seis

67 12 50
                                    

"Ser bem sucedido."

Eu só queria um homem para chamar de meu, alguém que não me traísse e fosse um companheiro para todo sempre.

É pedir demais?

Após me regalar com um risoto de açafrão do além – do Jin, para ser mais exato –, atiro-me na cama e abro a caixa de fotografias. Amo máquinas fotográficas digitais, mas odeio guardar as lembranças em pen drives ou arquivos no computador. Gosto de imprimi-las para apreciar sempre que tiver vontade.

Já passa das nove da noite, sem sinal do meu pai. Ele é o diretor do único hospital particular de Seonggi e trabalhou por anos no setor público, como cardiologista. Ainda atende alguns pacientes, mas só em casos de urgência.

Ligo o computador e o Skype. Jimin atende com a cara amassada, e veios grossos da almofada da sala que se desenham em sua pele branca. Seu olhar sonolento se fixa no meu e ele boceja alto.

– Dormindo uma hora dessas? Não tem nenhuma balada boa nessa cidade hoje? – incito.

– Que nada. É ressaca mesmo. O Jackson e os caras vieram para cá e tomamos todo o estoque de vinho que você deixou. Em sua homenagem, obviamente. – Jimin rebate, num tom molenga. – Eu não estava a fim de sair, sem você não tem a menor graça.

– Depois eu é que sou o rei do melodrama – reviro os olhos.

– Já se instalou? Como estão seus avós? E seu pai?

– Meu quarto está uma zona, não arrumei nada ainda. Estava revendo umas fotos antigas, da época da faculdade. Bons tempos aqueles – digo, num tom saudosista.

– Algo que vale a pena me mostrar? – ele dá outro bocejo longo. – Porque, sério, eu estou vendo dois de você nesse momento. Preciso de um banho frio e cama.

– Lembra de quando fizemos uma lista do homem perfeito? – seguro uma folha dobrada entre os dedos. – E então colocamos debaixo do colchão por um ano?

– Não vá me dizer que guardou?! – ele tem um sobressalto.

– Tanto guardei como encontrei dentro da caixa de fotografias. É hilário, eu preciso ler para você.

– Pode ser amanhã, Tae? Estou sem a menor condição. Sabe aquelas velhas surdas que entendem tudo errado? Pois é, sou eu neste exato segundo.

O barulho da porta da frente atrai minha atenção.

– Acho que meu pai chegou. Amanhã eu te ligo, tá bom?

– Mande um beijo para o seu velho e gostoso pai. Câmbio final.

[ breaking of time ]

Meu pai é daqueles coroas atraentes, com os cabelos levemente grisalhos, barba por fazer e um corpo atlético que arranca suspiros das damas mais comportadas da sociedade.

É em seu peito bem trabalhado na musculação que enfioo a minha cara depois de despejar toda a tralha que estava engasgada na garganta. Se não chorei no colo do meu avô, estou fazendo o dobro disso agarrado no meu velho.

Suas mãos alisam meus cabelos bagunçados, e ouço a respiração cadenciada que movimenta o seu tórax para cima e para baixo. Depois de um longo tempo, ele resolve perguntar:

– Está apaixonado?

– Eu não sei, acho que sim, e tenho vontade de me suicidar por isso – retruco.

– Você sempre teve o dedo podre para escolher namorado. Com exceção do Jungkook, claro.

– Pai! – dou um salto do sofá, indignado.

the perfect man | taekook Onde histórias criam vida. Descubra agora