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Ser um Dulce não era nada fácil, mas Kim Taehyung se sentia muito especial por ter nascido em uma classe um tanto quanto rara.
Kim e suas irmãs faziam parte da leva de nascimentos promovidos pelo governo coreano. A porcentagem de indivíduos da espécie Dulce, estava muito baixa, com isso cada vez mais meninas e meninos eram sequestrados e vendidos a preços absurdos para Amaruns de grande poder econômico.
Além disso, a pobreza aumentava, com medo de saírem na rua e serem mortos ou sequestrados, sangues doces eram obrigados a ficar em casa, para a própria segurança, sem trabalho, sem sustento. A única forma desse estado de calamidade ser dado por encerrado seria com o aumento percentual de nascimentos Dulce.
O governo então, em uma tentativa social de gerar filhotes para esta classe, determinou que a cada nascido Dulce, uma boa renda financeira seria agregada à família, ou seja, quanto mais um casal tivesse filhos e estes sendo de sangue doce, mais renda econômica poderiam alcançar.
Desta forma, não somente ajudariam o país a crescer, como também conquistaram grande poder social, não passariam necessidades e conquistaram a devida liberdade. A segurança estaria restaurada.
Sendo assim, os pais do pequeno Kim, uma bela e delicada Dulce e um Amarum forte e responsável, ambos sendo pares um do outro, haviam dado à luz a 13 filhos saudáveis.
Três meninos e uma garotinha haviam nascido Amaruns, enquanto que Taehyung e suas 8 irmãs restantes eram Dulces delicados e cheirosos.
O Kim quando nasceu foi prontamente adorado, meninos de sangue doce eram ainda mais raros, essa genética tinha um peso na balança, afinal de contas, Dulces além de carinhosos, prestativos e inteligentes, eram ótimas pessoas para criação de filhotes, sua fertilidade era altíssima.
Contudo os garotos ainda eram garotos, não possuíam órgãos reprodutores, então um garoto Dulce não poderia gerar herdeiros.
Eram raros, mas infelizmente mal vistos. Apesar de terem um cheiro ainda mais doce e atrativo, Amaruns sempre buscavam por constituir uma família, e garotos não podiam engravidar, meninos de sangue doce não serviam para isso.
Devido a esse fator, muitos eram tratados como objetos sexuais.
Nascer no meio de todo aquele conflito social parecia algo natural para Taehyung. Passou grande parte de sua infância em um hospital para Dulces, realizava bateria de exames, a ciência queria constatar que os bebês que estavam sendo gerados aos montes nasciam perfeitos e com as características ideais.
Sua adolescência foi repleta de descobertas sobre a vida, desejos e interesses. Taehyung crescia no meio de muitas meninas, seus gostos eram diferentes, suas vontades também.
Enquanto elas se arrumavam e cuidavam do corpo, Taehyung imaginava como seria sua vida no futuro. Pensava unicamente em seu bem estar, será que conseguiria encontrar seu par? Conseguiria fazer faculdade? Ele seria livre para passear por todos os lugares sem ser assediado?
Diferente de muitos, Taehyung adorava suas capacitações, era amante de arte, sempre que podia, encontrava-se com um lápis e uma borracha em mãos, desenhando e imaginando formas, traçando pontos e retas distorcidas, fazendo suas próprias decorações em seus cadernos de estudo. Queria ser pintor ou fotógrafo, saber que sua classe apoiava essa área de estudos era simplesmente magnífico. Nunca conseguiria imaginar-se atrás de uma mesa, teclando informações em anexos de documentos, agendando horários e todo esse envolvimento com escritório.
Quando estava em seu quarto, o jovem pensava no passado em que seus progenitores viveram, quando ainda eram humanos. Seu pai não havia sido infectado pelo virus, o senhor Kim contava para ele e seus irmãos como havia se transformado em Amarum. Tinha sido mordido por um sangue amargo.
Taehyung imaginava como seria sua vida se fosse um humano, pra começar achava que nem estaria ali, talvez seus pais não seriam os mesmos, e não iriam ter treze filhos seguidos um do outro.
