11-Saudade

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- Como eu posso não pensar em nada?- perguntei confuso- Sina...

- Não Noah, isso não- ela olhou para mim com os olhos lacrimejando- não podia...

- Desculpa. Eu pensei que você também... foi tão ruim assim?- ela bateu na própria perna- Sina?

Então Sina me puxou para um abraço, quase pulando no meu colo. A abracei de volta, me perguntando o porquê dela estar chorando.

- Eu não queria te fazer mal- falei e ela me soltou- desculpa.

- O que vamos fazer agora?

- Podemos esquecer ok? Vamos fazer o melhor para você- tirei alguns fios de cabelo do seu rosto- vamos embora.

Ela sorriu fraco e nós saímos dali. No caminho, eu tive que puxar assunto, porquê Sina não fez. Ela respondia, mas não com a mesma animação de sempre. Toda vez que minha mão ficava livre, ela segurava, e era muito ruim quando eu tinha que soltar.

- Entregue Deinert- suspirei desligando o carro.

Sina pegou minha mão de novo, sem olhar para mim. Ela respirou fundo duas vezes, o que levou vinte e três segundos.

- Fala alguma coisa Sina- pedi virando a cabeça para olhá-la.

- Alguma coisa- ela disse e olhou para mim, sorrimos- tenho que ir.

- Sei disso- soltei a mão dela.

- Boa noite Urrea- ela segurou meu rosto e me beijou de novo.

Foi um selinho longo, e foi ótimo. Ela nos separou e sorriu, desceu do carro e bateu a porta.

- Boa noite Sina- respondi e esperei ela passar pela porta.

Fui para casa me preparando para passar a noite lembrando do beijo que fez a Sina chorar.

[...]

Acordei onze horas, já que tinha passado metade da noite sem dormir. Olhei meu celular e tinha várias mensagens do Josh.

"Tá em casa?"

"Acorda cacete!"

"NOAAAAAAAH!!!"

"Quando acordar me avisa, seu bundão."

Sorri com a delicadeza, eu também tinha me aproximado mais de Josh, pegando intimidade suficiente para ofender um ao outro.

- Acordou a princesinha!- ele brincou quando eu atendi.

- Tá morrendo? Se não estiver é melhor...

- Tenho um presente pra você, está em casa?

- Presente?- ele afirmou- tô em casa, pode vir.

- Tô chegando- Josh disse e desligou.

Enquanto eu comia meu cereal, a campainha tocou. Abri a porta, dando de cara com Josh e Sina, fechei a porta de novo.

- Tá doido?!?- meu amigo bateu na porta.

- Tô sem blusa!- respondi e corri até meu quarto, vesti uma blusa e desci de novo- oi- abri a porta.

- Bom dia!- Sina falou sorrindo- compramos para você- ela me entregou um copo do café que eu sempre pedia quando saíamos juntos.

- Muito obrigada- sorri.

- Vim deixar ela, você pode a deixar em casa?- Josh perguntou.

- Não quer ficar?

- Não, ele não quer- Sina respondeu por ele, que confirmou- obrigada Joshy!

- De nada, juízo crianças- ele piscou para mim e eu fechei a porta.

Sina ficou me olhando sorridente, eu só conseguia olhar para sua boca, o gosto do seu beijo voltou na minha memória.

- Você parece ter sete anos de idade- ela riu e eu franzi a testa- sua blusa está ao contrário, e você está comendo cereal.

- Ei! Cereal é o melhor alimento já inventado!

Ela sentou no balcão enquanto eu virava a caixa de cereal na minha boca, ela só me olhava com um sorriso no rosto. Sina usava uma camiseta amarela e um short, estava calçando as sandálias que eu havia lhe dado.

- Cadê sua família?- ela perguntou passando a mão na minha blusa, tirando alguns pedacinhos de cereal dali.

- Nem sei- lavei as mãos- então, doce Deinert, o que te trouxe aqui?

- O carro do Josh- fechei a cara e ela riu- queria conhecer o quarto do Nico.

- Por que?- cruzei os braços.

- Não sei, fiquei curiosa.

- Tudo bem, vamos- estendi a mão e a ajudei a descer do balcão.

- Noah Urrea!- minha irmã gritou descendo as escadas correndo- ah!

- Então é assim que pronuncia seu sobrenome!- Sina me deu um tapinha no peito- todo mundo na escola fala errado- ela riu.

- Oi, sou Linsey- Sina apertou a mão dela.

- Sina- a loira sorriu.

- Vem, licença Lin- segurei o braço de Sina.

- Prazer em te conhecer!- ela gritou e minha irmã gritou o mesmo.

Abri a porta do quarto do meu irmão e Sina admirava todos os cantos. Ela olhou para a bancada que nós arrumamos juntos pelo celular, pegou alguns brinquedos e depois sentou na cama. Sentei ao lado dela.

- Ainda dói?- ela olhou para mim- a lembrança, ainda machuca?

- Lembranças não machucam, o que destrói é a saudade.

Ela segurou minha mão e se jogou para trás, me puxou de leve e deitei ao lado dela.

- Sabe o que mais dói? O jeito como as pessoas vão embora- ela engoliu seco- dependendo de como é, a dor pode ser muito forte, ou não.

- Como o seu irmão foi embora?

Eu com certeza não queria falar aquilo para ela, e eu não iria. Mas não gostava de deixar ela sem respostas, então respondi do jeito mais idiota possível.

- Trinta segundos de silêncio- ela levantou as sobrancelhas.

Olhei para o teto, e Sina fez o mesmo.

- Eu não esperava perder ele, não mesmo. Acho que foi isso que doeu, meus pais mentiram para mim. Eles disseram que Nico estava bem, estava melhorando- sentei na cama, apoiando os braços nos joelhos- meu irmão voltou pra casa em um dia, e no outro morreu.

Sina sentou ao meu lado e deitou a cabeça no meu ombro, alisando minhas costas.

- Quanto tempo você acha que a saudade dura?

- Quanto tempo você quiser. Saudade é sentir falta da presença, quando você sente saudade de alguém, você sente aquela pessoa com você. E isso é bom se houver amor de verdade, sabe porquê?- limpei meus olhos e olhei para Sina.

- Não- ela disse baixinho.

- Porque a saudade não vai ser uma coisa ruim, vai ser sempre como se a pessoa estivesse com você- ela sorriu- Você só esquece o que se permite esquecer, e se você esqueceu, é porquê não havia amor de verdade.

- Você não quer esquecer seu irmão né?

- Não, nem vou- segurei as mãos dela- promete uma coisa?

- Depende.

- Não minta pra mim- abaixei a cabeça, pois senti vontade de chorar de novo- por favor Deinert, nunca minta para mim.

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Uma explicação bem por cima sobre o Noah contar os segundos...
O que acharam?
Amo vcs!
Bjos, Mary🖤🌻

Happier🌻NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora