doze

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"Me desejarás, depois de tudo, tanto quanto eu já te desejo agora?" – Guida Linhares.


Deus, mande um raio agora, por favor. Se não me matar, morrerei de vergonha de qualquer maneira. Me mate!

Estou com as pálpebras cerradas no nível máximo, mas sinto milhões de olhos sobre mim, queimando-me. A cabeça lateja insistentemente, e eu só penso em sumir daqui, evaporar.

Porra, caralho, inferno!

Ouço a comoção, cadeiras sendo arrastadas, meu pai tocando meu braço, verificando minha cabeça. Eu quero saltar no tempo, por favor. Talvez ele não tenha visto, é provável que Jungkook nem esteja mais no restaurante. A quem estou querendo enganar?

Arrisco e abro os olhos, vagarosamente.

Puta merda!

Jungkook está aqui, ao meu lado. Quando finalmente consego abrir os olhos, ele pergunta se estou bem. Não respondo; a voz simplesmente não sai. Ele não questiona. Puxa algo do bolso do jaleco branco e leva luz para dentro dos meus olhos envergonhados. Checa as pupilas e eu prendo a respiração.

– Pensei que a era de desastres houvesse terminado. Mas você continua sendo um cabeça-dura. – meu pai me auxilia e eu ergo tronco. – Veja pelo lado positivo: Só ganhou um galo gigantesco.

– Tô enjoado. – é a única coisa que sai da minha boca.

– Vamos fazer um raio-X, por garantia. – a voz de Jungkook me atira de volta ao passado. – Eu sabia que nosso encontro seria explosivo, mas nunca pensei em algo desse tipo, Taehyung. – ele está rindo e eu continuo querendo morrer.

– Olá para você também, Jungkook. – rosno e com ajuda do meu velho, estou de pé. Cambaleio e adivinhe só onde vou parar. Com a cara enfiada naquele peito malhado e cheiroso! Caralho, Deus, socorro.

– Calma aí. – Jungkook me ampara e por alguns segundos nossos olhares se cruzam. Porra, quando Jin disse que ele havia mudado muito, não esperava por isso.

Absolutamente ultrajante.

Como um cara franzino e quatro-olhos pode ter se transformado nessa bomba de formas e músculos bem torneados? Não é possível, tenho vontade de esfregar os olhos, como se assim pudesse enxergar outra realidade.

Um tanto ressentido – o porquê disso eu ainda não sei –, tenho que encarar os fatos, por mais absurdos que se apresentam.

Forte, alto, largo, cheiroso, rosto angelical, lábios que seduzem como milk-shake no deserto, olhos grandes, escuros, vibrantes, sem os tais óculos... ele está gostoso ao extremo!

Não, mil vezes não!

Aquelas mãos enormes tocam os meus braços e eu quero correr, mas meus pés estão grudados no chão. Minha voz sai trêmula quando eu o afasto, dizendo:

– Eu estou bem. Não foi nada.

– Acho que deve dar uma olhada nisso. – meu pai aponta para minha cabeça latejante. – Jungkook, poderia acompanhá-lo? Eu tenho uma reunião importante com pessoal do convênio, preciso estar no centro em quinze minutos.

Não me deixe sozinho com ele! Deus, por favor, mande o raio.

– Já disse que estou bem – bufo, esxasperado.

– Não me contrarie, Taehyung. O médico aqui sou eu – papai decreta e não estou a fim de um confronto desnecessário.

– Que saco! – reviro os olhos e entrego os pontos.

the perfect man | taekook Onde histórias criam vida. Descubra agora