Capítulo 5

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— Fala. Sério. — Silibei, enquanto me olhava no espelho horrorizada. — Eu não vou usar isso. David, eu não vou usar isso de jeito nenhum.

  David me avaliava, tentando com todas as forças não rir. Ele espremeu os lábios e se afastou alguns passos, para avaliar por completo.

— Na minha opinião, você está linda.

  Eu estava parecendo com um palhaço de circo. Completamente ridícula. David havia deixado minhas sombrancelhas grossas e escuras. Além do mais, nunca usei tanto blush e delineador em toda minha vida. Meus cílios estavam pegajosos e o que era aquele troço brilhoso na minha testa?

— Você estragou com todo meu visual. — Falei, sentindo uma imensa vontade de chorar. — Eu te odeio!

  David riu. Ele riu tanto que sua barriga doeu e precisou sentar na cama para se conter. Eu podia fazê-lo engolir todas minhas maquiagens se não quisesse ouvir o som da sua risada mais um pouco. Era linda, sobretudo. Grave e rouca.

— Eu sinto… — Falou entre gargalhadas. — Eu sinto muito mesmo.

— Tudo bem — Comecei a remover a maquiagem com lenço umedecido. — Vou usar apenas um pouco de rímel e gloss.

— Eu concordo completamente, Noona. — Falou ele, contido. — Sua pele é muito boa. Não precisa usar muita maquiagem.

  Passei um pouco de rímel. David pegou o gloss.

— Me deixe passar. — Ele pediu gentilmente. Olhei para ele desconfiada. — Prometo que dessa vez serei preciso.

— Se você borrar um único centímetro não irei poupá-lo!

  Entreabri os lábios, enquanto ele se preparava. David estava muito próximo, tão próximo que era capaz de sentir perfeitamente o seu perfume doce, mas masculino. Me remetia ao oceano.

  David encostou suavemente o pincel em meu lábio e arrastou. Eu não conseguia parar de encará-lo. Ele estava tão concentrado. De repente, David levantou o olhar e nos encontramos. Não desviei. Ele piscou algumas vezes e então voltou-se para meus lábios. No entanto, seu olhar estava diferente. Distante.  Já não parecia concentrado como antes. Pelo contrário. Estava distraído.

   Quando terminou, inconscientemente coloquei o lábio inferior para trás dos dentes prestes a mordê-lo. David se apressou e segurou em meu queixo, me impedindo.

— Não, você vai estragar! — Ele alertou, com o polegar abaixo do meu lábio.

— Desculpa. — Murmurei.

  O clima entre nós estava um pouco incômodo. Me afastei e fui até o armário pegar a bolsa.

— O táxi já deve está me esperando — Disse. Ele concordou com a cabeça, em silêncio. — Me deseje sorte.

  Passei por ele, mas David agarrou em meu braço, me impedindo de ir.

— Você não precisa ir, se não quiser. — Falou David, com a voz baixa. — Quero dizer, olha o tempo. Parece que vai chover.

  Olhei através da janela atrás de mim. E, realmente, ia chover.

— Não acho certo deixar alguém esperando e também não acho certo desmarcar algo em cima da hora.

  David acaraciou discretamente o meu braço, então soltou.

— Você está certa. — Falou David — Mas, e quanto ao seu carro?

— O motor. Houve um problema com o motor.

— Entendo. Me liga caso algo aconteça.

— Tudo bem! — Respondi, amigável. — Você precisa descansar. Soube que amanhã começa as reformas no restaurante.

 Mais que amigo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora