Capítulo 11 - PERDIDOS NA CASA DO PAI

2 0 0
                                    

"Mas ele respondeu ao seu pai: 'Olha! Todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa esse seu filho, que esbanjou os bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele'."
Lucas 15:29,30

A palavra "pródigo" é traduzida no dicionário como "aquele que dissipa seus bens ou gasta mais que o necessário". Com isso, baseados nas Escrituras, é fácil entender por que aquele filho foi chamado assim. No entanto, se analisarmos o sentido real da palavra, entendemos que existiam dois filhos que abriram mão de algo vindo do pai. Um gastou suas riquezas e bens materiais, mas o segundo desperdiçou algo que não se pode comprar: seu direito de filho.

Podemos perceber isso na fala carregada de mágoa daquele filho: "Todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço". Aí está seu maior erro durante toda a narrativa. Bem como o filho pródigo, seu irmão se via apenas como um servo, ainda que morasse na casa.

É muito fácil nos enxergarmos nessa mesma perspectiva, principalmente quando já possuímos anos de Evangelho. Sabemos que a fé sem obras é morta (Tiago 2:17), porém muitas vezes deixamos que as obras tomem conta da nossa vida espiritual, colocando-as como prioridade em nosso relacionamento com o Senhor.

Servir a Deus é e deve ser sempre um prazer, mas Ele não nos mede por isso. Não é esse tipo de esforço desmedido que o Senhor procura. É como o povo de Israel, que trazia sacrifícios diante de seus pecados. Só que, com o tempo, aqueles sacrifícios tornaram-se rituais vazios e sem arrependimento.

Não podemos servir a Deus por que simplesmente já estamos acostumados ao serviço. É necessário servir em amor. É preciso nos sujeitarmos a Ele como filhos apaixonados.

Muitas vezes vivemos ao lado do Pai, mas queremos "disputar" Seu amor, como se isso medisse nossa santidade ou intimidade com Ele. Por exemplo, estamos sempre falando de quantas horas dedicamos à oração, quantos cultos semanais frequentamos e quantas obras missionárias ajudamos. Consideramos "santo" aquele que está sempre na igreja, que anda de terno e gravata e com uma grande Bíblia de estudos nas mãos. Vivemos um Evangelho regado a aparências, mas o que precisamos é exalar a essência de uma verdadeira adoração.

Se o filho reconhecesse seu valor diante do pai desde o princípio, ele mesmo prepararia uma festa para o que voltou. Ao invés disso, ele aponta os erros do irmão e acusa o pai de não o apreciar.

Quero lhe dizer uma coisa: o Pai sempre olhará para Seus filhos com olhos de amor. Ele mesmo diz que somos a menina dos Seus olhos. Nós é que precisamos sair da nossa velha e limitada perspectiva e entender que não é uma celebração, um serviço ou a palavra de alguém que pode definir nossa identidade. Chega de vivermos perdidos na casa do Pai!

Fomos gerados por Deus. Fomos sonhados e planejados por Ele antes de habitarmos o ventre de nossas mães. Não podemos mais abrir mão daquilo que Ele preparou para nós, nem exigir do Senhor uma recompensa pelo trabalho dedicado aqui na Terra. Nossa herança está nos céus, e ela é consequência de uma vida de amor e submissão voluntários.

Qual lugar as obras que desempenho precisam ocupar em minha vida? E como posso me reencontrar, ainda que esteja vivendo na casa?

O caminho dos filhosOnde histórias criam vida. Descubra agora