37-Estrelas

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Meu dia na escola passou rápido, até consegui ir na onda do pessoal e jogamos um pouco de futebol no intervalo. Um pedaço de mim comigo, outro em casa com a Sina. Como meus amigos tinham aula, me despedi deles e saí da escola sozinha.

- Sina?- joguei minha mochila no chão da entrada.

- Aqui!- ela gritou do quarto.

Sorri e corri até lá. Ela estava em pé na frente do espelho, a abracei por trás e ela riu.

- Também senti sua falta- ela disse sorrindo.

Ri fraco e beijei seu pescoço várias vezes, fazendo ela se encolher nos meus braços, sorri e modisquei sua bochecha.

Eu gostava de ter ela nos meus braços, como quando eu descobri que ela estava doente e a carreguei no colo. Eu me sentia vivo, como se a minha existência não fosse uma coisa em vão ou algo que só servia para estressar o meu pai.

Ela terminou de dar um laço na blusa amarela que usava (a minha, por sinal) e deu uma vontinha, parou de frente para mim e colocou as mãos no meu peito.

- Linda- sussurrei e deixei um beijo rápido em seus lábios.

Sina segurou meu rosto e me beijou de novo, dessa vez mais profundo. Nossa troca era muito boa, amávamos na mesma intensidade, ninguém sobrava ou ultrapassava os limites do outro. Os beijos dela, por mais delicados que fossem, me faziam perder o controle. Sina era estonteantemente doce, sem ser boba nem ingênua. Ela era apenas ela mesma, e isso era sua melhor qualidade.

Quando paramos o beijo, flexionei um pouco os joelhos e abracei a cintura dela, deitando minha cabeça em seu ombro. Sina abraçou meu pescoço e beijou minha bochecha várias vezes.

- Vamos?- perguntei com a voz abafada por estar muito perto do corpo de Sina.

- Vamos!- ela disse animada.

[...]

Sina tinha uma carteirinha que a permitia pegar os livros da biblioteca, o que nem foi tão útil assim, já que ela leu pequenos sonetos em poucos minutos.

- O que está lendo?- segurei sua cintura por trás, enquanto ela lia concentrada seu livro.

"Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude."

Sina declamou, e senti vontade de aplaudir quando terminou de ler. Era virou a cabeça devagar para olhar para mim, seu sorriso me contagiou e eu ri.

- Um.

- Bonito- falei.

- O que você tem aí?- ela virou um pouco o pescoço para ver o que eu tinha nas mãos- eu adoro esse! Já li várias vezes.

- Nunca me interessei pelo Pequeno Príncipe- fiz pouco caso.

- Vamos ler agora.

Sina sentou no chão e puxou meu braço para que eu fizesse o mesmo, estiquei meu braço para frente e fiz um bico, abrindo o livro e colocando um pouco longe do meu rosto. Minha namorada riu.

Happier🌻NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora