Nancy, Thomas e Brenda tossiam sem parar. Podiam ouvir mais algumas pequenos detritos caírem e se chocarem contra os entulhos maiores. Brenda acendeu uma lanterna, vendo os outros dois amigos sentados, tossindo e cobertos de poeira.
- Vocês estão bem? - Brenda perguntou com esforço para não tossir.
- Claro, eu estou ótimo. - Thomas ironizou. Quem ficaria bem depois de quase ser esmagado por um galpão inteiro?
Brenda direcionou a lanterna ao redor e não havia mais saída, estavam completamente confinados.
- Ah, não! - Nancy quase gritou. - Como vamos voltar aos outros?
- Relaxem, vou tirar a gente daqui. Tomem. - ela tirou duas lanternas da mochila que trazia consigo e jogou uma no colo de cada um.
Brenda e Thomas se levantaram com as lanternas ligadas, mas aquela situação toda havia deixado Nancy completamente zonza. Ela se apoiou na duas mãos para se levantar, mas quase gritou quando seus nervos receberam uma rápida e intensa mensagem de dor. Nancy caiu de novo no chão, sentando-se exatamente no mesmo lugar.
- Nancy, o que houve? - Thomas perguntou, preocupadíssimo.
Ele havia dado a ideia de irem juntos atrás de Brenda ao invés de forçá-la a ir com os outros e se culparia por qualquer arranhão que ela ganhasse daquele segundo em diante.
- Meu pulso. Dói demais. - a dor era insuportável, tanto que Nancy nem conseguiu formular a frase muito bem.
Thomas ajudou a garota a se levantar. Como não queria machucá-la ainda mais, posicionou-se atrás dela, colocou as mãos debaixo dos braços de Nancy e a ergueu depois que contou três segundos. Ela conseguiu se equilibrar e o rapaz a virou com delicadeza. Ele pegou a mão direita dela e arregaçou a manga da jaqueta de Nancy, examinando a mordida que havia se tornado um grande hematoma roxo.
- Nancy, me desculpa. - Thomas sussurrou, balançando a cabeça, sem tirar os olhos do machucado.
- Do que você tá falando, Tom?
- Você teve que se segurar na grade quando eu escorreguei. O esforço que você fez foi muito grande e só machucou mais ainda. Eu sinto...
- Cala a boca! Não peça desculpas por eu ter salvado a sua vida! - Nancy riu, esquivando o pulso da mão dele com delicadeza. - Eu prefiro perder a minha mão do que te deixar morrer.
O sorriso de Nancy fez Thomas sorrir também, mas aquele momento durou segundos. Eles ouviram o clique familiar de uma pistola sendo destravada e olharam para Brenda, que apontava para Nancy. As lanternas no chão iluminavam um pouco o trio, mostrando a morena erguer uma pistola na direção de Nancy.
- Você foi mordida, né? - Brenda perguntou com uma rigidez repentina na voz.
- Brenda, não é bem assim. - Thomas falou com calma, apesar de ofegar bastante. - Ela é imune e mesmo que se torne, não vamos matá-la agora...
- Não importa. - Brenda interrompeu. - Eu não vou a lugar nenhum com um Crank no meu encalço.
Enquanto Thomas e Brenda discutiam, Nancy sentiu sua nuca coçar novamente. Memórias de quando era menor voltaram. Ela havia sido treinada desde pequena para se defender, provavelmente incentivo de Janson. Lembrou-se de Ava Paige ter dito algo sobre os Criadores Originais do CRUEL, que um dia deveriam ser substituídos por outra geração. Nancy havia sido escolhida para trabalhar com Janson depois de muitos experimentos, mas havia começado o treinamento desde cedo e tudo o que havia aprendido voltou-lhe à mente.
Nancy analisou Brenda da cabeça aos pés e viu que ela portava uma pequena faca na cintura, dentro de uma bainha. As mãos seguravam a arma com firmeza, mas a discussão entre ela e Thomas era a distração perfeita. De alguma forma, a discussão estava mais tensa e Nancy percebeu que havia perdido bastante coisa enquanto recuperava mais uma parcela triste de suas lembranças.
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A Reason To Keep Fighting《 MR: The Scorch Trials Fanfic 》
Fanfiction[2/4] ▪ [CONCLUÍDA] Depois dos altos e baixos no Labirinto, Nancy e os clareanos são levados à uma base militar que diz protegê-los do CRUEL. Isso deveria ser algo que todos engoliriam de bom grado, mas Nancy e Thomas desconfiam de que há algo errad...