Quando a noite começou a cair, os clareanos acamparam próximo a um navio enferrujado que parecia estar ali há mil anos. Aris saiu de dentro de um dos contêineres e jogou o pouco de lenha que havia achado na fogueira que haviam feito. Ninguém tinha ânimo para conversar, mas Minho quebrou o silêncio.
- Eu pensei que a gente fosse imune.
- Nem todos nós, eu acho. - Teresa disse em seguida, sem tirar os olhos da fogueira.
- Se o Winston foi contaminado, talvez também role com a gente, né? - Newt acrescentou com os olhos perdidos no chão.
A primeira pessoa em que Thomas pensou foi Nancy. Todos sabiam que ela havia sido mordida, mas parecia que ninguém queria comentar a respeito. Ele olhou para trás e viu a garota sentada no topo de uma pequena duna, uns quatro ou cinco metros afastada. Nancy não havia pronunciado uma palavra desde que eles deixaram Winston e começou a se excluir do grupo.
- Eu nunca pensei que diria isso. - Caçarola falou enquanto todos olhavam para ele, mas Thomas lançou um olhar rápido e fitou o chão. Ambos haviam lágrimas nos olhos e no rosto. - Saudades da Clareira.
Um silêncio incômodo se fez presente entre eles, deixando que eles ouvissem apenas algumas rajadas de vento e a lenha queimando no fogo. Fogo. Thomas lembrou da manhã em que Nancy o levou para escrever o nome dele no muro. Era uma das poucas lembranças tranquilas que ele tinha e com certeza, a sua favorita. Seus cabelos pareciam chamas naquela manhã e Thomas nunca mais pôde esquecer aquilo. Olhou rapidamente para trás pela segunda vez e viu que Nancy não havia se movido um centímetro.
- O que houve com a Nancy? - Minho perguntou enquanto olhava para a silhueta dela, o sol se pondo fazia com que ficasse cada vez mais difícil de enxergá-la. - Não abriu o bico faz um bom tempo. E ela é bem tagarela.
Se o objetivo de Minho era levantar o astral do grupo, ele havia conseguido - ele sempre conseguia. Os clareanos soltaram alguns risinhos e de fato, ela era mesmo um pouco tagarela.
- Deve estar só assustada, mas começo a me preocupar com ela. - Newt respondeu, encarando a irmã. - Vou conversar com a Nancy.
Newt se levantou, aparentando estar dolorido. Mesmo assim, caminhou até ela lentamente e se sentou ao lado da irmã.
- Não vai comer nada, Cenourinha? - ele perguntou, olhando para ela, mas Nancy continuou a encarar o chão fixamente enquanto segurava o próprio pulso.
- Eu não tô com fome. - ela respondeu, a voz quase inaudível.
- Tem certeza? Faz quase um dia que você não come direito. - Nancy não respondeu e nem se deu ao trabalho de olhar para o irmão. - O que tá acontecendo, Cenourinha?
- Winston se foi, mas eu não. Isso é... Isso é tão injusto! Deveríamos todos ser imunes. E agora que eu fui mordida devo agradecer por não ter me transformado em um Crank? E se for uma questão de tempo? Eu posso me tornar um daqueles a qualquer momento.
- Não diga besteira! - Newt exclamou. - Você não vai virar um deles. Você é imune e vai ficar bem.
- Como você sabe? - Nancy perguntou, deixando uma lágrima escorrer livremente pelo seu rosto, finalmente olhando para Newt. - Ninguém sabe quando eu vou enlouquecer e tentar matar vocês, ou se ao menos isso vai acontecer. Isso tudo é um jogo de sobrevivência e eu acabei apostando toda a minha sorte. Por isso, eu não quero ninguém perto de mim. Eu não quero machucar ninguém e se for preciso, eu quero que me matem.
Nancy e Newt olhavam nos olhos um do outro. Ela chorava em silêncio.
- Por favor, Newt, volta lá para trás. - ela sussurrou. - E se eu começar a correr, não quero que me sigam.
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A Reason To Keep Fighting《 MR: The Scorch Trials Fanfic 》
Fanfic[2/4] ▪ [CONCLUÍDA] Depois dos altos e baixos no Labirinto, Nancy e os clareanos são levados à uma base militar que diz protegê-los do CRUEL. Isso deveria ser algo que todos engoliriam de bom grado, mas Nancy e Thomas desconfiam de que há algo errad...