Felizmente gostava de sua vida simples, era encantador a forma que todos ao seu redor lhe tratavam, sempre foi mimado e protegido por seu querido pai, mesmo quando as estatísticas começaram a mudar e Dulces tinham a garantia de que podiam voltar às ruas, o senhor Kim continuava levando seus filhotes de sangue doce para todos os lugares.
Talvez se fosse humano, Taehyung não seria tão bem cuidado, mimado e incentivado a cursar fotografia. O que deixava o jovem contente era saber que, mesmo com a revelação de sua futura área de atuação, seus pais ficaram tão felizes quanto a prestigiada área de medicina de sua irmã mais velha.
Não havia distinções entre melhor ou pior.
Alguns anos se passaram, a situação com Dulces havia finalmente normalizado, seu pai já não estava compenetrado em lhe proteger 24 horas por dia, e mesmo que estivesse, não conseguiria, Taehyung havia se tornado um sangue doce bastante atarefado.
Cursava fotografia pela manhã, já estava em seu 4° semestre, faltavam apenas mais quatro para conseguir seu diploma, pela tarde sempre que podia saia com seus amigos, ou ficava de bobeira no parque central da cidade, levava seu caderno de desenhos e rabiscava os traços de pessoas que nunca havia visto antes, mas queria eternizá-las em suas folhas.
Pela noite o pequeno Kim trabalhava. A renda do governo só servia como auxílio até os 18 anos do filhote, depois disso a família não recebia mais nenhum benefício. Trabalhar não o ajudava somente a bancar suas mordomias, como também lhe trazia a sensação de dignidade. Não estava deixando seus estudos para serem bancados pelo seu pai, ele mesmo lidava muito bem com tudo.
O Kim trabalhava numa conveniência que ganhava bastante popularidade entre todos, a famosa casa de produtos naturais.
Na cidade as casas de ervas, plantas e produtos medicinais cresciam muito com a busca por um corpo saudável, forte e bonito. O Kim trabalhava na Nature & Beauty, uma marca de grande porte com milhares de filiais por toda a cidade, tinha muita sorte de ter sido aceito para ser caixa sem nenhuma experiência anterior.
N&B possuía o diferencial de ficar aberta 24 horas, além de produtos naturais, a loja também oferecia plantas medicinais e remédios que agiam no âmbito sexual. O cio.
O cio ainda era estudado por muitos cientistas do mundo todo, pelo fato de ter sido uma reação posterior a infecção, não tinham muitos dados, era novidade para todos.
Mesmo no ano de 2058, o pequeno Kim em seus 19 anos nunca havia passado pelo cio, e tinha muito medo daquele evento visto que poucos passavam, havia ocorrido somente com as classes Dulce e Amarum. Os remédios que passaram a existir serviam apenas para amenizar as sensações de desconforto, já que aparentemente o indivíduo só poderia ser saciado por seu próprio par.
Mas poucos encontravam o par.
Cada dia que passava, o governo e o ministério da saúde ganhavam milhares de dólares para que a produção de sangue sintético prosseguisse.
Amaruns dependiam do sangue, não podiam simplesmente morrer de fome. Mas o sangue não trazia a sensação de satisfação. O cio foi uma resposta a situação precária da sociedade, Amaruns sofriam com seus organismos que biologicamente imploravam pelo par de sangue doce.
Kim Taehyung nunca pensou que poderia encontrar seu par, e que ele estaria entrando na loja completamente entorpecido pelo cio, alucinando e implorando por seus remédios de controle sexual.
Era nítido em seus olhos que ele ansiava por um Dulce, um de sangue tão doce quanto mel, um que pudesse lhe satisfazer por completo.
Naquela noite, Taehyung não foi capaz de explicar para seus colegas de trabalho a sensação que sentia em seu coração.
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Dulce Sanguis. [𝒕𝒂𝒆𝒌𝒐𝒐𝒌]
Fanfiction[𝑪𝑶𝑵𝑪𝑳𝑼𝑰́𝑫𝑨] O mundo há tempos sofria com graves danos. Devido a ganância por poder, um laboratório renomado em Nova Yorque submeteu-se à realização de experiências capazes de alterar o dna humano. Um 𝒗𝒊́𝒓𝒖𝒔 surgiu, sendo proliferado...