Caminhava calmamente pela trilha tão bem conhecida por mim, todas as pedrinhas do caminho pareciam familiares, sinto que poderia descreve-las de cór se fosse necessário. Sabe aquela sensação de conforto e lar!? Sou facilmente invadido por esses sentimentos quando estou aqui. Depois de tanto tempo atrás dos muros, é bom ver tudo pelo ponto alto.
Após alguns minutos andando, avistei os cabelos de loiros de Rose compondo o horizonte, ela pulava sobre as rochas segurando uma cestinha de palha enquanto cantarolava algo que eu não conseguia escutar direito. Vê-la assim me traz a mesma sensação de conforto e lar que sinto ao andar por aqui, é inexplicável o quanto essa garota me faz bem.
Rose me despertou admiração desde o momento em que a vi apreciando o sol naquele dias nas montanhas, a garota me despertou curiosidade, pelo jeito que observa e admira as pequenas coisas ao seu redor. Eu queria protege-la, posso jurar que mataria qualquer ser vivo que tentasse machuca-la. Quero vê-la feliz, pois quando estou com ela esqueço tudo que passei, esqueço dos momentos em que eu só queria desistir, momentos que eram impossíveis de sorrir e dar risadas. Reações da qual ela consegue tirar de mim com simples gestos autênticos sem segundas internações. E conforto... Conforto que eu juro nunca ter sentido antes; seguro, calmo, singelo e verdadeiro.
- Ei MinMin, tá' apreciando a paisagem? Não olhe muito, eu posso começar a cobrar. - Rose chamou minha atenção, a garota agora ria enquanto tirava sarro da minha cara.
E agora essa! Quanto tempo será que passei a observando? Ridículo, desse jeito vou parecer um psicopata.
- Ei? - A loira veio até mim e acenou com uma das mãos, em uma tentativa me de trazer de volta dos meus devaneios. - Você está sempre no mundo da lua não é!? No que tanto pensa? - Cruzou os braços e me olhou de forma curiosa, nesse momento, parecia realmente tentar ler meus pensamentos.
Suspirei e arqueei as sobrancelhas - E você está se tornando uma pessoa muito curiosa não é, Rosie? Como você mesma disse, estava sim apreciando a paisagem. E não me chame de MinMin, ja lhe disse que é estranho. - Segurei a mão da mais baixa e a guiei até uma das grandes rochas para sentarmos juntos. Eu estava nervoso, como que em tão pouco tempo essa menina havia ganhado tanto poder sobre para mim!?- Já que perguntou, tem algo sim que queria conversar.
- Cruzes, como é misterioso! Me conta, oque te aflige? - colocou a cestinha na grama e me lançou um olhar esperançoso, trasmitia curiosidade. Mesmo assim, suas expressões continuavam calmas e acolhedoras, e com um pouco de preocupação.
Ok. E agora oque eu faço? Não posso simplesmente falar "Então, acho que to apaixonado por você haha que loucura né?" ou eu posso? Sinceramente, que complicação. Saudade de quando minha preocupação era basicamente permanecer vivo. Ninguém me contou que eu teria que me preocupar com sentimentos amorosos também. Plog.
- Minho, por Deus! Quer que eu arranque os meus cabelos de curiosidade? Pare de enrolar! - Vi a loira revirando os olhos em sinal da falta de paciência.
Fofa, eu que a ensinei.
E se eu tivesse enganado? E se esses sentimentos estivessem bagunçados e caóticos porque era a primeira vez que eu fazia amizade com uma garota depois de toda aquela confusão? E se estivesse me precipitando? Mais uma vez esse bando de "E se" me assombrando...
- Então... Ahm... É que eu tô' responsável pela próxima festa da vila sabe? E eu tava pensando ahm...se você por acaso não poderia fazer aquela coisa...Com as flores pra a gente distribuir lá para o pessoal sabe... Compor o visual da festa...
Que idiota. Com certeza já fui melhor em mentir, que tipo de sobrevivente eu sou? Me sinto totalmente sem credibilidade. Onde já se viu, fugir de uma organização genocida, de verdugos, cranks e ainda sim não saber contar uma mentirinha? Patético.
Tirando que os braços cruzados e o cenho franzido da loira ao meu lado também não me transmitem muita confiança.- Está mentindo para mim seu "mértila"? Não te ensinaram que isso não é de bom tom? - Rosie sorriu malicioso, um sorriso que eu não conhecia ainda vindo da parte dela. Estava me testando.
- Ora Rose, claro que não! Porque eu faria isso? Quando foi que você se tornou tão desconfianda? - Coloquei uma das mãos no peito, fingindo estar ofendido.
Claramente um ator impecável.- Não estaria desconfiada se você não ficasse esquisito igual está agora! - Falou firme.
- Vai me ajudar com as flores ou terei de me virar? - Estava na expectativa de que mudassemos de assunto.
- Hum... Okay, já que não vai me contar, não adianta nada continuar tentando. Aceito te ajudar com as flores, vou fazer essa boa ação por hoje! - Rose colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorriu convencida.
- Boa ação? E a consideração por mim? Que tipo de amizade é essa loirinha?
- Sabemos que você não conseguiria fazer as coroinhas sozinho, oque seria do pessoal sem os melhores enfeites de festa possíveis né!? A boa ação e por eles! Tirando que você não merece por esconder coisas de mim. - Riu convencida e pulou da rocha, dando tapinhas na calça para tirar possíveis vestígios de terra.
- Ouch, agora sim estou ofendido. Acha que não sou capaz de aprender a fazer um amontoado de flores para por na cabeça? Me acha tão imprestável assim? - Desci da rocha e arqueei a sobrancelha, recebendo uma risada divertida de Rose.
- Não é um simples "amontoado" é uma arte, demorou muitos anos para ser aprimorada, ouviu!? - Pegou a cesta que estava no chão e veio até mim.
- Ah claro! Mil perdões por minha falta de respeito!
- Deixarei passar desta vez, pebleu. Por coincidência ou não, eu já estava pegando flores! - Me mostrou alguns ramos que estavam dentro da cestinha e sorriu animada.
- Rosie, você está sempre com as flores? Que tipo de passa-tempo é esse? E suas obrigações lá na vila? - É verdade, a menor sempre está com as plantas. Não que seja algo incomum mas nunca tinhamos falado sobre isso.
- Para ser sincera, não sei, desde o labirinto são as únicas coisas que me trazem algum tipo de conforto. Como se por um momento me desligasse de tudo sabe? - Acenei positivo para ela - Acho que me apeguei muito ao sentimento de paz que elas me passam. E sobre as tarefas, acordo cedo. As faço muito rápido depois preciso de mais alguma coisa para me ocupar.
- Entendi... - Respondi quase como num sussuro.
Senti o braço de Rose me abraçar de lado e então começamos a fazer o caminho de volta para nossa casa, por um momento ficamos em silêncio observando as árvores e as borboletas que voavam pelo lugar.
- E você Min, tem algo que te faça sentir paz?
- Uhum... Você.
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𝑷𝑨𝑪𝑰𝑭𝑰𝑪 𝑩𝑳𝑼𝑬 𝑬𝒀𝑬𝑺 | MINHO
FanfictionApós toda aquela loucura de labirintos, curas e cranks, nunca achei que seria possível sentir um vestígio de paz novamente... Até que encontrei aqueles lindos e pacíficos olhos azuis...