Sonho

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"Nos dias passados, sem pensar nos vindouros, sem os medir ou prenunciá-los, uma bela e jovem mulher, sofria a partida de seu amor, com um fruto de esperança consigo, plantado pelos dois e cultivado nela.

Ele andava por mares distantes, por luas que vinham e iam... Os horizontes içavam suas bandeiras, mas nem uma lhe chamava para o lar.

Era o que ela sabia.

Era o que sentia.

Era o que tinha.

Nos meses desse aguardo, a sorte brilhou.

Mas nem toda sorte é boa para ambos os lados.

Uma missiva trazia notícias.

Jamais o veria novamente, jamais o teria outra vez. Essa fora a informação que viajara até ela, sem trazê-lo consigo. Levava apenas os sussurros de perdão, por ter caído em enfermidade e não aguentar por chegar até sua casa. Um adeus escrito à mão, com letras errantes, em par com seus destinos.

Naquela noite, sob o soluço do vento e o choro do mar, com as condições em que estava, se negando a aceitar o luto preludial, a jovem e bela mulher rogou, não ao vento, nem ao oceano, a lua de prata apenas a via e as estrelas ouviam-na rogar...

Rogar à morte.

Não para que viesse levá-la, mas para que devolvesse o que pretendia lhe tomar.

E de longe era vista, notada além da praia e da noite. Observada, com ânsia, com paciência, até que por fim, a Morte cansou e se aproximou.

Os negócios com o fim, são difíceis de se ver. Acabam sem retorno, não há choro que os traga. Final e finito, não tem volta o que se foi.

Mas para aquele caso, que ainda não tinha ido, surtiu resolução.

Com a disposição completa, partindo da humana, a Senhora das Sombras, concedeu ouvir e atender tal desejo.

Um sabor doce e feliz, dado por quem só deixava desgraça.

Em silêncio se foi, prometendo voltar, quando houvesse luz entre eles.

Não para apagá-la, mas para fazê-la brilhar com outras cores.

Dias bons vieram, dias de harmonia entre o unido casal, que desfrutava a alegria de estarem juntos, depois de tudo o que passaram. Aquele fruto se desenvolveu em um belo bebê, lindo como uma tarde fresca de outono, maravilhoso como o pôr do sol e suave como a canção da natureza.

E, debaixo deste prisma, novas colorações ganharam vida, nesta família, como a Morte, de fato, anunciara.

Foi dessa forma que ela voltou...

Descobriram juntos, que aquela criança, aquela bela menina, trazia consigo o legado e a marca da Morte.

Ela, a portadora dos espíritos, não estava mais sozinha. Havia feito para si uma ponte, que a ajudava a transportar as almas.

Entre a vida e o perecer.

Transformara aquela menina em sua embaixatriz.

A Emissária da Morte."

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⏰ Última atualização: Mar 11, 2022 ⏰

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