Sábado. 2 dias para o fim do prazo
*Aurora
Eu acordei de bom humor no sábado. Na noite anterior havia feito uma lista de tarefas do meu dia e também havia ido dormir quase ao amanhecer, conversando com Daniel.
Eu não estava acostumada com começos. Nem mesmo me lembrava de como havia sido o meu começo com Nicolas, se eu havia sentido aquele mesmo frenesi e se, no início, ele também fazia o meu estomago dar cambalhotas ou se o seu beijo fazia meus dedos dos pés se retorcerem. Eu estava gostando daquela coisa de início e gostava mais ainda de senti-la com (e por) Daniel.
Fui obrigada a contar a Arthur e ouvi, dessa vez não de um jeito ruim, todos os seus "Eu te avisei! Eu sabia!" enquanto ele gargalhava e dizia que Rebeca estava devendo um cachorro quente a ele.
Eu havia preparado o almoço (burlando as regras só porque estava com muita vontade de comer meus nuggets de frango com queijo) e compensado a refeição com um suco, pra equilibrar. Quase não consegui comer de tão ansiosa para que estava para mandar logo o rascunho para a editora. Eu sabia que estava pronto, ainda estava no prazo, mas estava louca de ansiedade para que eles recebessem, avaliassem e me dessem o feedback sobre o contrato.
Com toda aquela felicidade em mim, eu não conseguia imaginar como havia me permitido pensar que jamais saberia escrever sobre o amor porque o amor de Nicolas havia me feito mal. Como podia ter pensado que ele era a única fonte de amor em todo esse mundo enorme. Como podia ter, sequer, cogitado pensar em deixar ele tirar o amor pela escrita de dentro de mim.
Peguei o último pedaço da minha torta de banoffee e me sentei de frente para o computador. Enquanto esperava ele ligar, encontrei uma mensagem nova de Daniel.
Sua tia acabou de pagar o segundo mês da minha faculdade.
E ela acabou de descobrir que foi enganada. Tive que contar pra ela.
Mal acabei de ler sua mensagem e vi a ligação dela chamando no visor. Dei risada e deixei tocar, sem atender.
Como foi a reação dela?
Ficou puta! Eu tentei me defender dizendo que não te contei nada, tecnicamente foi você que descobriu.......
Eu gargalhei. Se Daniel tivesse ao meu lado eu teria batido nele, mas como não estava eu me contentei em enviar emojis de raiva por ele tentar jogar a culpa toda pra cima de mim. Ele gargalhou. Eu quase podia ouvir a sua risada e sorri ao me lembrar dela.
Contou pra ela que pelo menos o livro ficou pronto?
Contei. Também acabei tendo que contar sobre a gente.
Sempre que Daniel mandava alguma mensagem e se referia a nós dois como sendo realmente "nós", eu ficava toda bobinha.
Ela voltou a me ligar, e eu recusei novamente.
Ela já me ligou três vezes. Eu realmente vou ter que ser sincera com ela em algum momento, não é?
A mensagem de Heloísa piscou na tela, enquanto eu digitava para Daniel. Era "AURORA!!!", em letras maiúsculas, e eu já podia ver a cena dela gritando comigo enquanto reclamava de termos agido pelas suas costas.
"Pelas minhas costas, Aurora!", eu já podia ver toda a cena e sentir todo o drama do momento.
Vai. Meus ouvidos estão doendo até agora e eu me sinto levemente culpado, pela forma como ela me tratou. Sua tia é ótima, viu?
Dei risada. Eu a conhecia muito bem e já estava acostumada. Já ele, coitado...
Meu notebook terminou de ligar e eu busquei o e-mail da editora. Já sabia de cor as perguntas do questionário que deveria preencher antes de enviar, então preenchi rapidamente todas as partes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todos os meus clichês (FINALIZADO)
RomansaAurora é uma autora de romances que sempre sonhou em conseguir um contrato efetivo com uma boa editora. No melhor momento de sua carreira ela sofre de um forte bloqueio criativo ao descobrir a traição do namorado. Desacreditada do amor, ela se sente...