Capitulo 29

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Concentrar a respiração... Inspirar pelo nariz e expirar pela boca... Repita 10 vezes... Distraia-se,
procure algo de interessante no ambiente ao seu redor ou procure por aquela playlist favorita
no seu celular... Feche os olhos... Faça uma contagem regressiva de 50 para 1... Repita tudo de
novo. Era isso que Sina fazia enquanto aguardava sua entrada ser liberada para ela visitar
aquele presídio feminino. Aquele passo era um dos mais importantes para tudo o que viria. Na
verdade, repassar o que aconteceria na sua cabeça, só estava piorando...
- Falar com a Ale
- Entrar no Cadmus
- Derrotar o Cadmus (Provavelmente tendo o ódio da nação no processo)
Precisava se distrair. Repetir os paços que havia aprendido, a procura por sua playlist parecia
incessante, era aqueles momentos que nem o aleatório ajudava. Mas encontrou uma sim... No
meio de todas aqueles românticas clichês e Taylor Swifts que aprendeu a gostar com Heyoon e
Ju, encontrou a música que lhe acalmava. Era irônico às vezes, também engraçado, a maioria
das pessoas quando querem se acalmar, escutam uma música relaxante para os batimentos
irem batendo no ritmo da música, já Sina... Bem, o modo de relaxar de Sina era ao contrário,
preferia uma música forte que a fizesse esquecer de tudo, uma bomba para depois se acalmar.
Dessa forma peculiar de relaxamento, a Deinert deu um sorriso quando a melodia de sua
música favorita saía pelos fones.
I'm tired of being what you want me to be
[Estou cansado de ser o que você quer que eu seja]
Feeling so faithless, lost under the surface
[Me sentindo tão sem esperança, perdido abaixo da superfície]
I don't know what you're expecting of me
[Eu não sei o que você está esperando de mim]
Put under the pressure of walking in your shoes
[Vivendo sob a pressão de seguir seus passos]
Caught in the undertow, just caught in the undertow
[Pego pela correnteza, simplesmente pego pela correnteza] Every step that I take is another
mistake to you
[Cada passo que eu dou é outro erro para você]
Caught in the undertow, just caught in the undertow
[Pego pela correnteza, simplesmente pego pela correnteza]
I've become so numb
[Eu me tornei tão entorpecido]
I can't feel you there
[Não posso te sentir aí]
I've become so tired
[Fiquei tão cansado]
So much more aware
[Tão mais consciente]
I'm becoming this
[Eu estou me tornando isso]
All I want to do
[Tudo o que eu quero fazer]
Is be more like me
[É ser mais eu mesmo] And be less like you...
[E ser menos como você...]
Numb do Linkin Park a lembrava dos seus momentos de adolescência, a Deinert nunca tirou
aquelas músicas de sua playlist, estavam lá ainda... Mas agora apenas para curtir o ritmo, não
mais para servir de combustível para sua rebeldia.
- Senhorita Deinert? - O homem da recepção fala tirando Sina da sua bolha de tentativa de
acalmar a si mesma. - Pode entrar agora.
Com um assentir de cabeça, Sina tira seus fones e os coloca na bolsa, se levantando e
incorporando seu personagem, incorporando a temível CEO, a imponente, precisava passar
aquela imagem de Deinert para Ale, se quisesse alcançar seu objetivo.
Senhora Deinert? - O agente que ficou responsável por guiar Sina a anuncia para a mulher
que jogava tranquilamente xadrez na mesa daquele salão. - Visita para a senhora.
- Sina querida, lembrou que tem família? - Ale fala irônica e dando o seu sorriso enigmático
- Claro mamãe... - Sina fala rebatendo no mesmo tom a mais velha - Poderia nos deixar
sozinhas? - Pergunta para o guarda que ainda estava ali olhando a interação, o mesmo logo
assente e sai deixando as duas Deinert sozinhas.
- O que você quer minha filha? - Ale foi direto ao ponto - Afogar as lágrimas pelo
relacionamento fracassado?
- Sabe que os Deinert não choram. - Sina fala se sentando na posição do jogador 2 no
xadrez, ficando com as peças brancas e começando a jogar com a outra. - Estou aqui por outro
motivo.
- Sua rainha está desprotegida... - Ale cantarola executando um movimento mas não comendo
ainda a rainha de Sina. Estava a testando - E qual seria?
