Essa é uma coletânea em comemoração aos 2 anos do grupo "Contextualizando". Como uma forma de homenagear as meninas que estiveram comigo nesse tempo me dando força e apoio, me impus esse desafio. Onde elas escolhiam uma imagem, e a partir dela eu es...
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Imagem escolhida por Geh Lima
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— Mãe, onde a mamãe está?
A mulher já perdeu a conta de quantas vezes a pequena Estela perguntou pela mãe só naquele dia. Gerlane, ou Geh, como prefere ser chamada, suspira pela milésima vez, tenta controlar suas lágrimas, mas falha assim que escuta a voz da sua filha de quatro anos. Sua esposa, Vitória, está internada depois de descobrir ter câncer de mama.
Aquilo foi um golpe inexplicável nas duas, literalmente. Ambas usufruindo do grande momento das carreiras, de serem mães, com seus trinte e cinco anos, professoras universitárias, em processo de construção da vida de casadas. Tiveram a filha no momento mágico. Suas vidas giram em torno daquele pequeno ser, nada vai mudar isso, nem aquela maldita doença.
— Ela está na casa da vovó, meu amor, eu já te disse.
— Mas porque ela não... _ A menina boceja. — Por que ela não me levou? _ Geh sorri e beija o topo da cabeça da filha, que já demonstra sinais de sono.
— Porque ela está fazendo coisas de adulto.
— Não gosto de coisas de adulto.
— Nem eu, minha estrelinha, nem eu.
Ao fechar os olhos a morena lembra-se do olhar penoso da esposa, apesar de Vitória tentar ser a mulher forte que sempre foi, era claro que seus pensamentos estavam em Estela, tanto que obrigou a esposa a vir para casa ficar com sua filha.
Suas lágrimas voltam a cair, sabe que tem que ser forte, mas não tem como evitar, tem sua menina nos braços, seu milagre, mas não para de pensar na esposa, que aparenta não estar bem como o médico disse que ficaria. Aparentemente o câncer estava avançado, seria preciso a cirurgia e algumas sessões de quimioterapia, mas ainda não era uma tentativa certa da recuperação.
O desespero estava começando a tomar conta dela. Aquele era o primeiro dia de uma batalha que terão que lutar juntas, além de tentar de todas as formas não deixar aquilo afetar Estela, apesar de saberem que será uma missão impossível. Sessões de quimioterapia são tão ruins quanto pensam, ela sabe, todos sabem e em breve sua esposa também saberá.
Geh se acomoda melhor na cama e tenta dormir por algumas horas, sabe que aquele será um dia incomum entre os que virão pela frente, só não sabia que seria tão pior do que imaginou.
No dia seguinte ela estava cedo no hospital depois de deixar a filha na creche e pedir para sua irmã, que vem a ser madrinha da menina, ir buscá-la. As famílias das duas entendem que precisarão ajudar de todas as formas, o problema nem seria tanto o financeiro, a família de Vitória tem boas condições, a complicação seria mesmo o emocional tendo uma criança de quatro anos envolvida.