Trono XIX

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Império

Arco I — Trono de Sangue

Mãe e Filho

02 de Abril de 2018

Uchiha Sasuke

O carro é da mesma marca que o meu anterior, a pintura e a cor dos bancos me fazem lembrar do automóvel que joguei do penhasco para simular a minha morte.

Somente o motivo de Itachi ter me dado o carro me foge a mente, afinal quando éramos somente duas crianças ele nunca me deu atenção, afeto era algo raro. Ele fez justamente o contrário, me ignorou ao ponto de nem ao menos se lembrar do dia do meu nascimento, de me deixar sozinho no Natal e em datas comemorativas, nem em eventos sociais ficávamos juntos, minha mãe sempre fez questão de criar e colocar um muro entre nós, de nos separar e agir como se a minha existência fosse o maior desgosto da sua vida.

Sei que ele, nem ela me amam, pois se gostassem de mim, mesmo que fosse mínimo, não teriam me deixado para trás, me abandonado com o meu pai, junto ao homem que me sofrer. Será que ela nunca pensou no que a ida deles faria comigo? De como me senti traído, abandonado pela minha própria família.

Deixei Hinata em casa, mandei uma mensagem para o número que encontrei dentro do porta-luvas, esse que me pediu para ir até um dos bairros mais nobres da cidade, um de classe alta, onde somente aqueles com dinheiro moram. Após colocar as coordenadas no GPS, de ter dirigido o importado, acabei por parar em frente a enorme mansão, o portão foi aberto no momento em que estacionei o carro próximo a entrada. Assim que saí do serviço fui direto para casa, Rei ficou maravilhada com o carro, tanto que a levei para passar, dar uma volta na cidade.

Senti saudades do veículo, mesmo já tendo me acostumado com o veículo popular que dirijo.

Não devo fumar, mas estou ansioso, com os nervos à flor da pele, já se passaram mais de treze anos desde a última vez que nós nos vimos, eu ainda era uma criança, uma com enormes ilusões em relação a família. A porta é aberta, meu irmão, aparece, com um sorriso cansado, logo atrás dele a mulher que me abandonou. Tive que segurar o riso, embora não tenha disfarçado a minha cara de desgosto por revê-los depois de tanto tempo.

— Sasuke, entre, precisamos conversar.

— Não precisamos nada, estou indo embora, e o meu nome não é mais Sasuke, pelo menos não mais.

— Filho, precisamos conversar — balanço a cabeça negativamente. Será que ela acha que pode me chamar de filho depois do que fez comigo? Ou ela é burra ou só se faz.

Por culpa dela a minha infância se resumiu a solidão, depois que ela foi embora a ira do meu pai foi toda projetada em cima de mim, ele abusou de mim físico e psicologicamente, acabou com todo o resquício de felicidade que eu tinha quando matou a mulher que eu amava, meu melhor amigo e filha.

Passei por tudo isso sozinho! Por conta disso tive que tomar medidas extremas para evitar me tornar como o meu pai, um corrupto, um mafioso sem coração e alma.

— Não sou seu filho e ele não é meu irmão! — Aponto o dedo para os dois. — A minha família, as pessoas que me amava de verdade, estão mortas. Todas elas.

— Sasuke nós só queremos conversar.

— Pro inferno com isso! De coração, não suporto nem olhar na cara de vocês. — Meu corpo está a tremer, por alguma razão começo a me lembrar do dia em que eles foram embora.

ImpérioWhere stories live. Discover now