3-Território proibido

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- Quem é você?

Sina ficou em silêncio por exatos dois minutos, os dois minutos mais longos da minha vida. Quando eu parei o carro na frente de uma cafeteria, ela suspirou e disse:

- Sou alguém que inspira.

- Gostei- silêncio de novo. Fiquei pensando nas várias formas em que uma pessoa pode inspirar as outras- vamos.

Fiz nossos pedidos e Sina ficou ao meu lado, ela parecia querer falar alguma coisa, então coloquei a mão no seu ombro.

- Quer alguma coisa? Uma rosquinha, não sei...

- Não- ela respondeu triste- obrigada- Sina forçou um sorriso.

Peguei os dois copos de café e nós sentamos frente a frente em uma das mesas dali. Sina ficou quieta me encarando, às vezes ela inclinava a cabeça para o lado, parecia me analisar.

Coloquei minha língua para fora e brinquei com os meus olhos, fazendo cada um ir em uma direção. Sina gargalhou e eu sorri.

- Por que seus pais te buscam na escola?- perguntei e ela abaixou a cabeça.

- Eles são preocupados demais- ela respondeu suspirando.

Parecia cansada, fisicamente e mentalmente. Por trás daquele sorriso encantador tinha alguma coisa escondida, mas no momento eu não ia obrigá-la a me contar.

- Te sufocam?

- Não é isso que me sufoca- ela me olhou sorrindo, mas pude ver seus olhos marejados.

- Não quer falar sobre isso né?

Ela não conseguiu responder, seu celular tocou e ela atendeu.

- Oi mamãe. Eu estou em um café. Eu não vim andando, eu vim de carro- ela explicou mais baixo- com um amigo- Sina levantou a cabeça e sorriu para mim- está tudo bem, eu já vou- ela desligou o celular.

- Você tá ferrada?

- Não- ela riu- eu preciso ir embora, será que você pode me levar pra escola?

- Posso, claro.

No fundo eu não queria sair dali, a compainha de Sina era muito boa. Seu sorriso me fazia feliz, me preenchia por dentro, voltar ao mundo real quebrou a magia do momento.

Quando voltamos para o carro, Sina sentou ao meu lado e tirou seus tênis, fazendo uma cara de dor que ela tentou esconder virando o rosto.

- Não olha assim pra mim- ela pediu e pude entender que estava sorrindo.

- Por que não?

- Porque eu não sei o que significa.

- Eu te explico, estou preocupado com você, deve ter quebrado alguma coisa quando você caiu.

- Não quebrou nada, meu tênis só estava apertando meu pé- ela olhou para mim- tudo bem.

- Ok.

Quando chegamos na escola, Sina calçou seu tênis e nós entramos de novo. Ela murmurou um palavrão quando vimos Claire conversando com um casal.

- Tô aqui!- o casal olhou para Sina e ela foi até eles.

- Como você sai sem avisar a Claire?!?- a mãe da Sina não parecia brava, e sim preocupada.

- Filha, você sabe que não pode- o pai da Sina disse calmo.

Previ que ela ia levar uma bronca, então me aproximei.

- Licença senhor e senhora Deinert, sou Noah Urrea- eles sorriram para mim.

- Prazer Noah, sou a Alex- a mulher disse.

Happier🌻NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora