Capítulo 2 - AQUILO QUE PLANTAMOS

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"Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente."
Lucas 15:13

A Bíblia é enfática quando diz que colheremos aquilo que plantarmos (2 Coríntios 9:6). É uma regra até mesmo simples, dita com frequência pelos mais antigos: "não podemos esperar comer banana se plantamos maçã". Porém, se pensarmos na época de semeadura de algum fruto, não é a sua figura que vemos nas mãos daquele que planta, mas sim a semente.

A semente é o elemento-chave que me garante a certeza de colher algo no tempo propício. Literalmente, representa a figura de um grão que se deita à terra para germinar. E o curioso é que, na maioria das vezes, essa futura planta não cresce na horizontal, mas de pé. Por que será?

Se até uma semente sabe o momento de se levantar e germinar na terra, precisamos entender que não daremos frutos bons enquanto não nos levantarmos e cumprirmos o processo de crescimento em cada uma de suas fases, respeitando regras que são imutáveis, afinal, por mais que hoje existam máquinas e tecnologia suficientes para plantação e irrigação do solo, ainda é necessário esperar o tempo certo da colheita (Eclesiastes 3:1-2).

Mas o que isso realmente tem a ver com a história do filho pródigo? A Palavra diz que após ir para uma terra distante, ele desperdiçou seus bens vivendo uma vida irresponsável. Isso não aconteceu de uma hora para outra. Não sabemos quanto tempo durou, mas pela expressão "terra distante" podemos imaginar que houve primeiro um tempo de adaptação.

O filho não recebeu uma ordem para ir para longe, ele apenas foi e decidiu viver à sua maneira. E o que aconteceu nesse primeiro período da sua mudança para outra cidade é uma incógnita. Talvez ele tenha mudado seus hábitos, até aberto mão de valores e princípios por ver e experimentar coisas que não conhecia antes. Isso acontece quando tomamos decisões sem consultarmos a voz de Deus e achamos que não precisamos respeitar a ordem de cada acontecimento. Acreditamos que já sabemos o suficiente para ter uma vida distante do Semeador, mas só Ele conhece com afinco o solo onde pisamos. Sem o conhecimento de alguém que é especialista em brotar da terra seca frutos novos, como saberemos se há terra boa em cidades distantes?

Não sejamos como aquele filho, recolhendo tudo o que temos para viver num lugar que não é apropriado para o plantio. Aliás, nem sempre nossos bens serão algo material, mas um dom, uma habilidade dada pelo Senhor (Tiago 1:17-18). E quando escolhemos desperdiçar algo que nem mesmo é nosso ou veio de nós, podemos acumular dívidas irreparáveis com Aquele que entregou a semente em nossas mãos (Mateus 25:15-30).

Um bom filho reconhece que não sabe plantar sozinho, aceitando a ajuda do Pai, guardando com responsabilidade os seus bens e multiplicando dons e talentos. Ele sabe que ir para uma terra distante e desconhecida nunca trará uma colheita proveitosa, pois o fruto da irresponsabilidade é e sempre será o arrependimento.

Entenda que plantar é uma ordenança do Senhor, mas escolha bem o lugar onde deseja fincar suas raízes. E raízes precisam ser cuidadas continuamente para adquirir força e crescimento. Uma planta de raízes rasas não resiste aos fenômenos que vêm contra ela (Mateus 13:21).

Quando vivemos uma vida superficial, nossas raízes não conseguem se firmar e absorver os nutrientes necessários para que nos desenvolvamos como árvores que crescem e ofertam bons frutos a Deus. E sem alimento, morremos. Sem a Palavra, sem a presença do Pai enquanto andamos pelo desconhecido, estamos fadados à sequidão da alma. Nossa terra fértil interior se transforma num caminho desértico e sem vida.

Imagine correr debaixo do sol por um quilômetro inteiro e, no final, descobrir que o recipiente de água que carregava consigo já não tem mais nenhuma gota! É assim que vivemos quando nossas raízes secam por escolhas impensadas.

Só Deus é capaz de fazer água brotar onde os poços já se secaram. Só Ele faz desertos jorrarem mananciais de vida, e vida eterna. Portanto, decida hoje o resultado de suas colheitas.

Preste atenção na semente, escolha uma terra proveitosa para o plantio, regue todos os dias o seu jardim com orações e súplicas, adube com o conhecimento das Escrituras e permita que suas raízes cresçam até ser impossível retirá-las do solo, que é a casa do Pai, o bom Semeador que não deixa de velar pela colheita dos filhos que andam debaixo da Sua lei.

O que eu desejo plantar e colher neste tempo?

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