Capítulo 3

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Mãe Lindalva, como de praxe, ligou seu rádio velho logo cedo da manhã para ouvir as notícias da sua região

"Não saiam de casa, e se preciso sair for, se protegam! O vírus é letal e até agora os cientistas não sabem como detê-lo"

- Ô meu Deus, o que será de nós? Perdão pelo tanto que teus filhos destruíram a nossa morada... Nos perdoa, Jesus...

Jefersson, neto da Mãe Lindalva, brincava de desenhar na terra da entrada do casebre, sem muita animação pois sua rua estava vazia e ainda mais sem vida.

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Antônio não conseguira dormir bem fazia dias. Dormir em um lugar novo era péssimo, e alguns sem teto faziam grandes algazarras como se nada estivisse acontecendo no mundo.

- Chega. Não aguento mais... Preciso arranjar um abrigo e me proteger melhor.

E assim saiu em sem rumo, com alguma trouxa de roupas e seu caderno  que só tinha uma anotação até agora: "Dia 1 - ruas vazias, sem vida, sem alegria"

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- Olá! - gritou Antônio para uma criança que brincava no quintal da frente, em uma casa bem velha da periferia.

Jefersson levantou a cabeça mas não se mexeu. Ficou quieto.

- Menino, menino... O que faz assim sem rumo, perdido em meio ao silêncio das ruas? - Mãe Lindalva apareceu na janela, e ela não se referiu ao seu neto. Era cega mas causava a estranha sensação de olhar diretamente para onde queria.

- Oi, desculpe. Me chamo - E foi cortado por Mãe Lindalva que deu-lhe um susto.

- Antônio - disse ela neutra. Venha, meu filho. Entre, entre. A casa é simples mas está limpa e tem onde você dormir.

Depois de uma conversa longa e depois de desistir te ter sua resposta de "como sabia meu nome?", já estava anoitecendo

Mãe Lindalva foi fazer suas preces em seus aposentos. Jefersson estava desenhando numa folha de papel um ser humanóide de olhos bem grandes, boca pequena e um corpo que parecia mais energia do que um corpo concreto em si.

- Que desenho bacana! - falou Antônio querendo se aproximar do garoto sem dar importância ao desenho.

- Obrigado - disse ele concentrado.

Antônio sorriu e foi deitar-se, assim falou para o garoto: Que Deus nos proteja!

- Será? - disse Jefersson repentinamente fitando Antônio profundamente com seus olhinhos negros.

Antônio ficou perplexo, mas afinal era apenas uma criança imatura, disse pra si mesmo.

- Claro, menino. Claro... Tudo vai ficar bem! - falou tentanto convencer a criança que agora voltara para seu desenho.

- Não sei... - Disse Jefersson. Parece que ele se cansou de tanta porcaria.

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