- Eu não vou mentir pra você- Sina sorriu e tirou algumas lágrimas do meu rosto- eu prometo.Segurei sua cintura e a abracei, deitando minha cabeça em seu peito. Eu chorei naquele abraço, chorei muito. Chorei tudo que estava guardado há um ano. Sina não disse nada, apenas acariciou meu cabelo.
- Quer me contar?- ela perguntou no meu ouvido.
Eu queria, mas aquilo doía muito. O ódio, a culpa, a tristeza, a saudade. Minhas emoções sairiam em forma de grito, e eu não queria gritar com a Sina.
- Desculpa- me afastei dela limpando meus olhos- não quero te fazer passar por isso.
Ela sorriu fechado passando a mão no meu cabelo, sorri também.
- Obrigado.
- Pelo que?- ela riu fraco.
- Por se importar.
Sina colocou a mão no meu rosto, tampando meus olhos. Nós rimos e eu mordi de leve a sua mão, ela empurrou meu rosto para trás.
- Preciso ir, você pode me deixar em casa?
- Claro que posso!- nós levantamos.
Como eu era mais alto, passei meus braços pelo pescoço dela, a abraçando por trás.
- Você vai com a blusa ao contrário?- ela perguntou rindo.
- Eu vou, não vou descer do carro.
- Seu carro é aberto, você não vai me levar em casa assim!- ela parou na minha frente- você é bonitinho, mas parece um bebê com essa blusa ao avesso- ri, e ainda rindo entrei no meu quarto.
Sina ficou parada na porta, fiquei de costas para ela e coloquei uma blusa preta, dessa vez vestindo do jeito certo. Olhei para Sina e ela estava sorrindo, encostada na porta com os olhos fechados.
- Tá fazendo o que?- perguntei e ela se assustou.
- Guardando seu cheiro- nós saímos do quarto.
- Vai sair filho? Vem almoçar- depois de falar, minha mãe olhou para mim- oi!
- Olá!- Sina sorriu.
- Vamos Si- coloquei a mão nas costas de Sina.
- Ei! Espera!- minha irmã me fez ficar parado- não quer almoçar com a gente Sina?
- Gosta de lasanha?- minha mãe perguntou sorrindente.
Sina olhou para mim, balançei a cabeça afirmando que não seria uma má ideia. Ela olhou de novo para a mesa e sorriu.
- Eu queria, mas preciso ir para a casa.
- Oh, pode vir outro dia então?- minha mãe insistiu e Sina riu fraco.
- Vou tentar, mas muito obrigada!
- Sina, certo?- meu pai perguntou, eu precisava sair dali.
- Certo- Deinert respondeu.
- Você não é daqui, é alemã?- ele olhou Sina de cima a baixo, soltando uma risadinha idiota.
- Não. Ouse- apontei o dedo para o meu pai- já deu, vamos embora.
- Mas eu não disse nada!- meu pai riu- se a carapuça serviu...
Puxei Sina dali o mais rápido que eu pude, ela só acompanhou meus passos até o carro.
- Desculpa, desculpa, desculpa- tampei meu rosto com as mãos- ele é um idiota.
- Adorei sua mãe, e a sua irmã- ela falou sorrindo, a encarei- não me importo com o que seu pai disse, eu sei que você não pensa o mesmo, e é só isso que realmente importa.
- Ah Sina- ri fraco- você é demais.
- Eu sei. E agora eu sei que você não parece com a sua mãe como eu pensava.
- Não?
- Ela é bonita Noah, sua irmã sim parece com ela- a olhei incrédulo e nós rimos- um.
- Então vai lá, puxa a minha irmã para esse seu plano louco!
- Eu tô bem com você- ela parou de rir aos poucos e começou a alisar o meu cabelo, enrolando alguns fios no seu dedo- tô bem...
[...]
Nunca tive sabedoria suficiente para decifrar o tédio, mas acho que tem alguma coisa haver com o domingo. Preferi ficar no meu quarto até depois do almoço, desci para comer só quando minha barriga roncava.
- Oi- Linsey sorriu para mim.
Ela estava sozinha na mesa, seu celular na sua frente. Coloquei um pouco de comida em um prato e sentei na frente dela.
- Sem Sina hoje?
- Por enquanto sim.
- Quando terminar de comer pode ir ao telhado?- ela se levantou.
- Sim- sorri fechado e ela saiu.
Terminei de almoçar e fui encontrar Linsey no telhado da casa. Fazíamos isso em Orange, e pelo visto não ia mudar.
- Tenho que te contar uma coisa- ela disse olhando para mim- eu... casei com o Spencer.
Arregalei os olhos e abri a boca, deu tela azul de novo. O QUE??
- Porra- sussurrei- tá doida??
- Eu amo ele, e você sabe melhor que ninguém. Nós moramos juntos, nos amamos, nos respeitamos, casamos!- ela riu- muita loucura?
SIM!
- Não- sorri.
Linsey tinha vinte e quatro anos, estudava, fazia estágio, morava fora em uma casa que ela providenciou com o namorado. Ela era a pessoa mais independente que eu conhecia, minha inspiração de vida.
- Não?
- Não. Você pode fazer o que quiser da vida, e casar sem contar para ninguém é um privilégio da independência que você conquistou.
Ela me puxou para um abraço e riu fraco, me apertando mais forte.
- Saber que você... apoia, concorda, me deixa muito feliz- ela segurou minhas mãos- obrigada.
- Eu tô fazendo minha parte Lin, vou ficar do seu lado sempre- beijei a testa dela.
Ficamos abraçados de lado por um tempo até Linsey precisar descer para trabalhar. Sozinho, olhando para o céu meio dublado daquele dia, só uma pessoa vinha na minha cabeça.
Quando fechei os olhos, vi o sorriso dela, vi seus olhos claros e brilhantes, lembrei de todas as roupas amarelas que eu já tinha visto ela usar. Senti seu cheiro. Acho que é o auge da loucura, e isso me assustou.
Lembrei de uma vez que saímos juntos, fomos tomar um café na cafeteria da primeira vez. Quando passamos pela porta para sair, Sina tropeçou e seu copo caiu no chão. Ela me olhou indignada, como se eu tivesse culpa. Corri para o meu carro fingindo que não conhecia ela, que fez questão de gritar bem alto o meu nome.
Ri com a lembrança, peguei meu celular e entrei no contato de Sina.
"Um."
Guardei o celular, e alguns minutos ele tocou.
- Oi.
- Só eu posso contar!
- Mas você me fez rir, devia valer- sorri.
- Como eu te fiz rir?
- Lembranças, colecionamos muitas em uma duas semanas.
- Verdade- a voz dela estava baixa, e ela não estava sorrindo- um.
Ficamos em silêncio, sentindo o peso das palavras que deviam ser ditas, mas não foram.
- Tô no telhado- falei e Sina riu.
- Por que?
- Se você já tivesse ido ao telhado da sua casa saberia.
- Como descobriu que é legal ficar no telhado?
Conversamos muito, e a lembrança dela virou presença.
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Happier🌻Noart
Fanfic*OS CAPÍTULOS ESTÃO FORA DE ORDEM, PORÉM, NUMERADOS* Quando Noah Urrea se muda para Los Angeles, sua nova meta de vida é cursar o último ano da escola sem ser notado. Ele percebe que falhou miseravelmente quando já no primeiro dia de aula, atrai a a...