três

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"Romântico ao extremo."

Três horas depois...

– Aqui está a multa e uma advertência. Só não vou apreender a sua carteira porque estou com pena de você, menino Tae.

Fiquei amigo do policial rodoviário Namjoon após três horas de averiguação sobre o sol escaldante. Contei a ele e seus colegas todos os meus infortúnios, desde aquela última apresentação na agência.

A princípio, houve certa comoção entre os homens da lei, que ficaram chocados com a forma como tratei do assunto traição. Mas isso foi só no início da narrativa, a final, tão logo cheguei ao âmago, aqueles fardados começaram a me dar tapinhas nas costas e recebi vários incentivos para nunca mais me deixar enganar.

– Até que ficar preso neste posto policial não foi tão ruim, Namjoon. Estou mais calmo, prometo não pisar tão fundo no acelerador do Lúcifer. – digo, jogando a mochila dentro do carro, pronto para voltar à estrada.

– Mude o nome desse carro, não trai boas vibrações.

– Você é do tipo místico? – um sorriso me escapa pelos cantos da boca.

– Olhe, vou dar um conselho...

– É de graça? Porque, como eu disse, estou sem grana. O Baekhyun fez o favor de me ferrar.

Namjoon tira os óculos do rosto, guardando-o no bolso frontal do uniforme. Aproxima-se com a cabeça baixa e ergue as sobrancelhas na minha direção. Seus olhos escuros me atravessam, e sinto que lá vem uma lição de moral daquelas.

– O que é seu está guardado e virá no tempo certo, independentemente da velocidade com que você corra. A ansiedade é uma distração inútil, digo isso com propriedade. Desacelere. Acredite em um poder superior, não estamos sozinhos, alguém olha por nós.

– Isso é papo de espírita. Ou crente. Ah, você é evangélico, Namjoon? – quando quero me defender, faço isso. Tiro sarro, na maior cara dura.

– Gostei de conhecer você. – ele apenas sorri, exibindo suas covinhas. – Deixe o que passou para trás, encare sua chegada em Seonggi como um recomeço, uma nova chance. Será legal, você vai ver.

– Valeu mesmo, Namjoon. E desculpe as piadinhas. – sinto-me mal de repente.

– E, menino Tae – ele balança indicador na altura do meu nariz – , se eu parar você novamente por excesso de velocidade, apreendo a carteira e o tal Lúcifer, compreendido? Já passei um rádio para todos os postos policiais até Seonggi e eles ficarão de olho em você.

– Beleza, Nam. – estendo a mão. – Foi legal conhecer você; pensei que todos os policiais fossem malas sem alças.

Namjoon dá uma gargalhada e retribui o cumprimento.

– Até mais, menino.

De onde ele tirou esse "menino"?

[ breaking of time ]

De volta à estrada.

Mantenho Lúcifer sob rédea curta, não permitindo que o velocímetro ultrapasse os cento e dez. Não é nada fácil, só pra constar.

Meus olhos se revezam entre a estrada e o retrovisor, mas minha mente viaja a centenas de milhas daqui. Penso nas palavras do policial Namjoon e também do meu melhor amigo, Jimin. É impressionante, mas, sempre que preciso escutar umas verdades, elas surgem dos lugares mais inusitados e de pessoas por vezes inesperadas.

Talvez Namjoon tenha razão quando diz que alguém olha por nós.

Bem, no meu caso esse alguém parece ser cego.

Só mais vinte quilômetros e estarei em casa. Meu estômago se remexe feliz quando penso na comidinha caseira da pousada e nos bolinhos de chuva do café da manhã.

Meus lábios sorriem instintivamente quando imagino os milhões de beijos e abraços que darei nos meus avós. Faz dois anos que não venho a Seonggi; são eles que costumam me visitar.

Meus olhos se umedecem quando penso no meu pai. Faz seis meses que não nos vemos fisicamente, ele tem trabalhado muito, assim como eu. Nossas conversas acontecem nos finais de semana, pelo Skype. Por mais que eu o veja do outro lado do monitor, não é a mesma coisa. Preciso de contato físico. Aliás, estou precisando mesmo é de um abraço bem apertado, daqueles de estalar todos os ossos. E só meu pai é capaz desse feito.

os capítulos vão ficar grandinhos, ok? n agora, mas juro q vão ficar.

nao furem a quarentena👍

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