𝟷𝟶

595 68 3
                                    

— Ah meu amor, eu não preciso te perdoar. Você não fez nada de errado.

— Eu me sinto culpada. Não queria ter te afastado assim.

— Eu tô aqui. Não fui a lugar nenhum. - segura meu rosto e me analisa. - Você precisava de um tempo, só isso.

— Obrigada por me entender. - lhe dei um selinho e o abracei. - Te amo.

— Também te amo. - sorriu e me puxa para um beijo de verdade. - Desculpe por me afastar esses dias, me ocupei com o trabalho e...

— Eu sei que é feliz nesse ramo, mesmo que ele exija seu tempo e te ponha em risco.

— Eu só preciso de você para ser feliz. - confessou baixo.

— Então vamos tirar o atraso. - beijo seu pescoço. - Hm?

*

— Amor, sabe onde eu deixei meus óculos?

— Em cima da bancada. - me serviu o café e sentou a minha frente. - O que foi?

— Tem uma matéria no jornal falando sobre o morro. - liguei a televisão e coloquei meus óculos.

— Eles adoram vasculhar, mas nunca acham nada. - come despreocupado.

— Tem certeza? Parece sério. - deu mais atenção a reportagem.

"-...o tráfico ilegal de drogas sustenta o vício dos moradores de rua. O governo pretende intervir o quanto antes."

— Isso é mentira.

— Tae... - ele para e me olha sério.

— Não vendemos pra moradores de rua.

— Mas você disse que procura gente do asfalto, possíveis clientes.

— Sim, pessoas como você. Com dinheiro, ricos e entediados. Eles sempre voltam por mais. - nunca tinha visto esse lado dele.

— Oh...minha vida é tediosa?

— Era, agora você mora aqui. - sorriu achando graça.

— Por que você despreza tanto quem vem do asfalto?

— Eu não...- bufei assim que começa a mentir. - Porque eu sempre quis ser do asfalto, (S/N). Mas sabe o que fazem com pessoas como nós? Tratam como lixo, como se fôssemos obrigados a servir a eles. Eu tentei não ter essa vida, tentei ser que nem eles. Mas a minha origem me colocava pra fora de qualquer estabelecimento. Então, me diz, estou errado?

— Sua vingança não te faz bem. - comentei.

— Vingança? As coisas são como são. Eles vem pra cá por causa dos bailes e se encantam pelas drogas por vontade própria. Você mesma veio pro morro por causa de uma festa.

— Daeun mora aqui. Eu viria de qualquer jeito.

— E eu sou amigo do Jimin. Nos conheceríamos de qualquer jeito. - sorrio, ele sempre sabia o que dizer.

— Hm...verdade. - voltei a comer.

Segura minha mão sobre a mesa e brinca com os meus dedos. A aliança que me dera ainda residia ali, brilhante e chamativa. Meus pais devem ter reparado, principalmente minha mãe. Lembro de quando ela me disse: arrume um homem que te dê pedras preciosas, é sinal de boa sorte. Sei... é sinal de grana.

— Quer vir pro trabalho comigo hoje? Não quero que fique sozinha aqui.

— Tudo bem, vou com você.

— Já te falei que você fica linda de óculos?

— Não. - corei.

Levantou e sussurrou no meu ouvido, me fazendo gargalhar. Era bom estar apaixonada, Taehyung me fazia sentir especial a todo momento.

𝙻𝚘𝚜𝚝 𝙲𝚊𝚞𝚜𝚎Onde histórias criam vida. Descubra agora