Tempo Limite

Capítulo 4

Antônio andava descalço na areia molhada de uma praia. A água salgada estava vermelha suja de sangue. Todos os peixes estavam mortos e podres.

- Meu Deus... O que está acontecendo aqui?

Ele olhava boquiaberto para centenas de corpos esqueléticos de fome na orla.

- Me dê um pedaço de comida, moço... - Disse uma senhora sentada no chão que estendia uma mão enquanto agarrou fortemente o pulso dele com a outra.

- Desculpe, senhora - disse ele passando as mãos pelo corpo e olhando seus bolsos. Eu não tenho nada aqui. Que lugar é esse?

A senhora tinha sumido. Agora tinha três seres a sua frente ao longe. Eram bem mais altos que qualquer humano que ele já vira. Estavam parados e olhando pra ele. Sua visão estava meio ruim, só conseguira ver que eram altos demais.

- Quem... Quem são vocês?

Os seres conversaram entre si em uma língua estranha. Eles não pareciam hostis, na
verdade transpassavam uma energia de paz e tranquilidade. Antônio ficou sonolento e caiu na areia. Não viu mais nada.

- Bom dia, menino - disse Mãe Lindalva passando por onde Antônio dormia. Está respirando forte, teve pesadelos?

Antônio estava tonto, e estranhamente muito cansado. - Bom dia, Mãe Lindalva...

Mãe Lindalva não era tola. Mesmo que não enxergasse ela sentia tudo mais fácil que os outros.

- Que sonho foi esse que te deixou assim, Antônio? - disse séria.

Antônio contou todo o seu sonho para a senhora enquanto tomavam aquele café preto. Mãe Lindalva não pareceu surpresa, e assim que Antônio acabou, ela se levantou lentamente e foi pra janela. E disse:

- Antônio, Antônio. Eu sabia que você era diferente... Logo quando você chegou aqui, eu percebi.

Antônio não entendeu nada. Parecia mais perdido depois que ela falava.

- Antônio, você foi contatado. A praia é em uma dimensão futura 6 anos daqui. Os seres extraterrenos sabem que podem contatar você, e farão disso um meio de comunicação. Mas não tenha medo, eu já passei por isso.

- O que??? - disse ele levantando-se supreso. A senhora tem certeza que...

- Eu não nasci cega, meu jovem. Eu fui contatada para a dimensão da praia uma vez, e de dentro da água saiu um objeto voador tão enorme e luminoso, que meus olhos queimaram na hora. Eu fiquei tão assustada que pedi para voltar na hora com muita força, e assim acordei. Depois disso, minha avó, fechou meu corpo para nunca mais eu ter contato...

Antônio parecia que ia vomitar. Tinha náuseas muito fortes.

Mãe Lindalva pegou na mão dele para acalma-lo - Ai! - gritou ele.

Seu pulso estava com hematoma, e na mesma hora ele lembrou da senhora que o agarrou na praia.

- Ora, vejamos bem... Parece que você, assim como eu, consegue ter contatos muito fortes. Precisa ter cuidado lá. É o futuro em 6 anos, mas não necessariamente será o que você viu. É fluido e segue de acordo com o que fazemos no agora... Foi um futuro meio ruim, né? - falou Mãe Lindalva seca.

Antônio engoliu em seco. - Acho que teremos tempos ruins vindo por aí.

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