Cá estava eu de novo, um pouco antes do sol nascer correndo pelos arredores das montanhas.
Sentir o vento em meus cabelos enquanto corria sempre foi minha parte favorita. Me passa um sentimento de leveza, como se eu pudesse ver a vida passando pelos através do ar, levantando a poeira e tudo que tem por perto.
Tudo estava calado, o pessoal ainda dormia essa hora. Tirando o Caçarola que acordava cedo para começar as coisas na cozinha, ele fala que é muito prazeroso ver todos apreciando a "arte" dele.
Mas tinha algo diferente hoje. Caçarola e eu não eramos os únicos acordados tão cedo.
Enquanto eu corria contornando as pedras da montanha, a imagem de cabelos longos e loiros me apareceu, a pessoa dona dos cabelos bonitos estava sentada na borda da montanha, olhando o horrizonte e me parecia bem concentrada. Eu não me lembro de tê-la visto ou notado antes. Definitivamente era novo para mim ver alguem essas horas por aqui.
A pessoa não me notou parado a alguns metros dali, observando-a tão imersa e interessada no que agora era o nascer do sol. Eu queria me aproximar, mas me sentia ansioso quanto a isso. E se eu a atrapalhasse, ou a incomodasse? definitivamente não queria isso.
Mas era mais forte do que eu. A necessidade de me sentar ali e apreciar o nascer do sol com uma pessoa que eu sequer conhecia e que eu me lembraria se já tivesse a visto antes.
Talvez você se pergunte porque eu não dei meia volta e continuei a corrida matinal, e é uma boa pergunta... Talvez eu quisesse conseguir sentir a paz que a pessoa transmitia enquanto via o céu mudar de cor, as nuvens aos poucos dando lugar ao sol que chegava agora.
Respirei fundo e tomei coragem (que pra ser franco eu não sei de onde veio) para finalmente ir até a dona dos cabelos loiros que chamaram minha atenção.
A garota não pareceu ter me notado por ali. Se ela notou, não pareceu ter dado importância para minha aproximação e isso não me incomodou. Na verdade me fez sentir mais seguro. Então sentei ali, a alguns metros dela, que agora estava de olhos fechados com a cabeça inclinada para trás, parecia estar sentindo o vento. Assim como eu o sentia enquanto corria pelas montanhas.
- É lindo, não é!? - A garota falou como se soubesse que eu diria algo sobre a paisagem que estavamos assistindo agora. Sua voz era tão calma, serena. Não parecia carregar preocupação ou algo do tipo, fez eu me sentir tão leve. Senti que toda aquela ansiedade desapareceu na mesma hora.
- É sim... - Eu não sabia bem como continuar a conversa, mas eu queria. Queria escutar a voz dela de novo, e de novo.
A garota agora observava a coloração clara tomando seu lugar ao céu. Nesse momento consegui a observar melhor. Ela balançava as pernas no penhasco, os cabelos desalinhados por causa do vento, pareciam fios de ouro que desciam até os ombros da garota. Os olhos vidrados na paisagem, como se quisesse memorizar cada fase da mudança das nuvens. Só agora pude perceber que ela girava uma flor entre os dedos, eu não fazia ideia de onde a planta tinha surgido.
- Sou Rose, e você é? - A garota disse enquanto pela primeira vez virou o olhar para mim. E eu finalmente pude conhecer os olhos que captavam todos os movimentos do sol, que agora já estava tomando o seu lugar entre as nuvens também.
O mar abaixo de nós nem se comparava a imensidão azul nos olhos dela, eu diria que são o mar mais pacífico que eu poderia conhecer.
- Minho. - falei quase como um sussurro. A garota, que agora eu sabia que se chamava Rose, sorriu para mim e eu poderia jurar que senti uma batida do meu coração falhando. Seu sorriso era ainda mais pacífico que seus olhos.
- Prazer em te conhecer Minho, costuma ver o nascer do sol por aqui? -Ela me perguntou ainda sorrindo.
- Sempre estou por aqui. - Respondi olhando para o horizonte. - Mas não me lembro de ter apreciado a vista tanto quanto deveria. E você? - Perguntei olhando para Rose, que agora prendia os cabelos em um coque bagunçado.
- Na verdade é minha primeira vez, não consegui dormir direito. - Ela contava com naturalidade, como se nos conhecêssemos a anos. - Não consegue dormir também? - Me perguntou parecendo interessada na história.
- Eu diria que é uma rotina passar por aqui de manhã. - Respondi sem muitos detalhes.
- Passa por aqui todos os dias e nunca parou para apreciar a vista!? Uau, com certeza você tem muito no que pensar então. - Rose riu baixo, talvez desacreditando do que eu tinha lhe contado.
- Como assim? - Perguntei ainda tentado entender oque ela quis dizer.
- Para não conseguir notar uma cena dessas, - Ela disse abrindo os braços para o céu. - Você tem que ter muitas coisas importantes na cabeça para pensar. - Me respondeu como se fosse obvio.
- É, talvez eu tenha algumas coisas para pensar. - Falei voltando a olhar para o céu. Apreciando mais uma vez a paisagem.
A dona dos cabelos loiros levantou e abanou a areia das roupas, colocou a pequena flor que girava entre os dedos ao meu lado e se espreguiçou.
- Talvez você não devesse pensar tanto nessas coisas. Dê espaço para o céu, Minho. - Ela falou mais uma vez como se soubesse tudo oque se passava na minha cabeça. E foi embora. Descendo e contornando as pedras pela montanha. Me deixando na companhia da pequena flor, e do sol. Sem espaço para outros pensamentos, só para o céu e seus lindos olhos azuis.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝑷𝑨𝑪𝑰𝑭𝑰𝑪 𝑩𝑳𝑼𝑬 𝑬𝒀𝑬𝑺 | MINHO
FanfictionApós toda aquela loucura de labirintos, curas e cranks, nunca achei que seria possível sentir um vestígio de paz novamente... Até que encontrei aqueles lindos e pacíficos olhos azuis...