- Pensava que você e o Noah fossem melhor encobrindo as provas... - Sina fala e move o
seu cavalo, comendo um peão de Ale no processo. - O depósito, sério?
- Não sei do que está falando - Ale desconversa e come um bispo de Sina,causando um
sorriso na CEO, eles eram tão previsíveis no xadrez que fazia a CEO querer rir. Eles tinham que
ter aulas com Ju se quisessem tentar ganhar dela um dia. - Continua com a rainha
desprotegida?
- Sabe sim do que estou falando. Deixar arquivos de uma arma biológica no depósito... Sabem
que uma hora ou outra alguém iria achar. Era tradição da Deinert Corp que seus herdeiros
fizessem estágio em todas as áreas da empresa, inclusive limpar o depósito. Então porquê
colocaram lá?
- Você não teria herdeiros... - Ale fala e então pela primeira vez deixa a entender que comeria a
rainha de Sina, colocando seu cavalo armado. - Na verdade... não tem, não é mesmo?
- Não sei... - Sina fala e move seu rei para distrair Ale. Com o rei longe da proteção,ela
escolheria comer a rainha, ou o rei. - A filha da minha ex noiva ainda poderá ser...
- Alguém que não tem o sangue Deinert? O mundo está perdido mesmo... Vai colocara
empresa da nossa família nas mãos de um não Deinert?
- Pode ser... - Sina fala misteriosa e derruba o cavalo de Ale com a torre. - Pode não ser...
- Sabe que odeio enrolação Sina. - Ale fala perdendo a paciência com a menor. - Se está aqui,
é porquê quer alguma coisa. Se não poderia ter denunciado a mim e a seu irmão logo.
Quero entrar no Cadmus.
- O quê? - Ale precisou parar o seu jogo para olhar a filha, ela e o Cadmus? - Acho que a idade
está finalmente chegando, estou tendo alucinações. Você e o Cadmus?
- Sim... - Sina fala usando sua expressão de negócios, ou seja... Sem expressão. - Eu quero
entrar no Cadmus.
- O que te levaria a isso? Não entendo... A grande Sina Deinert... Que negava o sangue
Deinert, agora... Cadmus? - Ale pergunta realmente confusa enquanto Sina levantava sua
rainha, a tirando do tabuleiro e a colocando próximo de seu rosto, usando o cotovelo na mesa
para apoiar o braço.
- A D-Corp... Existem projetos que só vão para frente se eu fizer... Hum... Experimentos que o
conselho de bioética não aceita. Então... A D-Corp é uma força do bem, mas também é uma
empresa, preciso de valorização das ações, mas também preciso progredir nas pesquisas para
as ações valorizarem, é um ciclo. E para que esse ciclo funcione, preciso do Cadmus. - Sina
fala ainda segurando a rainha e olhando para a mãe, com as sobrancelhas arqueadas. - E então...
O que preciso fazer?
- Meus funcionários entrarão em contato com você. - Ale diz se rendendo, mas assume uma
expressão séria. - Agora Sina, se eu souber que você está nos traindo, que isso é apenas mais
um dos seus jogos para ser a heroína da história... Não terei piedade porque você é minha filha.
Entendidas?
- Claro... Mamãe. - Sina fala piscando para a mulher e então finalmente move sua rainha. -
Xeque-Mate. - A loira fala comendo o rei de Ale, finalizando o jogo e se levantando. Sua
missão ali já havia sido cumprida, não queria passar mais tempo do que o necessário ao lado
daquela mulher. - Adeus, mamãe.
(...)
Aquela manhã de sábado amanheceu trazendo esperança para a jovem Jeong. Iria finalmente
poder se desligar de tudo que a rondava, ou era o que esperava. Arrumava sua bolsa com calma,
colocando as peças de roupa que achava necessário para a ocasião, sem esquecer o pijama e
claro, alguns livros.
Heyoon apareceu na porta do quarto da filha e ficou escorada ali vendo a garota arrumar suas
coisas. Era naquelas horas que as mães se pegam pensando no quanto o tempo passou, e que
eles crescem rápido. O maior mistério da humanidade para uma mãe, é entender como aquele
projeto de ser humano que havia saído dela há pouco tempo atrás, já estava agora arrumando
uma mala para dormir fora.
