Cap.2- Fuga matinal

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Quando eu e o meu irmão chegamos a casa já era tarde então, quando ele voltou a dizer que queria falar comigo, eu mandei-o dar uma volta:

-Falamos amanhã, hoje já é tarde e estou cheia de sono.

-Não passa de amanhã, ouviste? Eu não me esqueço!

-Ai, está bem! Não me melgues. Boa noite.

-Boa noite.

Fui para a cama a pensar no que ele me queria dizer, nós não eramos o tipo de irmãos que se adoravam, mas apesar de tudo eramos irmãos.

Na manhã seguinte levantei-me cedo, vesti-me e comi fazendo o mínimo de barulho possível para sair de casa sem acordar o Embry, porque ele não me ia deixar sair de casa sem haver "a conversa" . Sei lá o que aquela cabecinha tonta andava a pensar...

Sem saber para onde ir decidi ir bater à janela de Seth. Quando o fiz ele ainda demorou até abrir as cortinas e olhar para mim com aqueles olhos pequeninos dele. Mal me reconheceu (o que ainda demorou um pouco) abriu a janela ensonado.

-Bom dia!

-Ylva? Bom dia... Sabes que horas são?

-Sim.

-E não devias estar a dormir?

-Oh, pensei que podíamos passar o dia juntos...

-Porquê? Porque é que eu conheço esta rapariga?-disse ele sorrindo.

-Então? Vens?

-E vamos onde?

-Para onde quiseres. Mas longe da praia que já estou farta de ir lá.

-Está bem. Só me vou vestir e fazer umas sandes para comermos mais tarde.

Só quando ele me disse isto é que eu reparei que ele estava sem camisola, mas como estava tão habituada a ver os membros da alcateia sem ela já nem me fazia diferença...

Mas o Seth tinha crescido, notava-se uma grande diferença desde que tinha entrado para o bando do Sam há uns meses atrás. Os seus músculos estavam bem maiores e davam-lhe um ar bastante atraente, ainda abri a boca para lhe chamar "gato" mas depois decidi calar-me.

O Seth levou-me a uma floresta muito gira, já lá tinha estado uma vez ou duas, mas todas as vezes eram como a primeira, estava sempre diferente.

Quando nos sentamos eu comecei a conversa:

-Seth, já que és lobisomem, posso-te perguntar uma coisa?

-Tudo o que tu quiseres.

Sorri.

-Um lobisomem pode deixar a sua marca num humano?

-Pode! Até parece que não conheces o caso do Jacob e da Renesmee...

-Ah pois, mas ela não é bem humana, é meia humana meia vampira. E um humano não pode deixar a sua marca em ninguém, pois não? Eles não têm o dom de marcar...

-Estás certíssima. Mas porquê esta conversa? O teu irmão disse-te alguma coisa?

-Queria dizer, por isso é que eu saí cedo de casa. Não me apetecia falar com ele. E tu sabes o que ele quer falar comigo?

-Não.-disse ele ficando pensativo.-E em relação à conversa das marcas...

-Achas que alguém, algum dia me vai marcar?-interrompi.

-Claro que sim! Porque não?

-Porque ainda não me transformei.

-Isso não tem nada a ver, tu és uma rapariga espetacular. Além disso dentro de ti já és um lobo e marcar alguém não é assim tão bom...

-Porque dizes isso?

-Porque a pessoa que tu marcares pode ficar muito tempo sem saber isso, enquanto que tu te dispões a tudo por ela, como se o mundo girasse apenas em volta dessa pessoa e tu fosses capaz de ser tudo o que ela quisesse que fosses...

-Tu percebes disto, unh? Deixaste a tua marca em alguém, foi?

Disse eu sorrindo e dando-lhe um leve murro no braço.

-Vivo com alguém que marcou uma pessoa que marcou outra.

-Pois é.

Passamos o resto da manhã na conversa e quando as nossas barrigas começaram a dar horas ele tirou as sandes que tinha feito para nós da mochila.

A tarde foi igualmente divertida, passamos umas horas a correr e eu fiquei super feliz quando paramos e ele me disse:

-Estás rápida e mais resistente. Estou a ver esse lobisomem a nascer dentro de ti.

Fiz um gesto de agradecimento como quando um ator está em palco a receber aplausos do público e disse:

-Obrigada Seth, por tudo.

Abracei-o e ele respondeu-me:

-Calma, não me sufoques. De nada Ylva.

Eu nem estava a fazer assim tanta força, mas ele lá sabia.

Minha alcateiaOnde histórias criam vida. Descubra agora