Minha respiração está completamente desregulada mas, dessa vez, eu não preciso de bombinha de ar alguma. Meu coração está batendo rápido demais e ainda não decidi se foi pela adrenalina do que eu acabei de fazer ou por causa da mão que segura a minha pra buscar conforto. Meu cabelo? Ah, meu cabelo gritou "damn" para o tempo que passei para arrumá-lo, porém nem isso pode me deixar com raiva.
Só paramos de gritar e/ou brincar de brigar dentro do carro quando chegamos aqui no Píer de Santa Monica. A Any não parou de fazer drama, dizendo que iria se jogar dentro do mar, enquanto não andamos na montanha russa - sim, ela chegou a tentar subir nas barras de proteção e tudo. Acabamos de sair de lá e, Nossa Senhora dos Playgrounds Que Quase Matam, isso foi ainda mais divertido que a briga de mais cedo no carro. Só comprova minha teoria de que esse é o melhor jeito de aproveitar a vida. A minha, pelo menos. Esse clima de começo de noite deixa tudo mais perfeito.
Tão perfeito que Sina quis dar uma volta pela praia e, mesmo com receio de estar a sós com ela, nos despedimos do casal que não é casal - que ficaram putos por não poder bisbilhotar nossa conversa - e passamos a fazer companhia apenas um para o outro na longa caminhada pela areia gelada. Basicamente, eu estava tremendo de medo de fazer ou dizer algo de errado porém sorrindo do branquelo e da mulher-maravilha, não vou mentir.
- Acho que, se estivesse concorrendo a uma bolsa de estudos como você, não teria chance nenhuma de eu passar - a loira-sensacão expõe a si própria.
Chegamos a esse assunto porque Sina me perguntou se minha mãe conseguiu me fazer desistir de ganhar a bolsa. Se ela soubesse...
- Por que não? - pergunto. - Sempre achei que, como filha da diretora, você era um exemplo para os outros.
Sina escancara um sorriso no rosto.
- Noah, você sabe guardar segredo? - me pergunta.
Que medo.
- Bom... Acho que sim - afirmo, cheio de insegurança.
- Que bom... Por que eu não - a loira-sensacão é um meme ambulante. Sorrio quase que involuntariamente. - Teve uma vez que minhas notas estavam tão ruins em álgebra que tive de pedir ajuda para uma garota da minha sala e em troca eu ajudava ela a conquistar um garoto...
Ela faz uma pausa dramática.
- E o que aconteceu? Deu certo para as duas? - pergunto, pra mostrar interesse.
- Bom... No fim do semestre, eu tirei dez em álgebra e ela ficou grávida - Sina solta a bomba.
- Quê? Como assim? - literalmente grito. Depois me arrependo pois chamei a atenção das pessoas. - Isso é sério?
- Pior que sim.
- Não brinca comigo assim - peço. Não paro de sorrir mas penso que, se for verdade eu não devo sorrir de uma gravidez na adolescência, então abafo minha risada com a mão. Porém não adianta muito.
- Eu, a garota e o pai bebê adoraríamos que fosse mentira mas, infelizmente, não é - brinca.
Estamos indo de volta ao píer e, de vez em quando, sinto uns arrepios por conta do frio. Fui o único retardado que não trouxe um casaco. Parabéns pra mim.
- Você é muito má! - berro. Santo Kim Matthew sabe o quanto eu queria parar de sorrir mas não consigo.
- Não sou não, ela que quis - se defende.
- É sim! - retruco.
- Não tem como eu ser uma pessoa má, foi eu quem organizou o chá de bebê dela - não sei se a intenção da loira-sensacão é me fazer sorrir mas, nossa senhora da bicicletinha rosa chock sem freio, eu tô morrendo aqui.
- Eu retiro tudo o que eu disse sobre você ser um exemplo para os outros alunos - jogo na cara mesmo.
- Eu definitivamente não sou normal - Sina comenta. - Acho que é por causa da criação do meu pai.
Balanço a cabeça em negação repetidas vezes.