- Está levando o protetor solar? -Heyoon perguntou vendo a menina fechar a grande bolsa e a
colocar no braço.
- Claro mãe. -Ju fala revirando os olhos e dando um sorriso, era tudo como antes,mas as
duas sentiam que faltava algo, e elas sabiam o que era. - Está tudo aqui. - A menina fala e Heyoon se
desgruda da porta para andar até a cômoda da garota e tirar o boné azul dos Yankees e tirar a sujeira acumulada, dando leves tapinhas.
- Não vai levá-lo? -Heyoon pergunta entregando o boné na mão da menina, que olha para ele
nostálgica - Você ama ele.
- Ele me lembra dela. -Ju fala erguendo sua cabeça para encarar a mãe, se sentindo
sufocada com tudo o que queria dizer sobre aquela situação. Mas resolveu seguir o conselho de
Sofya, deixá-las se resolverem, não adiantaria nada Ju forçar a volta de um relacionamento se
as duas não queriam. - E lembrar dói. - De fato, Ju havia se apegado a Sina no fim de tudo.
Elas eram muito parecidas, a aproximação era inevitável.
[Flashback on]
- Anda gente! Precisamos pegar os melhores lugares! - Ju fala correndo na frente do casal. Era
o jogo dos Yankees, o primeiro que Ju ia para ver o time de baseball do coração.
O jogo era NY Yankees contra NC Cavaliers, empolgada era pouco.
- A não. -Heyoon protesta - Primeiro vamos comprar cachorro quente. - A mais velha diz e para na
fila da comida, Ju vendo que não adiantaria argumentar contra a mãe, já que era comida, parou
de andar e voltou a se juntar as duas mulheres na fila. - Não sei de onde tirou esse amor todo
pelos Yankees.
- Qual é Heyoon!? - Sina exclama. - Os Yankees é tipo o melhor time de todos os tempos! -
Sina argumenta. - Tá representado até...
- Nos livros do Rick Riordan... -Heyoon fala revirando os olhos, ela não era torcedora dos Yankees,
na verdade... Ela gostava dos NC Cavaliers. - Mas isso não significa que só porque estão num
livro, que eles são bons.
- Mas mãe... -Ju tenta argumentar porém Sina corta a garota, abraçando Heyoon por trás pela
cintura.
- Não adianta Ju, ela infelizmente vai ter que voltar chateada para casa porque os Yankees
vão só massacrar os Cavaliers. E também não sabe valorizar um boné mágico... - Sina fala e
dá um beijo na bochecha de Heyoon, para provocar. Recebendo protestos por parte da coreana. 
-Aprenda uma coisa Ju... - Sina começa - Ninguém é perfeito. Sua mãe é claro que tinha que
ter um defeito, infelizmente é torcedora dos Cavaliers. Mas como o amor é cego... -Sina fala e
dá outro beijo na bochecha de Heyoon, que protesta novamente, tentando se desvencilhar do
abraço de Sina, com raiva por ser a única dali que gostava do time - Eu te amo mesmo assim
viu amor?
- Não sei o que fiz para ter que compartilhar minha vida com duas torcedoras dos Yankees. -
Heyoon bufa e Sina solta uma risada enquanto olha para o stand que ficava ao lado da loja de
comida. - Hey! Onde vai? - Heyoon pegunta quando Sina finalmente se desvencilha do abraço e sai
do campo de visão das duas, sem responder. - O que deu nela? - Pergunta para a filha.
- Sei lá, quem é para conhecer ela é você ué. - A menina da de ombros e olha para a fila do
cachorro quente - A senhora é a próxima. - Avisa
- Hum... - Heyoon fala olhando o menu - 6 cachorros quentes, 3 copos grandes de refrigerante, uma
pipoca grande e aquele picolé ali por favor. -Heyoon fala e olha para a filha - Vai querer alguma
coisa? - Pergunta e a menina rir, sabendo que a mãe estava brincando, ou não.
- Acho que é bom adicionar mais dois cachorros quentes... - Recomenda - Temos que guardar
uns para a Bina também. - Ela diz e Heyoon rir, negando com a cabeça, mantendo ainda o pedido
inicial. Elas tinham um buraco negro no estômago, como dizia Sina, mas não era para tanto.
- Obrigada. - Heyoon fala recebendo a bandeja com o que pediu depois de pagar, saindo da fila em
seguida e encontrando Sina as aguardando com a mão para trás, escondendo algo.-
Aprontou o que?
- Eu? - Sina pergunta inocente. - Nada...
- Você sabe que somos curiosas -Heyoon começa. - Então não me force a dar a bandeja para Ju 
e te forçar a mostrar o que esconde. - Heyoon ameaça e Sina rir, mostrando os dois bonés dos
Yankees que escondia. - Sério isso?
- Claro. - Sina fala colocando um boné em si e depois colocando o outro em Ju. -Agora
estamos como verdadeiras fãs dos Yankees. - Sina fala e tira o celular para bater uma foto
com todas elas juntas, é claro com Heyoon fazendo uma careta no fundo e as outras duas se
amostrando com os bonés novos.
- Vamos logo para esse jogo -Heyoon bufa e vai andando na frente com raiva das duas loucas
pelo Yankees que arranjou na vida, mas ao mesmo tempo feliz pelo o rumo que sua vida havia
tomado.
[Flashback off]
- Eu sei que dói filha. -Heyoon fala respirando fundo, para lutar contra as lágrimas. - Acredite,
também dói em mim também.
- Vocês não se amam mais? -Ju pergunta encarando o fundo dos olhos da mãe,não
aguentava mais não perguntar.
- Claro que não! - Ju se apressa em negar. - Amo Sina como nunca amei outra pessoa! Só
não amo mais ela do que você!
- Então porquê terminaram? - Ju pergunta não entendendo. Porquê duas pessoas que se
amam não podem ficar juntas? Porquê um dia estava tudo bem, e no outro tudo desmoronou?
Heyoon apenas respirou fundo, não podia colocar toda a carga que ela e Sina estavam segurando,
precisavam garantir a justiça, e aquela era a forma mais segura para proteger ambas, proteger
Julia.
- Só preciso que confie em nós. Pode fazer isso?
Posso. - Ju fala e Heyoon planta um beijo em sua testa.
- Ótimo. - Heyoon diz dando um sorriso acolhedor para a filha - Agora vai. Tati está esperando lá
em baixo. -Heyoon diz e dá pequenos empurrões para a filha se apressar a sair do quarto e
consequentemente ir para a porta do apartamento. - Se cuide. Te amo.
- Também te amo. -Heyoon fala e fecha a porta, deixando Heyoon sozinha ali. Como a muito tempo
não ficava...
(...)
A casa de Sofya revelava bem os padrões daquela escola, uma casa grande, considerada por
alguns uma mansão, com uma linda piscina, um deck e tudo. Ju não podia negar suas raízes
de classe média, já que entrou no salão daquela casa sendo guiada por Tati e não pode não se
impressionar com a decoração.
- A senhora é decoradora de interiores não é Tia Tati? - Ju pergunta, já havia tido aquela
conversa com Sofya sobre a profissão de seus pais, então apenas queria confirmar.
- Sou sim Ju. - A loira confirma enquanto ambas andavam rumo aos fundos da casa, onde
havia o Deck e a Piscina. - Por que? Gostou da decoração?
- É bastante bonita Tia. - A menina elogia passando pelos corredores acompanhada da mulher.
- Sou nova nesse lance de sabe... Hum... - A menina procurava uma palavra que descrevesse a
sua nova situação econômica sem debochar, mas seu vocabulário parecia programado para
aquilo.
- Você pode dizer rica Ju. - Tati fala rindo da garota corada. - Se tem algo que eu me orgulho,
é dos frutos do meu trabalho. O dinheiro é um deles. Me orgulho de poder da a Sofya uma vida
melhor do que a que eu tive, e me orgulho de que minha filha na idade dela tenha mais privilégios
que eu tive na mesma idade. E me orgulho ainda mais de Sofya reconhecer isso, ser agradecida
mas mesmo assim batalhar para fazer seu próprio nome. - A mulher fala com um brilho no olhar
de sua filha.
- É muito legal ouvir isso Tia Tati. -Ju  fala e quando vê, ambas já haviam chegado na área
cheia de jovens com roupas de banho se divertindo ao som de música e pulando na piscina.
Mas a jovem Jeong não estava nem aí para aquilo, estava amando conversar com a mais velha.
