"Ele só pensará em mim."
São três da tarde.
Antes de seguir para Seonggi, resolvo fazer um desvio de última hora. Giro o volante e entro na péssima estradinha que me levará até Numggi, um dos meus lugares preferidos do mundo.
O Troller vermelho adere bem ao terreno, ainda assim sou jogado para cima e para baixo no banco conforme desço a estrada esburacada a caminho a praia. Abro a janela e desligo o ar-condicionado. Respiro fundo, e o cheiro de maresia me remete a tempos passados, num saudosismo intermitente.
O peito se enche novamente e fecho os olhos por dois segundos, talvez menos. Sinto-me abraçado pela atmosfera, pela natureza que me rodeia, como é bom estar em casa.
Paro Lúcifer sob as areias da praia. Recosto a cabeça e mordo o lábio para segurar o riso, enquanto rememoro uma das cenas mais hilárias que já protagonizei: meu primeiro beijo.
Foi nessa praia, num luau desses que deveriam constar dos livros de história da cidade. O beijo foi estranho, úmido e engraçado. Eu tinha quartoze anos e o garoto, quinze. Nenhum de nós tinha beijado antes, e é bem provável que, por esse motivo, as coisas não tenham saído como deveriam. Ou talvez a culpa tenha sido minha.
Eu estava tentando dar uma de difícil, mas na verdade louco para beijá-lo. Ele tinha cara de nerd, usava óculos de grau e sua timidez me deixava mais a fim ainda.
Enquanto a galera se matava de dançar na pista improvisada na areia, ele tomou uma das minhas mãos, numa confiança que eu nunca tinha notado antes. Sob a luz do luar e da iluminação bruxuleante dos candelabros, ele me puxou para beira do mar, bem longe dos olhares curiosos.
Confesso que estava tenso. Eu já tinha anos de treinamento básico com o dorso da mão. Mas ele não era a minha mão, afinal tinha lábios e uma língua. Só de pensar nisso, senti um frio congelante na espinha.
Ele era uns dez centímetros mais alto do que eu. Comecei a divagar sobre as possibilidades: ele se abaixaria na minha direção ou eu deveria ficar na ponta dos pés? Não sei por que pensava nisso mas na época me pareceu importante.
Descalço, senti a água morna se aconchegar. Observava um navio lá no horizonte, as cabines ainda acesas. Meus cabelos esvoaçavam com a leve brisa e o cheiro do mar me entorpecia.
Ele tomaria iniciativa ou eu deveria agarra-lo? Remoí aquela dúvida por pouco tempo. Suas mãos rasgaram o ar e tomar meu rosto em chamas. Seu olhar era fixo, tão profundo que não consegui me segurar. Eu desatei a rir desenfreadamente.
Acho que o constrangi, não sei dizer. Ele mordeu o lábio e ficou me encarando, com uma baita interrogação no semblante. Eu juro que tentei, mas a risada nervosa me dominou, sem parar. Se fosse qualquer outro cara, teria virado as costas e se mandado. Bem, ele até fez isso mais tarde, e eu entendo perfeitamente.
Descontrolado, afundei meu rosto em seu peito franzino. Seus dedos se enroscaram em meus cabelos e acho que ele bufou, talvez inconformado com minha atitude. O riso estava frouxo, ainda assim contive o acesso por tempo suficiente para ouvir o que ele disse a seguir:
– Taehyung, você está me zoando? Tirando uma com a minha cara?
– Não! É claro que não. – estava envergonhado demais para mirar seus olhos escuros. – Escute, vamos tentar novamente?
– Acabou o clima, Tae.
– Por favor? – então, fiz uso da minha arma mais poderosa: a sedução.
Na ponta dos pés, comecei a beijar o seu ombro, até chegar ao pescoço. Ele tombou a cabeça de lado e arfou. Seus dedos, que a segundos atrás estavam enroscados em meus cabelos, escorregaram para as minhas costas. Senti seus lábios em minha testa, bochecha e então se colaram em minha boca.
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the perfect man | taekook
FanfictionComo quase todo ser humano beirando os 30 anos, Taehyung é um pouco pirado. Cheio de medos, alguns desejos, um passado que insiste em voltar de vez em quando e um futuro nebuloso. Aos 18 anos, ele deixou o homem perfeito escapar e, quando se arrepen...