Imagem escolhida por Manueli Dias
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Os dedos ágeis de Manueli trabalhavam da forma maravilhosa que ela sempre fazia, nunca foi uma dificuldade para a jovem escritora desenvolver suas habilidades literárias, pelo menos enquanto ela tinha tempo para isso.
Com quatorze anos, como uma forma de desenvolver sua capacidade de socialização, Manueli começou a escrever, de pequenos contos passou a trabalhar em livros. No começo eram obras com dez capítulos, depois evoluiu para vinte, hoje, com seus trinta anos, ela desenvolve com facilidade enredos com mais de cinquenta capítulos.
Apesar da sua habilidade e competência, não pode dizer que foi fácil. Precisou trabalhar como caixa de supermercado, de atendente e vendedora em lojas, sem contar as várias vezes que parou de escrever por falta de tempo e paciência, diga-se de passagem.
Com vinte e três anos pensou em desistir da escrita, mesmo que fosse seu ponto de calma, estava desanimada com a ideia de ser escritora, não por falta de talento, mas porque seu gênero de escrita era bem complicado. Sempre gostou de ler e escrever sobre tudo, mas sua principal atenção era a literatura LGBT, onde poderia defender ideais e sua própria história, que como lésbica assumida, sofreu com o preconceito de alguns.
Mas a história de Manueli não é apenas de sofrimento e batalhas, ela teve vitórias. Sua vida começou a mudar justamente nessa época em que pensou em desistir. Quando completou seus vinte e cinco anos, morando em Salvador, acordando as quatro da manhã para chegar a tempo no trabalho as sete, pensou que nunca mais teria tempo para escrever, o que passou a ser sua verdade durante oito meses.
Tudo mudou no dia em que uma amiga lhe falou sobre um site de escrita LGBT. Manueli pesquisou e entendeu do que se tratava. O Lettera depois daquilo passou a fazer parte da sua vida, chegava às nove da noite todos os dias em casa pronta para publicar e responder os comentários, era como a combustão para o seu sorriso e criação.
Fez isso por um ano, até ser observada, reconhecida, aclamada e enfim ter um livro publicado. Manueli não poderia descrever a felicidade que teve ao entrarem em contato com ela e pedir uma reunião. Claro que desconfiou inicialmente, mas tudo veio como uma enxurrada de felicidades quando um representante da Editora disse ter lido o seu trabalho e estava interessado no material.
A editora em si não era exclusiva para o público LGBT, mas a ideia era trabalhar em cima desse assunto para dar credibilidade de publicidade, uma via de mão dupla. Cinco meses após isso Manueli estava tendo seu primeiro livro publicado com recorde de vendas.
Quando publicou a primeira vez no Lettera, Manueli criou um grupo de WhatsApp para leitoras, onde conversavam sobre tudo, não apenas da sua escrita, mas do cotidiano, dos amores, das traições, da vida, aquilo dava tantas ideias para a jovem escritora, que mesmo depois da fama nunca conseguiu esquecer-se das garotas daquele grupo, o "Contextualizando" fez parte da sua vida por muito tempo.
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CONTEXTUALIZANDO
Storie breviEssa é uma coletânea em comemoração aos 2 anos do grupo "Contextualizando". Como uma forma de homenagear as meninas que estiveram comigo nesse tempo me dando força e apoio, me impus esse desafio. Onde elas escolhiam uma imagem, e a partir dela eu es...