Capítulo 8

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"Lindalva estava sentada na escada de madeira velha da porta de entrada. Ela adorava olhar o céu e tudo aquilo lhe fascinava. Ela queria ser astronauta.

- Venha jantar, Lindalva - disse Gertrudes, mãe da garotinha.

- Estou indo, mãe"

Fazia muito tempo que mãe Lindalva não sonhava com a mãe. Foi até uma surpresa, mas a fez muito bem.

"Estou indo, mamãe" ainda ecoava por seus pensamentos...

Ah, que vida dura tivera antes e tem agora. Sem acesso a escola, sem dinheiro e trabalhando de babá até onde dera.

Quando completou 19 anos, teve sua primeira filha. Sônia era o nome dela, mas falecera no parto de seu filho, Jefersson. O pai do garoto até hoje não se sabe quem é... Sônia nunca mencionara o nome dele, e disse que iria criá-lo sozinha. Jefersson nunca conhecera a mãe, mas tinha a avó guerreira como tal.

- Cof, cof - tossia ela piorando cada dia que se passava. Os dias estavam tão frios que seus cobertores velhos não a esquentavam tão bem assim. Antônio já havia ido em busca de alguns para ajudar a idosa com o tamanho frio que fazia ali.

- Vovó? - falou Jefersson entrando todo agasalhado no quarto da idosa, que sorriu ao ver o netinho.

- Fique aí, meu bem. Não quero que você fique doente também - uma lágrima morna escorria dentre suas marcas da face que a vida lhe dera.

- Não, vó. Eu quero te abraçar - disse ele correndo e dando um forte abraço nela.

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1 mês depois

Jefersson não esboçava reação alguma. Antônio não sabia o que falar pra ele, pois nem ele sabia o que pensar. O casebre estava cheio de moradores e um silêncio ensurdecedor.

Ah, mãe Lindalva... Mulher negra, firme, honesta, batalhadora e muito caridosa... Ajudava a todos ali da comunidade. Seu nome verdadeiro? Maria das Dores Lindalva da Silva... Mas era tão querida por todos, que assim a apelidaram.

Destemida, misteriosa, ah mãe Lindalva... A verdadeira face da mulher guerreira, de fibra. Por que uma vida terrena tão carrasca destes a essa mulher, criador de tudo?

- Até mais ver em outra vida, mãe Lindalva... Com certeza sua dura missão aqui nesse mundo você cumpriu. Descansa, querida... Descansa... - falou em prantos Dona Marieta, uma das moradoras da comunidade vendo o corpo da mulher que ali estava, mas seu espírito belo já estava em um plano melhor agora.

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