EPÍLOGO

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Sexta-feira. 8 meses e 3 dias depois do fim do prazo

*Aurora

Já eram cinco da tarde e eu estava desesperada.

A editora havia divulgado o lançamento em todos os lugares e várias pessoas haviam confirmado presença no evento do facebook.

A livraria estava arrumada e pronta.

Os livros estavam lindos.

Tudo estava na mais perfeita ordem. Exceto eu. Eu estava absolutamente desesperada.

Aquela seria a primeira vez que eu teria um livro em mãos. A primeira vez que eu faria o meu autografo pra outra pessoa. Eu havia passado a semana inteira rabiscando post its, a mão de Daniel, todas as partes visíveis da casa para treinar e fazer bonito, mas eu ainda estava apavorada.

Ter os livros em versão digital era uma coisa. Agora livros na mão? Em uma grande editora? Sendo vendido no país inteiro? Em várias estantes, em todo lugar?

Era desesperador.

Eu já havia tomado uma garrafa de água inteira, comido todos os meus m&ms e ainda estava com medo.

E se algo desse errado?

E se, mesmo depois de todas as infinitas revisões, ainda existisse algum erro imperdoável?

Sem contar que faltava vinte minutos para começar, eu já estava suando e ninguém havia chegado. E se ninguém aparecesse?

-Relaxa, Aurora. – Daniel deu risada.

Ele estava empenhado na decoração do lugar, me ajudando e pendurando todas as luzinhas na minha mesa de autógrafos, mas pelo visto também estava me observando quase fazer um buraco no chão livraria.

-E se ninguém aparecer? – arregalei os olhos, quase sem ar – E se eles odiarem o livro? E se tudo der errado e a editora me cobrar o dinheiro todo que investiu em mim? – listei tudo de uma vez só. Ao menos uma parte, porque minha cabeça estava fervilhando de ideias ruins.

Daniel terminou de prender as luzes e veio até mim. Eu já havia estalado todos os meus dedos, eles estavam vermelhos e doloridos de tanto serem puxados e apertados. Dan segurou minha mão e desfez todos os nós, entrelaçando meus dedos nos seus.

-Relaxa. – pediu me encarando. Ele inspirou profundamente, me pedindo para acompanha-lo e eu o fiz, ainda não muito segura – Seu livro ta lindo. A história ta ótima. E você é perfeita. O que poderia dar errado? – ele segurou meu rosto e a cada frase deixava um selinho, até me fazer sorrir.

-Você quer mesmo a lista? – fiz careta. Ele deu risada e negou.

-Sabe o que eu acho que vai te distrair? – ele pegou o celular do bolso da calça. Daniel buscou pelos fones e depois de plugar, me entregou um dos lados – Dançar. A gente só não pode fazer isso com música alta, infelizmente.

Eu sorri e rapidamente encaixei um dos fones enquanto ele fazia o mesmo. Daniel selecionou a playlist da minha história e colocou no modo aleatório.

Meu talismã da IZA começou a tocar e ele sorriu, porque Daniel já havia me visto cantar aquela música uma infinidade de vezes.

-Sinto muito que não tenha caído num pagode. – comentou sincero.

Mesmo com todo o nervosismo, eu fui capaz de dar risada. E então, no meio de toda a biblioteca, ele segurou minha mão e começamos a dançar uma música que era só nossa, em um momento que era só nosso, em meio a uma conexão que era só nossa.

Daniel me girou pelo salão e suas mãos fizeram carinho na minha cintura, depois em meu rosto. Enquanto a canção tocava, sua boca beijou meu nariz, minhas bochechas, minha boca, e mesmo depois daqueles meses, era como se fosse a primeira vez. Seu sorriso continuava a me derreter e olha pra ele era ver todas as possibilidades do futuro reunidas.

-Sua primeira fã chegou. – Heloísa surgiu onde estávamos e apontou para uma menina de cabelos coloridos no pé da escada, segurando meu livro nos braços.

Eu olhei para Daniel com um sorriso que quase rasgou meu rosto, os olhos marejados, porque só naquele momento eu percebi que o meu sonho finalmente havia se tornado realidade.

Daniel tirou o fone do meu ouvido e beijou rapidamente minha bochecha.

-Segunda fã! – avisou em meu ouvido com uma risada.

Daniel disse que ia para a entrada da livraria entregar os panfletos da história e convidar o pessoal para entrar.

Apesar dos clichês, eu não costumava ser muito crédula no destino, no entanto era muito fácil acreditar nele quando olhava para Daniel, porque o destino se parecia com nós dois.

Enquanto ele se afastava, chamei a menina para autografar seu livro. Ele me olhou no início da escada e fez um joia pra mim, todo sorridente, me incentivando.

Aquele seu sorriso largo, cheio de vida, de apoio e de diversão, mostrou pra mim uma vida de liberdade, e eu percebi que essa era a aparência do amor verdadeiro.

Agradável, simples, sincero, bondoso e livre.

Sobretudo, livre.

Todos os meus clichês (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora