𝟶𝟷

1.9K 119 24
                                    

— Ah finalmente...não aguentava mais aquele professor tagarelando no meu ouvido. - uma garota baixinha se joga no assento em frente ao meu.

— Tava tendo aula de que?

— Nossa! Nem te vi aí! Que susto garota. - ela põe a mão no peito, um pouco dramática eu diria. - E, respondendo sua pergunta, aula de química avançada.

— (S/N), medicina. - estendo minha mão.

— Daeun, biologia marinha. - a aperta e abre um sorriso imenso. - Gostei de você.

— Ah é? - fico desinteressada e volto a comer.

— Aham. Não ligou pra minha maluquice nem nada. Tá aí sozinha, independente. - deu de ombros.

— Obrigada, eu acho.

— Oh garota! - um menino de cabelo louro acinzentado joga seu material na nossa mesa e a encara furioso.

— O que? - ela franze o cenho.

— Já pensou em avisar ao seu irmão aonde você vai?

— Não. Ele sempre me encontra. - rio soprado.

— Park Jimin. - ele me olha rapidamente e logo voltando para ela. - Mamãe vai ficar sabendo disso.

— Odeio irmãos mais novos. - Daeun bufa. - Nasceram para acabar com a paz dos mais velhos. - revirou os olhos. - Você tem irmãos?

— Não.

E foi assim que conheci minha melhor amiga.

Daeun era de longe a pessoa mais espontânea que já conheci. Além de muito sincera, sua lealdade nunca sequer fora questionável. Foi a primeira vez que eu me senti confortável o suficiente com alguém para estabelecer um laço de amizade.

Dito isso, os anos se passaram e ela já frequentava minha casa, sabia dos meus segredos mais íntimos e dividia seus problemas comigo. Coisas que eu sempre quis e nunca consegui achar.

— (S/N), eu estava pensando aqui se você não gostaria...

— Fala logo, Daeun.

— Você não quer dormir lá em casa hoje não? - fala de uma vez.

— Ah. Não sei, a sua mãe deixa?

— Pelo amor, (S/N). Eu já sou adulta.

— Mas mora com ela, melhor perguntar.

— Ela deixa. Mas sabe como é, a casa é pequena e humilde, porém sempre tem lugar pra mais um. - me abraça.

— Na verdade, eu estava querendo sair hoje. A gente estuda demais, tô sentindo falta de me divertir.

— Com diversão você quer dizer aloprar? Porque é isso que você faz quando bebe.

— Bem, chame do que quiser, é exatamente isso que eu quero fazer essa noite. Tá afim?

— Tô. E já tenho o lugar perfeito pra isso.

Meia hora depois eu estava sendo arrastada para um galpão gigantesco, onde o som era tão alto que dava para ouvir do asfalto. Eu nunca tinha subido no morro, mas já tinha visto foto e reportagens sobre ele. Me encantava de certa forma o senso de comunidade e a cultura que no asfalto faltava.

— Guarda esse celular na calcinha. - Daeun me mostra como ela faz e eu imitei.

— O Jimin não ia encontrar a gente aqui?

— Ele tá na fila, guardando nosso lugar. - ela desvia das pessoas e me leva até o irmão. De repente me senti grata pela Daeun ter me falado o que vestir, esse top vai me salvar do calor lá dentro.

𝙻𝚘𝚜𝚝 𝙲𝚊𝚞𝚜𝚎Onde histórias criam vida. Descubra agora