o que tem de errado em mim?

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Eu nunca achei que iria cansar de tanto pensar em algo. Estranho, né?

Faz aproximadamente trinta e oito horas desde que o branquelo que eu não lembro o nome e a tal de Any me falaram sobre conquistar uma garota pra ganhar a bolsa na escola.

Eu queria simplesmente aceitar sem pensar duas vezes, mas onde estariam meus valores morais? Seria anti-ético iludir uma pessoa por interesse. Sem contar no fato de que se eu fizer isso irei estar trapasseando. Irei dar desvantagens até aos meus amigos, até para Shivani.

Mas, como a morena mesmo disse, é uma oportunidade única. Segundo eles, eu só tenho que sair com a tal líder do grêmio até que meu nome esteja num contrato escrito "Oferta de bolsa para estudar na Now United School". Não deve ser difícil, né? O máximo de ruim que pode acontecer é essa garota ter aftas na boca.

Seria a oportunidade perfeita para o começo da minha mudança de vida. E uma vez lá dentro, quem sabe eu não consiga uma bolsa pra Shivani também, não é mesmo?

Por mais que seja errado, anti-ético e completamente desrespeitoso, estou me arrumando para ir à casa do possível namorado da Any. Vou escutar as dicas dele e, se parecer absurdo demais, volto pra casa e finjo que nada aconteceu.

Ponho minha melhor roupa, ainda que só esteja indo na casa dele e ninguém mais vai me ver, mas é que sei que ele é rico então não quero fazer feio. Antes de sair de casa, enfio uma camisa xadrez verde por cima da camiseta branca e me olho no espelho por mais alguns minutos apenas para confirmar que estou lindo demais. Pego a bicicleta na garagem empoeirada e saio sorridente pelas ruas do bairro.

Pra minha sorte o branquelo mora no bairro vizinho, isso significa que não chegarei muito suado ou fedendo. O dia está ensolarado e o vento faz as palmeiras, que encontro no meio do caminho, balançarem freneticamente.

Não tardo em chegar, olho no meu relógio de pulso, que já são uma e cinquenta e cinco da tarde. Nosso combinado era eu chegar duas horas então encosto no muro e espero até dar uma e cinquenta e nove pra apertar a campainha. Como se fosse algo do destino, mas eu sei que não, ele aperece exatamente duas horas.

Ele me olha com um sorriso gentil no rosto - o que é surpreendente, já que eu acho ele meio psicopata - e faz um sinal para que eu entre. Depois que percebo que ele está só de toalha, fico um pouco apreensivo mas acabo entrando do mesmo jeito.

Na frente, a casa tem um pequeno jardim super fofo, com algumas cadeiras e uma piscina tão grande que se eu pulasse lá dentro poderia se levado por uma correnteza imaginária. As janelas são enormes, típicas de casas de filmes. Ele me guia na entrada e, por dentro, tudo está em tom de azul marinho e cinza. Há fotos enormes de capas de revistas pelas paredes.

- Sua casa é sem vida - comento.

- Você é formado em arquitetura? - tá na cara que é uma pergunta retórica e um tanto grosseira então nem respondo. Estamos subindo as escadas agora. - Pra onde você está indo?

- Ah... Não sei... Você me mandou te seguir - me atrapalho todo, ai deus.

- Vai me ajudar a trocar de roupa, é? - pergunta. Finjo que nem escutei a grosseria e volto dali mesmo. - E, por favor, não roube nada. Eu saberei.

Não acredito que ele me disse isso. Ando pela sala. Deixa só ele voltar que iremos partir pra mão. Me sento no sofá macio. Esse idiota acha que todo pobre é ladrão. Fecho meus punhos. Ele vai se ver comigo. Alguém toca meu ombro e eu meio que acidentalmente enfiei um soco na cara da pessoa.

- Qual seu problema? - O possível namorado da Any grita.

- Foi sem querer, você me assustou - tento me explicar. - Achei que era um fantasma.

For Fancy Days  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora