SEMPRE EU ESCUTO OS RAPAZES DA MINHA IDADE EXPRESSAREM O QUANTO ELES GOSTARIAM DE SER O PRÍNCIPE HERDEIRO. Do que eles não dariam para ser o futuro Rei de Dracônia do Norte. Eu, particularmente, achava eles muito ingênuos. Não que eu detestasse ser o Príncipe, mas também não era algo tão incrível como todos pensavam.
Claro, se eu quisesse alguma coisa, qualquer coisa, era só eu dizer em voz alta que todos me davam, mas isso não é algo que eu me orgulhe ou goste. Eu passei a parte mais importante da minha educação em um orfanato. Eu aprendi a ouvir não quando era necessário, mas agora, ninguém mais me dizia não. Apenas meu pai e minha mãe, mas eles são as duas únicas pessoas com mais autoridade e poder político no Reino do que eu. E também são meus pais, eles são doidos.
Talvez você esteja se perguntando por que eu trouxe tudo isso à tona agora, certo? Bom, talvez seja pelo fato de que no almoço do dia em que eu e Elastra ficamos "noivos", todos na mesa não paravam de falar sobre como ela seria linda vestida de Rainha.
A família real de Dracônia do Sul ainda estava aqui e ficariam por mais alguns dias até irem para casa preparar tudo para o Festival de Inverno, um evento que acontecia todo ano e foi criado por Noah, onde as Legiões da Tempestade, Água e Ar se juntavam para celebrar a chegada do inverno. Era feita uma festa aberta ao povo no castelo do Sul e acontecia uma distribuição de vinhos, pois inverno é época das melhores uvas dos campos do sul. Resumindo, era uma festa para passar frio e ficar embriagado.
Noah sugeriu que eu levasse Elastra conosco para a área onde as Cortes ficam, já que agora ela estava a um "aceito" de distância de virar Princesa de Dracônia do Norte. Apesar de ser uma farsa, eu teria que fazer.
Depois do almoço, eu pedi permissão para me retirar mais cedo e poder ir me deitar. Estava cansado e não havia dormido bem. Ainda tinha muita coisa para fazer esta semana, inclusive, pegar um assassino.
Eu estava dormindo em minha cama, sossegado, longe dos olhos curiosos do castelo. Era tão bom.
Eu estava com tanta coisa na cabeça, que tive um sonho com Maia e eu fazendo as coisas que ela queria que a gente fizesse.
Era um sonho tão vívido que eu podia sentir as mãos dela deslizando pela minha barba e sentia seu perfume doce de ameixa... Mas espera aí, o perfume de Maia era de amêndoa com limão, não era nada doce. Elastra era quem tinha o cheiro de ameixa.
Eu abri meus olhos, em silêncio, tentando analisar o que estava acontecendo. Eu estava deitado de barriga para cima e meu rosto estava virado para o lado. Eu havia tirado a camisa e a calça, ficando apenas com uma bermuda do Continente no corpo.
- Você até que é bonito quando tá dormindo, sabia? - a voz de Elastra sussurrou e eu me arrepiei de novo.
De novo, não, Serafim, de novo, não.
Fechei os olhos cuidadosamente quando ouvi ela falando tão docemente. Não a deixaria ver que eu estava acordado, pois ela iria parar de dizer coisas legais para mim.
- Eu entrei no seu quarto para te acordar no susto, mas aí eu vi como você estava cansado e fiquei aqui esse tempo todo, pensando. - ela continuou, pensativa - Eu imagino o quanto deve ser difícil ser você. Ter que atender às expectativas do seu povo, ter milhares de pessoas com quem se preocupar... Eu sei que não demonstro muito, mas eu gosto muito de você, Príncipe herdeiro. Você é meu melhor amigo.
Eu me mexi, virando de lado na direção dela, ainda fingindo que estava dormindo.
Elastra estava deitada ao meu lado na cama, com o seu rosto na altura do meu. Eu sei disso porque sentia sua respiração contra o meu nariz e minha boca.
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Cavaleiros de Dragões II - Uma Nova Geração
FantasiaA rainha Aurora salvou Dracônia e trouxe a paz ao seu reino. Você acompanhou a história dela e vibrou junto a cada passo de sua jornada. Agora, venha acompanhar a história do príncipe Serafim, 11 anos após os eventos do Tratado de Paz. Serafim agora...