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Sábado. 16 dias para o fim do prazo

*Aurora

Arthur e eu combinamos na sexta a noite de ir na manhã de sábado à feira.

Eu estava empolgada porque seria a primeira vez que eu iria a uma feira.

Arthur estava puto porque eu o tirei da cama às seis e meia da manhã de um sábado.

Eu estava curiosa enquanto caminhava pelo corredor cheio de frutas e legumes frescos.

Arthur estava puto porque ainda não era nove da manhã de um sábado e ele já estava acordado.

-Para de reclamar! Nem os velhinhos estão com essa cara! – resmunguei.

Arthur bufou e isso definitivamente não foi uma resposta satisfatória.

-Será que você pode, por favor, me dizer o que nós estamos fazendo aqui? – suspirou. Encontrei a tenda de bananas e escolhi algumas, sem me deixar abalar com o seu mau humor.

Eu havia pesquisado uma receita de banoffee e escolhi as mais bonitas na esperança de que isso ajudasse no sabor, considerando que eu mesma era uma negação na cozinha.

-Estamos comprando os legumes e as frutas da semana. – expliquei.

-E por que a gente não compra no mercado em qualquer dia da semana, talvez, tipo, depois das duas da tarde? – ele se apoiou em uma das tendas e eu olhei pra ele de cara feia, fazendo-o ficar quieta.

O homem das bananas deu risada. Achei que ele daria algum sermão sobre a importância das feiras, mas com toda sorte do mundo isso não aconteceu. Paguei pelas frutas e continuamos andando.

-Nós estamos tentando ser saudáveis. Vamos tentar dar uma parada com os congelados e fazer comida de verdade.

Arth arqueou uma sobrancelha e me olhou com pouca credulidade.

-Você vai jogar todas as suas lasanhas fora? E os seus nuggets de frango com queijo? – zombou.

Rolei os olhos, começando a sentir raiva do seu deboche.

-Não vou jogar fora, mas acho que a gente pode começar a dar uma equilibrada. Eu experimentei comida de verdade esses dias e foi muito bom.

Arth não se convenceu e eu vi um riso preso.

-E por que você decidiu experimentar comida de verdade?

Fiquei sem graça, porque sabia que havíamos chegado exatamente onde ele queria: na parte que ele forçava e forçava até me fazer ficar com vergonha.

-Cala a boca! – ralhei.

-Eu sabia! – exclamou debochado – Sabia que tinha a ver com seu namorado.

-Daniel não é meu namorado e não tem nada a ver com ele. – bom, até tinha um pouco... – Eu só acho que a gente pode começar a comer coisas mais gostosas.

-Ele cozinhou pra você? Que porra, Aurora! Você não me conta nada.

Fiquei ainda mais sem graça. Eu sempre me esquivava de contar a Arthur como as coisas estavam indo com Daniel. Até porque não tinha exatamente nada acontecendo, então eu não via necessidade de compartilhar nossos encontros com ele.

Não havia compartilhado a parte em que estávamos passando cada vez mais tempo juntos por mensagens ou com encontros esporádicos.

Nem a parte em que havíamos nos beijado aquela semana.

Muito menos aquela em que eu tecnicamente já havia terminado meu livro, tecnicamente, mas estava enrolando até o último segundo para fazer a última leitura e colocar um ponto final em toda aquela história. E eu não estava me referindo a do livro.

Todos os meus clichês (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora