Cap. 5 - Enredado - Parte 1

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 Capítulo 5 – Enredado – Parte 1

Não posso dizer quantos dias fiquei completamente aéreo, fora de mim, deitado na cama sem conseguir pensar em nada. Aqueles olhos que se voltaram para mim antes de morrer... Por mais que eu tentasse esquecê-los, eles me assombravam, ainda mais por ter consciência da razão do último olhar. Minha alma estava em jogo, mais do que tudo, e apenas Dumbledore conseguira entender isso.

A morte do grande homem trouxe o caos ao mundo bruxo, tudo o que o Lorde mais desejava. O medo se instalou e a oposição se tornou cada vez mais perseguida. Mas tudo isso já não tinha mais significado nenhum para mim. Eu sentia apenas medo das conseqüências da minha falha, pois eu sabia que Ele não seria assim tão magnânimo como quis demonstrar. Agradecia imensamente a possibilidade de ficar bem longe dele, ainda hospedado na mansão Lestrange.

Mas eu ainda não conseguia tirar Harry da minha cabeça, por mais que estivesse enredado na teia da maldade. Naquele momento em que minha vida se deteriorava mais me apegava aos únicos momentos em que me senti seguro. Dormia abraçado ao meu travesseiro, desejando estar nos braços dele... E o amor que me consumia se tornava cada vez mais perigoso, pois a minha oclumência não surtiria efeito diante de todos os comensais... Principalmente diante do Senhor das Trevas.

Minha mãe vivia seus dias agora agarrada a mim, temendo cada reunião, cada encontro dos comensais... Sempre temendo que em algum momento o meu destino fosse decidido. Apenas a notícia de que meu pai seria solto trouxe alento para o seu coração dilacerado. Então eu percebi o amor que os unia... Ela realmente amava aquele homem tão arrogante... Tão diferente dela mesma. Eu só esperava que fosse recíproco. Afinal, as coisas que ele me fazia... E ao pensar nisso decidi que não deveria estar presente quando ele voltasse. Eu o traíra e... Falhara com a família. Não tinha o direito de continuar vivendo sob o teto dos Malfoy.


Draco entra na biblioteca e vislumbra a figura magra da mãe diante da janela. Colocara-se ali há dias, sempre a espera da chegada do marido. Aproxima-se dela e a abraça por trás, surpreso por achá-la tão frágil, como nunca sentira. Ela se recosta em seu peito, mas seus olhos não deixam de observar o portão principal.

- A senhora tem comido? – A voz dele soa preocupada.

- Como eu poderia... Mergulhada nesse pesadelo. – Narcissa parece com o pensamento distante.

O rapaz se afasta cabisbaixo. Sente-se culpado, pois suas falhas colocaram a família nessa situação complicada. Somente ele é o responsável pela desgraça deles e... Sua tia nunca o deixa se esquecer disso.

- Me perdoa por isso... – A mãe se volta para ele, percebe a dor no corpo contraído do filho. – Eu sou o culpado.

Os olhos carinhosos percebem então a mala depositada no chão, próxima da porta. Nota as roupas de viagem do filho e anda até ele, temerosa de perdê-lo. Abraça-o como se o tentasse segurar, impedi-lo de partir.

- Não é culpa sua! – As lágrimas surgem em seus olhos profusamente. – É minha.

- Mãe... Eu falhei. – Essas palavras quase não saem.

Narcissa se afasta um pouco dele. Seus olhos estão vidrados no passado, como se guardasse um grande segredo. Draco teme pela sanidade da mãe, nunca viu em seu rosto aquela aparência assustada e sofrida.

- Você o ama, não é? – Ela o encara com carinho, sem qualquer julgamento.

- Do que está falando? – O loiro recua, suas pernas fraquejam, se vê forçado a sentar.

A Teia da AranhaOnde histórias criam vida. Descubra agora