Capítulo 8 - O AMOR É UM CAMPO DE BATALHA

2 0 0
                                    


"O filho lhe disse: 'Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho'."
Lucas 15:21

A teoria é bem mais fácil do que a prática, não é mesmo? Só que nesse momento, o filho precisava ir até o pai e dizer aquelas palavras, antes ensaiadas, agora com toda a sua verdade, batendo de frente com o ego e a vergonha.

É nesse momento em que percebemos algo importante: "Existe amor onde há conflito". Ouvi essa frase num vídeo da influenciadora digital Marta Fonseca (do canal Armário de Madame) e por muito tempo, tenho que confessar, discordei da afirmação. Sempre encarei o amor como algo sublime, um sentimento de pureza, delicadeza e compreensão. Até mesmo na Bíblia Sagrada encontrei textos que me mantinham nessa linha de pensamento (1 Coríntios 13). Porém, ao refletir mais profundamente sobre essa frase, percebi que a mesma não poderia estar mais correta.

Como seres humanos, temos uma visão do amor e dos relacionamentos que é 8 ou 80. Ou nos espelhamos nas relações de contos de fadas, com direito a príncipes, princesas e felizes para sempre, onde nada dá errado, ou achamos que o amor precisa ser literalmente sofredor (1 Coríntios 13:7), onde uma das partes se doa incondicionalmente até perder-se de si mesmo. Mas a realidade é que o amor, e principalmente o amor de Deus, é um sentimento conflitante.

Você pode estar torcendo o nariz neste exato momento, pois não há dúvidas de que esse Amor é perfeito. Longe de mim dizer o contrário, pois se existe algo que nunca falha é o amor do Pai pelos Seus filhos. Mas deixa eu te explicar uma coisa: não espere do Senhor um amor que não te desafie a sair do estado em que se encontra.

O amor de Deus gera conflitos ao homem em seu interior. Compreender que alguém abriu mão de Glória e Honra celestiais por uma sociedade que lhe vivaria as costas, torturaria e pregaria numa cruz não só uma vez, mas todos os dias, certamente não é algo fácil de digerir. Imagine então entender um amor que não te deixa na inércia, mas te impulsiona a ser alguém mais parecido com Ele em cada palavra, ação e reação (1 Pedro 1:15,16)!

Quando sou confrontado pelo amor do Pai, preciso entender que os conflitos fazem parte do meu desenvolvimento enquanto filho. Assim como um bebê precisa cair várias vezes ao iniciar seus primeiros passos até aprender a andar sozinho, eu preciso bater de frente com as minhas próprias convicções até aprender quais delas devo manter e quais estão na hora de caírem por terra, pois não agradam Àquele que me ensinou a caminhar.

Algumas pessoas já cantaram que "o amor é um campo de batalha", e eu concordo. Isso não significa que o amor seja um sentimento opressor e difícil de encarar, mas quer dizer que ele vai colocar suas emoções e achismos em "guerra" com a verdade. Quem puder se sustentar será declarado vencedor no fim das contas.

Amar não é passar a mão na cabeça ou concordar com tudo sem questionar. Amar é saber ouvir e falar com sinceridade. É levar o outro até o seu melhor, ainda que ele não saiba como melhorar. É servir de suporte nos dias maus, seja segurando suas mãos ou dobrando os joelhos. É estimular, impulsionar, empurrar para frente se for necessário. É olhar e agir como se fosse para si.

O próprio Amor olhou para nós e decidiu que nos levaria até o limite de quem nós somos para que Seu Espírito prevalecesse em nosso interior. Ele lutou contra a carne e o pecado, enfrentou duras acusações e uma morte de cruz silenciosa, mas capaz de causar um barulho enorme no inferno e nos céus. Tudo isso foi a prova de que vale a pena lutar por amor.

Sendo assim, é hora de soltarmos as amarras de resistência que nos impedem de entrar em guerra com quem nós somos hoje. Entre em conflito com o que tem gerado uma falta de amor em sua vida e escolha lutar com, e não contra Ele.

Quais conflitos que tenho evitado podem gerar crescimento em mim?

O caminho dos filhosOnde histórias criam vida. Descubra agora