- Sabe... Como eu disse, essa coisa de... Ser rica - Ju fala ambas riem um pouco. - É nova. Eu
agora tenho poder aquisitivo, mas ainda tenho o mesmo pensamento de antes sabe? Aí era tão
estranho eu entrar numa escola em que todos os alunos já estavam acostumados com o alto
poder aquisitivo e menosprezavam isso... Sei lá, tratavam como um nada o dinheiro,
provavelmente fruto do trabalho dos pais deles. Fiquei com medo de me tornar isso, para me
adaptar. Mas graças a todas entidades, descobrir que haviam pessoas que pensavam como eu,
que davam valor ao que tinham. Sofya é uma delas. - Ju diz sincera. - Sua filha foi a primeira a
vir falar comigo na escola, se eu não fui engolida pelos padrões daquela escola, se me mantive
como eu realmente era, foi por causa dela.
- É bom ouvir isso Ju. - Tati fala sincera enquanto as duas sentavam em uma das mesas que
haviam no espaço. - Eu mantenho o que eu disse naquele dia no seu apartamento: É ótimo  minha filha ter encontrado alguém como você na vida dela, e melhor ainda é saber que você
gosta dela como mais que uma amiga, mesmo que ela ainda não tenha notado, mas ela gosta
de você também. Eu nunca gostei do antigo namorado dela sabe? Eu sentia que Sofya não era
valorizada como ela era, era apenas pelo seu status na escola...
- Os dois capitães de times da escola...
- Exatamente. As qualidades da Sofya como pessoa, eram ignoradas no relacionamento. Mas
eu não podia dizer isso a ela, assim como não posso abrir os olhos dela agora. Sofya precisa
amadurecer como pessoa sozinha, eu como mãe só posso apoiá-la. E o que eu vou dizer é
totalmente egoísta agora, mas por favor... - A mulher pega na mão da menina e ambas olham
para a sorridente Sofya que estava sentada na beira da piscina rindo de algo, ainda não havia
notado a presença de sua melhor amiga ali. - Não desiste dela ainda. - A mulher fala e Ju abre
a boca surpresa, aquilo era um pedido... Inusitado. - Eu como mãe, quero o melhor para minha
filha, e o melhor para ela é você. - E mais uma vez o queixo de Ju cai, porém, daquela vez
acompanhado de uma coloração vermelha no rosto. - Mas se você já desistiu, apenas... Apenas
continue do lado dela, nem que seja como amigas. - Ela pede e Ju suspira e olha mais uma vez
para Sofya na piscina. Tatiana estava sendo sincera, cabia a Julia ser também.
- Não vou negar a você tia... - Ela começa. - Eu já tentei esquecer a So, mais uma vez. Já fiz de
tudo para esquecê-la, até me afastar dela para por meus sentimentos em ordem eu fiz, mas...
Céus! É impossível. - Ju fala e rir, da sua própria desgraça, na opinião da menor. - Acho que
esse é o mal do primeiro amor...
- Você nunca esquece. - Tatiana completa. - Amor jovem é tão fofo... - A mulher brinca
suspirando, mas ao mesmo tempo falando a verdade, trazendo uma risada para Ju. - Eu olho
para minha filha e você... Acredite, a vontade de eu puxar minha filha pelo braço e gritar para ela
abrir os olhos é grande, porém exige muito autocontrole meu. - Ela fala e Ju rir novamente,
aquela mulher era um máximo. - Mas sabe... Algo me diz que esse aniversário não vai ser como
qualquer outro. - Ela fala e então finalmente Sofya nota elas e se levanta para ir até a melhor
amiga, Tatiana apenas acena para a filha e Ju se vira de costas para ver a loira vindo.
Sofya estava maravilhosa naquele biquíni preto liso, contrastava com sua pele branca, a
realçando e deixando mais bela a luz do sol. Opinião de Ju, claro. E como falava em 13
Reasons Why, aquele sorriso... Aquele maldito sorriso. Julia Jeong ali teve sua confirmação,
seu abismo por Sofya Plotnikova nunca acabaria.
- Ju! - Sofya fala indo de encontro a amiga e a abraçando forte. - Você veio para a pré-festa!
- Claro! Eu não falei que viria? - Ju diz sorrindo para a loira. - E também para dormir, assim
como você pediu. - Avisa. - Só ainda não entendo quem faz uma pré-festa de aniversário. - A
menina volta no assunto, sabia que Sofya adorava uma chance de provocar sua mãe.
- Tatiana Plotnikova e sua paixão por organizar festas. - A loira mais nova fala e Ju rir alto,
principalmente porque Tatiana reclama com uma falsa indignação, mas sorrindo, enquanto
comprovava tudo o que havia dito para Ju naquela conversa. A melhor pessoa para Sofya, era
a Jeong, e vice-versa. - Você se acostuma. Vamos! Estão todos na piscina. - Ela fala puxando Ju pelo braço em direção a roda de amigos enquanto a mais velha sorria largo para a filha e
sua amiga.
(...)
- Vamos Ju! - Sofya fala da piscina para a amiga que estava na espreguiçadeira. Ju havia
tirado já seu short, ficando apenas com a camisa da Supergirl que ia até a metade de suas
coxas. - Tira essa blusa e entra na água! - A loira insiste mais uma vez.
- Não So. Por favor, não. - Ju nega novamente, não queria entrar na piscina,principalmente
ficando só de biquíni. Se tinha uma coisa em que a garota ainda tinha timidez, era seu corpo,
mesmo sendo sempre incentivada e valorizada por sua mãe, avó, tia, e agora Sina, ela ainda
não conseguia se sentir confortável em ficar só de biquíni, principalmente na frente de
adolescentes com hormônios a flor da pele, odiava os olhares. Uma das soluções encontradas
por Sina e Heyoon para aquilo, foi comprar uma camisa de raio uv para a menina, assim ela ficaria
protegida dos raios do sol e também se sentiria confortável em ambientes assim, mas ela
infelizmente ficou no apartamento da Deinert, e Ju não sabia se podia ir lá ou não. Então,
resultado? Ju é a única fora da piscina e com um blusão escondendo seu corpo e roupa de
banho.
- Vamos... Vai... - Sofya sai da piscina e vai em direção a amiga, com Ju prontamente
entregando a toalha para a menina se enxugar.
- Outra hora. - Ju promete. - Quem sabe quando todos forem embora...
- Irei cobrar. - Sofya fala passando a toalha pelo seu pescoço e se deitando na espreguiçadeira
junto com a amiga, não deixando de molhar um pouco a roupa da Jeong.
- Não vai voltar? - Ju pergunta vendo que ela realmente estava se instalando para deitar
naquela espreguiçadeira.
- Não. - Sofya fala e coloca os dois braços atrás da cabeça, procurando uma posição relaxante
para ficar deitada e ainda ver a festa. - Só quando você entrar.
- Vai deixar os convidados sozinhos.
- Você é a única convidada que me importa. - Sofya diz simples e ambas ficam em silêncio,
Ju principalmente, porque não sabia o que dizer... Já que o gay pânic tomou todo o seu ser.
(...)
- Oi... - A porta do pequeno foi aberta pela coreana revelando do outro lado da porta uma
mulher de capacete, calça e jaqueta de couro pretas e uma blusa branca por baixo da última. -
Saiu sem ser vista?
- Consigo me passar despercebida quando quero. - A figura de capacete entra no apartamento
enquanto Heyoon fecha a porta e a tranca, indo logo depois até o grande janelão da sua sala e o
fechando, deixando o ambiente iluminado apenas pelas luzes do apartamento. Só então, depois
disso tudo, a mulher tira seu capacete, deixando as longas mechas loiras caírem por seus
ombros e os olhos cor  de mar que Heyoon tanto amava, puderam lhe encarar. -  Estava com saudades. - É a
primeira coisa que Sina fala depois de tirar o equipamento e da um sorriso para Heyoon, que
praticamente se joga nos braços da loira, pulando na mulher e enlaçando as pernas ao redor
da cintura dela, tomando os lábios dela como seus em um beijo saudoso e urgente.
- Você é louca Sina Deinert. -Heyoon fala ofegante depois do beijo, ainda nos braços da mulher.
- Por você, Heyoon Jeong. Por você. - Sina fala e daquela vez foi ela que beijou novamente a
namorada e enquanto isso, fazendo o caminho até o quarto da mulher, dando algumas
tropeçadas no caminho e atraindo risadas de Heyoon, mas sem nunca quebrar o beijo.

O Acordo SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora