- Nancy? - Thomas gritou enquanto andava na direção da vitrine e ela se virava para vê-lo.
- Thomas? - ela chamou de volta enquanto os guardas a empurravam a força.
- Nancy! - ele chamou novamente, mas um dos guardas que a escoltavam a empurrou e ele não pôde mais vê-la.
- Ei, ei! - um guarda exclamou, empurrando o peito de Thomas e o assustando.
- Para onde estão levando ela? - Thomas perguntou, apontando para a vitrine onde ele acabara de ver Nancy sendo levada por quatro guardas.
- Querem fazer mais alguns exames. - o guarda respondeu, encarando Thomas nos olhos de forma inexpressiva. - Pode deixar que já vão devolvê-la.
- Ela tá legal? Aconteceu alguma coisa? - Thomas perguntou, um pouco nervoso com a situação.
- Ela está bem. - o guarda respondeu, ainda inexpressivo.
Thomas encarou a porta atrás dele e depois o encarou da cabeça aos pés. Depois da pequena confusão, os rapazes foram levados a um dormitório com quatro beliches e um pequeno vestiário, muito mais do que eles se lembravam de ter um dia.
- Vou ficar em cima! - Caçarola anunciou, aproximando-se de uma delas, mas Minho foi mais rápido e subiu a escada pulando alguns degraus.
- Ah, lerdou. - Minho respondeu, acomodando-se na cama nova.
- Vou ficar mal acostumado. - Winston comentou, deitando-se na cama de baixo de uma das beliches.
- Nada mal. - Newt falou, virando-se para a porta junto com Thomas quando o som dela sendo trancada ecoou pelo quarto.
- O que acha que eles querem com a Nancy? - Thomas perguntou para Newt, ignorando todo o conforto oferecido ao seu redor.
- Olha, se tem uma coisa que eu sei sobre a Cenourinha é que ela sabe se cuidar sozinha. - Newt não obteve resposta, mas Thomas desviou o olhar da porta e o encarou. - Não se preocupe.
Thomas se sentiu um pouco decepcionado, achava que Newt se sentiria tão preocupado quanto ele com Nancy. Parecia que ele era o único que desconfiava daquele lugar e daquelas pessoas.
Enquanto os clareanos dormiam, Thomas já havia lavado o rosto inúmeras vezes e não conseguia espantar a preocupação com Nancy da cabeça. Teresa também havia sumido, mas a pessoa que lhe dominava a mente era Nancy. Quando ele menos esperou, ouviu um pequeno ruído metálico e um sussurro o chamando.
- Ei! - ele ouvia. - Aqui em baixo!
Thomas olhou embaixo da própria cama e viu um garoto segurando a grade da tubulação.
- Eu não acredito... - Thomas falou, enquanto o garoto fazia "shh" e colocava o dedo na frente do rosto.
- Siga-me. Vem comigo. - o garoto cochichou, fazendo um gesto com a mão enquanto retornava para a tubulação.
- O quê? - Thomas sussurrou, virando a cabeça, ainda de cabeça para baixo.
Apesar de estar confuso, Thomas o seguiu, pois sua curiosidade sempre falava mais alto.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Nancy foi literalmente jogada dentro de um dormitório, provavelmente porque o comportamento dela não havia agradado em nada. Quando Nancy conseguiu se equilibrar em pé, ela se virou para a porta.
- Quanta delicadeza! Vocês são incrivelmente gentis. Agradeço muito! - Nancy retrucou sem medo algum do que eles pudessem fazer com ela.
Os homens fecharam a porta do dormitório com raiva antes mesmo que ela terminasse de retrucar e isso fez um enorme eco pelo quarto. Nancy suspirou e olhou em volta. Tinha duas camas lado a lado, uma pequena cozinha e um pequeno vestiário na esquerda. Sentada em uma das cadeiras, estava Teresa.
- Oi, Nancy! - Teresa acenou com um sorriso enquanto comia o sanduíche que estava em cima da mesa.
- Oi, Teresa! - ela cumprimentou de volta, aproximando-se da outra cadeira para se sentar. - Te trataram da mesma forma quando te trouxeram para cá?
- Não, foram a Doutora Crowfford e mais duas enfermeiras que me trouxeram. Por que quatro guardas trouxeram você?
- Também não tenho ideia. - Nancy respondeu, colocando os braços na mesa. - Pelo visto, eu tenho cara de quem adora uma bagunça.
As duas riram. Nancy e Teresa começavam a ficar mais próximas, apesar de já terem se conhecido há muito tempo - a perda de memória era a principal razão para o recomeço. Nancy olhou para mesa e viu os dois pratos de sanduíche e dois copos de suco, aquilo era uma prova concreta de que elas não iriam voltar ao refeitório. E que não iriam comer com os garotos.
- Quem trouxe esse lanche? - Nancy perguntou enquanto Teresa dava uma mordida no sanduíche.
- Eu não sei. Quando cheguei, já estava na mesa - Teresa respondeu, colocando a mão na frente da boca porque ainda estava mastigando. - Mas é muito delicioso! Eu gostei.
- Você viu um refeitório no meio do caminho? - Nancy tinha muitas perguntas a fazer e não ia esperar para mais tarde.
- Eu vi, por quê? - ela perguntou, logo depois de ter engolido a comida.
- Eu vi o Thomas e os outros meninos lá dentro. Achei que iríamos comer com eles, mas fizeram questão de deixar o lanche no nosso quarto.
- Talvez iremos comer com eles amanhã. - ela falou enquanto tomava um gole de suco. - Por que você parece preocupada?
- Eu não sei. - Nancy murmurou. - Janson conversou comigo e fez algumas perguntas, principalmente sobre a minha família e recuperar as minhas memórias. Eu não sei mais se devemos confiar nesse lugar, parece que tem alguma coisa errada.
Teresa pareceu refletir um pouco enquanto finalizava o seu lanche.
- Eu não sei. Nada me pareceu muito estranho que não seja essa história do refeitório - ela falou, limpando as mãos com o guardanapo ao lado do prato e, para a surpresa de Nancy, bocejando. - Mas eu não acho que devemos nos preocupar com isso. Se tiver alguma coisa errada, a gente faz alguma coisa.
- Você tá com sono? - Nancy perguntou, um tanto surpresa.
- Um pouco. Talvez deva ser porque acabei de comer depois de tanto tempo. - Teresa murmurou, dirigindo-se até uma das camas. - Vou me deitar um pouco. Boa noite, Nancy.
- Boa noite, Teresa.
Nancy não estava entendendo. Por que elas tinham que comer separada dos outros? Por que Janson havia feito todas aquelas perguntas? Havia alguma coisa errada naquela situação toda. Ela não queria ter que pensar naquilo tudo. Se fosse para ter uma nova vida, que essa nova vida dela incluísse todos os seus amigos e o seu irmão, mas especialmente Thomas. Era a ausência dele que a inquietava. Depois de alguns segundos, percebeu o quão faminta estava e ao relembrar o que Teresa dissera sobre o sanduíche, sentiu mais fome ainda. Resolveu tentar esquecer tudo e comer o lanche.
Quando Nancy terminou, sentiu sono, mas não era natural. Ela sentia como se estivesse sendo forçada a dormir. Teresa devia ter sentido o mesmo, mas não resistiu. Nancy queria resistir, pois ela sabia que era alguma coisa na comida. E começou a fazer sentido o porquê elas haviam lanchado separadas.
Apesar de toda a relutância, Nancy não conseguiu resistir ao sono forçado. Assim que ela se deitou na cama, a porta se abriu e três pessoas entraram. Nancy se esforçou ao máximo para manter os olhos abertos e viu que era a Doutora Crowfford e mais duas enfermeiras com duas macas.
- Vamos, precisamos agir rápido. - Crowfford anunciou enquanto mais enfermeiros entravam no quarto. - Ainda acho desnecessário e arriscado fazer isso com Nancy, mas não sou eu quem faço as regras por aqui.
- Não... - Nancy sussurrou fazendo esforço para se manter acordada, pois não sabia o que fariam com ela e com Teresa. A primeira pessoa em quem pensou antes de ceder completamente ao sono foi em Thomas. Ela sabia que ele também desconfiava daquele lugar e torcia fortemente para que ele fizesse algo. - Não... Thomas...
- Eu sinto muito, Nancy. - a Doutora Crowfford falou ao perceber que ela ainda estava acordada. - Prometo que não sentirá dor nenhuma. E eu espero que você entenda o porquê estamos fazendo isso.
Aquela última frase deixou Nancy com a pulga atrás da orelha. O que ela quis dizer com aquilo? De qualquer forma, não importava. O sono a dominara por completo, fazendo-a esquecer de todos os seus problemas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Reason To Keep Fighting《 MR: The Scorch Trials Fanfic 》
Fanfiction[2/4] ▪ [CONCLUÍDA] Depois dos altos e baixos no Labirinto, Nancy e os clareanos são levados à uma base militar que diz protegê-los do CRUEL. Isso deveria ser algo que todos engoliriam de bom grado, mas Nancy e Thomas desconfiam de que há algo errad...