- Não ponha culpa no seu pai por você ter feito uma garota engravidar - olho em seus olhos quando digo. O clima está tão agradável. Porém frio.
- Parece até que eu sou o pai da criança - a loira-sensacão faz um draminha, só pra variar.
- Você entendeu o que eu quis dizer...
- Ainda assim, você não conhece o cara que me criou, senão concordaria - retruca.
- Foi algo tão ruim que justifica uma gravidez na adolescência..? - levanto as sobrancelhas e pergunto baixinho.
- Ele é meio doido - Sina começa e faz pausa por alguns segundo, provavelmente para pensar - Tipo... Teve aquela vez que ele fez um grande drama por causa de uma torta.
- Conte mais - peço.
- Meu pai tinha o costume de comer uma torta de limão no intervalo de todo jogo de basquete porque ele dizia que dava sorte - paramos perto do píer e encaramos o mar. - Mas teve um certo dia que eu resolvi comer apenas pra ver o que aconteceria...
- Afrontosa - comento, interrompendo-a. Ela solta um pequeno sorriso.
- E quando meu pai descobriu quem comeu, no caso eu, ele me fez comer torta de limão por uma semana inteirinha - Sina continua. - Torta no café da manhã, torta no almoço, torta de tarde e torta no almoço. Foi um pesadelo...
Ok, o pai dela é meio doido sim.
- Isso é sério?! - me desculpe se eu duvidar de exatamente tudo, é que minha vida é tão chata que tudo parece impossível na minha cabeça.
- Tão sério quanto a diabete que eu terei antes de chegar aos sessenta por causa daquelas tortas - responde sorrindo.
Não tem como não sorrir do que ela fala porque exatamente tudo vira motivo de piada. Estar com a Sina é sinônimo de se sentir bem o tempo todo e eu sinto falta de presenças assim em minha vida. Não que não haja pessoas legais em minha vida, mas é que com o tempo você acaba enjoando, sabe?
- Eu pegaria trauma e fugiria de casa - comento. Passando a mão em meus braços várias vezes para tentar me esquentar.
- Meu pai é policial, então não daria certo. Ele me encontraria em qualquer lugar - a loira-sensacão faz um biquinho super fofo com os lábios pintados de vermelho.
Agora bateu o medo do pai dela descobrir que eu a magoei de alguma forma e querer vir atrás de mim pra me matar. Me arrepio só de pensar.
- Você está com frio, né? - Sina pergunta após nosso pequeno período de silêncio que usamos para fitar as águas calmas do oceano.
- Um pouco - respondo ao virar meu corpo para ficar de frente pra ela.
- Eu posso..? - Sina estica os braços em minha direção. Eu entendo como um pedido de abraço, então assinto com a cabeça.
Seus braços rodeiam minha cintura e eu aconchego a parte superior do seu corpo com os meus. Acho legal o fato de estarmos próximos, significa que estou avançando no meu objetivo. Eu só não contava com o contato da sua boca no meu pescoço. Céus, ela está me beijando? Finjo que não estou nervoso, porque sei que atitudes assim costumam enganar o cérebro, em seguida a encaro.
Seus olhos verdes me fitam também. Estamos muito próximos, o que significa que quando ela solta uma lufada nasal eu consigo sentir o ar quente. Então Sina se estica para um beijo. Sinto sua mão sair da minha cintura e tocar meu rosto. Não querendo ficar atrás, movo minha mão até sua cintura e inundo sua boca com minha língua. Acho impressionante como o ar gélido que antes me incomodava agora está trazendo a temperatura perfeita para o que estamos fazendo: um beijo calmo e estalado.
E, não sei bem como explicar, é bom mas, sei lá... Não é como o do Josh.
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For Fancy Days ✰ Nosh ❖ Now United
Fanfic➳ ✯ ❝onde Noah acaba se apaixonando por seu mais novo amigo, Josh, em meio à seu plano de conquistar Sina, a líder do grêmio estudantil e filha da diretora da escola que ele deseja estudar.❞