Cap. 2 - Preso na Teia - Parte 1

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Capítulo 2 – Preso na Teia – Parte 1

Ainda estou insistindo nisso... Escrever esse diário... O que mais me resta? Preso neste quarto, me preparo para minha missão em Hogwarts e sei que vou morrer de qualquer jeito. Se não for nesta tarefa que eu não desejo, será nas mãos do Lorde das Trevas. Talvez esteja gastando meus últimos momentos pra escrever isso, como uma forma de deixar registrado o supremo sacrifício que estou pra fazer.

Meus planos seguiram por uns poucos dias, mas mesmo aquele abraço não se repetindo, algo mudara entre nós. Muitas vezes ficávamos ali, calados, apenas observando o plácido lago, em outras falávamos da solidão, da tristeza e dos sonhos. Coisas que somente amigos fazem, mas... Havia algo mais. E isso me deixou satisfeito, sabendo que estava tendo sucesso. Tolo! Eu... Era o tolo.

Mas precisamos mudar aquela nossa rotina, pois um intrometido garoto da minha casa quase nos pegou juntos. Aquele lago estava movimentado demais! Então decidimos nos ver na Torre de Astronomia, depois do toque de recolher.

Os olhos cinzas observam atentamente a porta que leva ao topo da torre, temendo que essa mudança seja muito radical para o Potter ou que a desconfiança dos intrometidos de seus amigos tenha sido despertada. Qualquer das duas hipóteses coloca em risco seus planos, o que ele nem pensa em cogitar, pois não tem mais idéia nenhuma. Passa a observar o céu estrelado, nota como nesta noite as estrelas estão mais brilhantes do que o normal ou... Talvez tenha parado para prestar atenção e isso faça uma grande diferença. Teme os rumos que tudo isso pode tomar, luta contra a idéia de que aquele abraço também mexeu com seu íntimo. É bobagem sua! Só não está acostumado com esse tipo de coisa, muito menos do seu maior inimigo.

Começa a se mover inquieto, de um lado a outro da torre, sabendo que logo terá de fazer uma nova visita a sua casa, onde terá de prestar contas a seu pai. Somente a lembrança desse detalhe o faz estremecer. Ele quer resultados e o que tem a relatar? Que o Potter lhe deu um abraço de amizade e consolo?

"Imperdoável! Parece que ouço a voz dele dizer com aquele tom de desprezo." – Tudo isso embrulha seu estômago frágil.

- Desculpe a demora. – Harry diz um pouco preocupado, sabe que o loiro não é das pessoas mais pacientes. - O pessoal custou a ir dormir.

- Imaginei. – Ele se volta tranquilamente, como se nem tivesse notado uma hora de atraso. – São as vantagens de ter um quarto próprio. E... Ninguém ousa perguntar aonde vou.

A conversa inicial é seguida de um silêncio incômodo. Antes cada um deles sabia onde sentar ou o que fazer diante do lago, agora é uma situação nova. Ficam ali parados por alguns instantes, cabeças baixas, novamente aquela incômoda sensação tomando conta do ambiente, até que Harry se senta encostado nos balaústres, Draco fica de pé ao lado dele.

- Nunca tinha reparado em como o céu daqui é bonito. – Os olhos cinzas percorrem novamente a abóbada celeste. – Engraçado como estamos sempre tão alheios, enquanto coisas lindas como essa passam despercebidas.

Os olhos verdes se voltam para o rapaz de pé, admirado por conhece-lo tão pouco, pois nunca imaginara ouvir coisa tão profunda sair de seus lábios. Repreende-se, percebe novamente como tem o costume de prejulgar, quando as pessoas são muito mais complexas do que possa pensar.

- Harry... Posso te fazer uma pergunta? – Treme, a pergunta seguinte sendo um passo decisivo em sua estratégia.

- Claro! – Sorri, pois é muito raro que ele o chame pelo primeiro nome.

A Teia da AranhaOnde histórias criam vida. Descubra agora