Capítulo VIII

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- Boas noites, Dara! - O rapaz sorriu, cumprimentando-a.

- E Marina, minha bela irmã. - Completou a própria moça, dando ênfase na última palavra, vendo que fora ignorada. - Francamente, eu estou aqui também, sabia?!

- Ah... Olá, Marina! - Sorriu-lhe similarmente. - Não lhe encontrarei mais tarde em casa?

- Isso lhe impede de me dirigir a palavra em público? - E iam os dois, iniciarem mais uma discussão, que divertia em muito a Dara.

Os dois se pareciam fisicamente, entretanto, suas personalidades não poderiam ser mais distintas. Apenas nesses momentos de interação, podia-se ver o paradoxo entre suas diferenças e semelhanças.

- É que não te vi. É tão pequena, que preciso me esforçar para enxergar. - Ele estreitou os olhos, como se quisesse ver algo minúsculo. Marina não retrucou em palavras, apenas olhou para os lados e lhe deu um tapa no braço, que o fez rir.

- Está sozinho? - Quis saber, ainda se certificando de que ninguém vira sua agressividade.

- Não. Um amigo me acompanha, mas o perdi de vista. Estava aqui e um minuto depois, bem...

- Aposto que se cansou da sua presença.

- Talvez tenha te visto chegar e fugiu. - Ele piscou brincalhão, rindo junto a Dara, quando a irmã cruzou os braços, contrariada.

- Não tem o menor motivo para rirem!

- Olhe-se! Está parecendo uma raposa-do-campo, Marina. Feroz como uma, do tamanho exato de uma... Me olhando com fúria, como uma faria. - Rindo, Ulisses fingiu medo, se afastando delas devagar. - Por favor, não me devore, sim?

- Leve as coisas mais a sério. - A jovem mal continha o próprio divertimento.

- Assim é mais engraçado. - Disse a outra moça.

- Ao menos uma de nós, gosta.

- Quando o alvo não sou eu, sim. - Dara rebateu, segurando outra risadinha.

- Marina que é muito disparada. - Ulisses cochichou. - Nada lhe agrada e com tudo se enfada.

- Somente quando o assunto são as suas brincadeiras bobas. - Tentou desfazer a expressão de divertimento, até lembrar de algo. - Ah! Dara, como está o Seu Ramiro?

- Sim, como ele tem passado?

- Não sei bem se tem comido direito, mas me parece melhor. O ouvi assobiando, esta manhã. - Respondeu, pensativa.

- Me alegro. Ele parecía tão mal. - A amiga tocou-a no ombro. - Há algo errado?

- Não. É que acabo de me lembrar de algo estranho, que papai contou, ontem à noite. - Continuou refletindo por uns segundos mais, até sentir o olhar dos irmãos sobre si. - Qual o problema?

- Não vai nos contar o que era? - Perguntaram em uníssono.

Aquela era uma das ocasiões exatas, em que os dois se pareciam bastante, com os olhos curiosos, esperando uma resposta.

Se agradou com sua constatação, mas logo ficou séria novamente e quando falou, foi em tom baixo:

- Me disse que os escravos estão caindo doentes. Ficando fracos e sem forças para sequer levantar. Ele não sabe o que os está deixando assim.

- Adoeceram? - Marina os olhou com espanto. - Seria grave? E se for contagioso?

- Deve ser apenas fadiga. - Ulisses interveio. Depois continuou em voz comedida: - São escravos, levam uma vida dura e difícil, com pouco descanso. De qualquer forma, logo saberemos sobre isso-...

A Emissária da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora