Capítulo 70

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Anastásia

Sai da casa dos meus pais sem olhar para trás. Se eles não me aceitavam do jeito que eu era quem perdia eram eles... Eu quem não iria mais fingir ser o que não era só para os agradar.

Me despedi de Gui que ficaria na casa de Annalyse enquanto não saísse em turnê e dei uma carona a Leila. Minha irmã iria morar no mesmo prédio que eu já que passaria a ser vizinha de Christian, mas ao invés de ir direta para lá antes ia passar pela boate e como ficava a caminho não vi problema em a deixar lá.

— Dá para acreditar que nós saímos de casa?— perguntou ela depois que dei partida no carro

— Antes tarde do que nunca. — respondi sempre atenta na condução

— Ainda não acredito que papai vai ter coragem de te tirar da empresa, Ana. Você tem de fazer alguma coisa.

— Com as minhas qualificações não terei problema em arrumar um emprego.

— Sim, mas você sempre sonhou em dirigir a empresa da nossa família. Não é justo que ele te castigue por você não ser o que ele deseja. — dei de ombros

— Mudando de assunto. E você e Luke?— minha irmã sorriu — É sério esse namoro?

— Sim. Nunca imaginei sentir por ele o que sinto, Ana. Tipo um tempo atrás eu era louca pelo irmão dele. Como posso agora sentir algo tão forte por ele? Como nunca reparei nele antes? — me perguntou com um sorriso bobo no rosto — Tem vezes que parece que nos completamos. Ele me faz feliz.

— Se ele te faz feliz tem a minha aprovação.

Deixei Leila em frente a boate e depois segui em direção ao apartamento de Christian. Estacionei na vaga ao lado da dele e tirei as minhas malas do porta bagagem e subi até ao apartamento. Retirei da minha bolsa a chave que Christian me havia dado e sorri que nem boba ao olhar o porta chaves. Eu estava irremediavelmente apaixonada não tinha dúvidas. Abri a porta e Ryan e Christian ao me verem carregada vieram ao meu encontro pegar nas malas.

— Você devia ter ligado e pedido a nossa ajuda, baby.— disse Christian me beijando e logo depois tirando uma das minhas malas da minha mão

— As malas não pesam assim tanto.— respondi

— Não importa.

— Ana temos uma notícia ótima e uma péssima para você. Qual quer primeiro?— perguntou Ryan e olhei entre os dois irmãos

— A péssima...— respondi meio que em dúvida

— José conseguiu escapar a polícia.— disse Ryan — Quando Vince chegou com os policiais na casa do maldito ele já não estava lá. O cofre estava vazio e deram pela falta de algumas roupas o que sugere uma fuga.

— Bastardo. — murmurei — Qual a ótima notícia?— perguntei

— Em uma semana você e o meu irmão vão ter o apartamento só para vocês.

— Não. — disse eu — Você está indo embora?— ele assentiu — Não. Você não pode ir embora só porque me mudei, Ryan. Não é justo. — ele riu

— Cunhadinha linda do meu coração, eu só estava morando aqui porque o meu apartamento estava em obras. — disse ele e o olhei surpresa — Mas não se preocupe que não vai dar para sentir saudades já que seremos vizinhos. Moro no andar de cima.

— Daqui a pouco teremos um prédio familiar.— disse Christian me abraçando. — Ryan morando no andar de cima, Leila no andar de baixo. Quem serão os próximos a se mudar para cá?— perguntou rindo — Você está bem? Aconteceu alguma coisa na casa dos seus pais?

— Meu pai me demitiu da empresa.

— Ele o quê?— perguntou Christian irritado

— Você a escutou. — Disse Ryan

— Eu acho que Ray esquece que não pode tomar esse tipo de decisões sozinho.— disse meu namorado furioso — As nossas empresas se uniram em sociedade. Ele agora manda tanto quanto eu, por isso você não está merda nenhuma despedida.

— Querido...

— Você é uma peça fundamental naquela empresa, Ana e se o seu pai não consegue enxergar isso então ele não é o homem de negócios que pensei que ele era e foi um erro ter unido as empresas Grey com Steele.

Abracei Christian. Estava agradecida pelo seu apoio e apesar de não querer gerar conflitos entre ele e papai era bom saber que pelo menos ele reconhecia o meu trabalho.

Kate

Hoje era o grande dia em que Elliot e eu iriamos ter a nossa primeira consulta com a Dra. Montgomery. Se eu estava nervosa? Isso era um eufemismo para descrever o que eu estava a sentir.

Elliot e eu estávamos sentados na sala de espera da clinica a espera da nossa vez. Sempre que um casal saia da sala da médica com um enorme sorriso no rosto eu sentia uma comoção dentro de mim e apertava a mão do meu marido.

— Vai correr tudo bem. — disse Elliot beijando a minha mão

— Sei que sim.— respondi

— Katherine Trevellyan. — escutamos o meu nome ser chamado e seguimos a enfermeira

Conversamos um pouco com a Dra. que nos pediu para a tratar-mos por Addison e depois de fazer a pesagem e medição da minha barriga chegou a hora mais esperada por nós. O ultrassom.

Addison sorriu e de certa forma fiquei mais tranquila. Quando ela apontou para um pequeno borrãozinho no monitor e disse que ali estava o nosso bebê não me controlei mais e lágrimas caíram por todo o meu rosto. Olhei para Elliot e o mesmo também chorava. Trocamos um olhar cúmplice e depois escutamos pela primeira vez o bater do coração do fruto do nosso amor. Nunca escutei som mais lindo do que aquele. Era a sinfonia perfeita do nosso amor.

Ray

Ver Anastásia, Leila e Guilherme sair de casa sem nem olhar para trás cortou o meu coração. Flashes de quando os três ainda eram crianças passaram pela minha cabeça e então algumas lágrimas caíram pelo meu rosto.

Falhei. Falhei como pai e só quando os três me deixaram para trás é que percebi.

Eu como pai os devia ter apoiado nas suas escolhas e no entanto só os soube julgar e fazer cobranças.

Sempre julguei Leila pelas suas escolhas, nunca apoiei Guilherme nos seus sonhos e cobrei demais de Anastásia.

Agora eles haviam se fartado e eu os havia perdido.

Bati com a cabeça na parede e então senti braços envolverem a minha cintura.

Carla.

— Nós os perdemos, Carla.— murmurei e ela abraçou-me mais forte

— Um dia eles teriam de sair de casa querido. Isso não quer dizer que os perdemos.

— Eles me odeiam.

— Não seja absurdo.— me soltei de Carla e ri

— Absurdo? Carla nós nunca os apoiamos em nada. — ela baixou o olhar — Sempre julgamos Leila por ser dona de uma boate. Criticamos Guilherme por querer ser músico. E elevamos as expetativas em Ana querendo que ela assumisse um dia o meu lugar. Nunca nos importamos com o que eles queriam.

— E mesmo assim nenhum deles desistiu dos seus sonhos. — disse ela — Criamos pessoas fortes Ray e tenho a certeza que eles não nos odeiam. Podem estar magoados, mas ódio é uma palavra forte.

— Será? Acabei de tirar de Ana o que ela mais ama. — disse pensativo — Ela sempre deu o sangue pela empresa da nossa família e eu com o meu egoísmo foi incapaz de reconhecer isso para ela. Eu não a devia ter demitido.

— Você sempre pode voltar atrás na demissão dela.

Poder eu podia. E esperava que isso fizesse com que Ana me perdoasse. Eu precisava começar a melhorar como pai e a acertar com os meus filhos.

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