro que todo mundo.
— Você está me deixando curioso. — Me permito sorrir um pouco, mesmo que seja por causa das lágrimas.
— Eu consegui dar início ao processo de adoção. Dá para acreditar nisso? Eu, finalmente, vou ser pai. Estou tão...
Não pude ouvir o que Taehyung disse após "dar início ao processo de adoção". Simplesmente não consegui me concentrar, já que um zumbido tomou conta do meu ouvido. Desliguei a chamada, jogando o celular pela janela do carro. E então começo a chorar outra vez. Não sei se consigo chorar mais.
Decido que preciso chegar em casa, preciso deitar no colo da senhora Wolsen e desabar ali, enquanto ela me dá conselhos. Mas não posso dirigir nesse estado; é muito perigoso. Então, sem problemas, abro a porta do carro e saio, ignorando as gotas fortes da chuva me encharcando inteiro.
Tranco o carro e começo a andar pelo asfalto. A escuridão não me assombra e não tenho medo de andar sozinho por aqui. A chuva não me incomoda, mas meu corpo chacoalha quando um trovão estoura no céu. Os soluços também ajudam nisso. Fico aliviado ao ver o Heaven a alguns metros de onde estou, mas escuto um carro atrás de mim e paro. Ele também.
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Redemption
FanficAnos se passaram, caminhos opostos e vidas opostas. Depois da transferência de Beomgyu, seus caminhos nunca mais se cruzaram novamente, entretanto, isso irá mudar. Choi Yeonjun, diretor do Heaven, um dos maiores orfanatos de Londres, que no momento...