Capítulo 7 - EU MUDEI, ELE CONTINUA O MESMO

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"A seguir, levantou-se e foi para seu pai. Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou."
Lucas 15:20

Quero dividir este capítulo em duas partes. Nesta primeira, falaremos ainda sobre a mudança que despertou o filho a retornar para casa (Lucas 15:20a).

PARTE I – O FILHO

O filho pródigo já não era mais o mesmo que saiu de casa tempos atrás. Suas experiências – boas e ruins – foram moldando e reconstruindo pedaços da sua visão sobre o mundo e o que ele tem a oferecer. Ele mudou, e mudar é absolutamente normal. O único ser imutável é Deus, e Ele não precisa mudar, pois já é perfeito em tudo o que faz (Deuteronômio 32:4).

No livro de Romanos, capítulo 12 e verso 2, lemos o seguinte: "Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Transformar significa que algumas convicções precisam cair por terra para que uma metamorfose positiva aconteça de dentro para fora. E ela só acontece quando reconhecemos sua necessidade iminente.

O filho poderia estar até receoso quanto ao encontro com aquele que o gerou. Entretanto, uma mudança acontecia em seu interior a cada passo que dava em direção ao caminho que antes percorreu sem olhar para trás.

Não é errado reconhecer mudanças em nosso caráter e novos modos de pensar e agir. Eles produzem em nós um senso de identidade, nos fazem crescer e florescer para novas experiências com Deus, pois quando temos um encontro verdadeiro com Ele, é impossível continuarmos os mesmos.

Quando mudamos, nosso olhar sobre o ambiente em que estamos e, principalmente, sobre nós mesmos tende a se modificar igualmente. E o nosso redor também se transforma, seja sob nossa influência ou nova consciência dos fatos. Nada permanece igual para sempre.

Não tenha medo de mudar. Não tenha medo de deixar o Senhor te mudar. O medo nos afasta de sermos a nossa melhor versão, e esta se encontra quando nos deixamos ser aquilo que Ele nos criou para ser.

A Palavra, em Gênesis 1:26, diz que fomos formados à Sua imagem e semelhança. A imagem é o que refletimos do lado de fora, enquanto que sermos semelhantes a Cristo envolve todo o nosso ser. Assemelhar-se fala de parecer, imitar, viver e respirar nossa inspiração. É a pura e radical metanoia, que nos transporta de uma vida sem propósitos para um padrão de viver segundo aquilo que fomos chamados. Mudar para se parecer com o Pai implica em nascer de novo para uma vida plena e relevante.

Que a mudança da nossa casa, vizinhança e nação seja a realidade dos nossos dias. E que ao mudar possamos verdadeiramente experimentar a vontade boa, perfeita e agradável de Deus.


PARTE II – O PAI

A continuação do versículo que estamos vendo conta que o pai moveu-se em compaixão (Lucas 15:20b). E compaixão significa "colocar-se no lugar das tristezas do outro, olhando para ele com um sentimento latente de querer salvá-lo". O que será que isso nos lembra?

Enquanto o filho passou por altos e baixos, certezas e conflitos, bonança e tempestade, o pai se manteve firme em sua espera. Enquanto passamos por metamorfoses e processos em nossas vidas, o Pai se mantém firme, ansiando o dia em que nossos olhos se voltarão para Ele com clareza.

Jesus se compadeceu de toda a humanidade diante de um amor sem trocas e condições. Ele nunca esperou que voltássemos. Isso não é e nunca será uma garantia. Somos seres inconstantes e falhos – falamos "a" e fazemos "b". Mesmo assim, Ele continua correndo até nós com os braços prontos para nos abraçar.

E por quanto tempo vamos deixar o Pai esperando? Até quando evitaremos repensar escolhas e princípios que nos afastam Dele? Se Deus é sempre o mesmo, que nosso "sim" seja "sim" e nosso "não", "não" (Mateus 5:37), bem como nossas atitudes.

Não é mais hora de esperarmos, mas de sermos a mudança que esperamos, cumprindo assim o que o Pai nos designou. E que sejamos rápidos, pois "a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus" (Romanos 8:19).

Que mudanças urgentes preciso experimentar para me aproximar novamente do Pai?

O caminho dos filhosOnde histórias criam vida. Descubra agora