Cap. 1 - A Teia da Maldade - Parte 2

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Capítulo 1 – Teia da Maldade – Parte 2

Por dias seguidos a cena do lago se repete, os dois sentados, quase sem falar, apenas olhando o lago. O loiro acha que é melhor assim, seria suspeito confiar em um inimigo muito facilmente, mas precisa sair da concha em algum momento, só não sabe precisar quando. Potter pode ser sentimental até demais, mas não é nem um pouco burro.

Em uma dessas manhãs em que dividem a calma e a beleza do lago, Harry chega cabisbaixo. Ele insiste em contar sua versão dos fatos do final do Torneio, o que faz a professora Umbridge, indicada pelo Ministério para ensinar Defesa contra as Artes das Trevas, puni-lo com numerosas detenções. E parece que não se limita a dar-lhe tarefas extras... Apesar da dor que sente, esses encontros silenciosos se tornaram o seu desafio de todos os dias, uma forma de fugir da dura realidade. Senta-se ao lado do loiro, quase que instintivamente, e encolhe as pernas, abraça-as com força e esconde a cabeça nos joelhos. Dessa  vez ele não quer conversar e isso fica bem claro.

"Sempre falamos pouco mesmo!"

Mas este silêncio está diferente, pois há um forte sentimento de dor e humilhação preso no peito do moreno. E isto começa a incomodar o loiro a seu lado. Mas por quê? Isso não é importante... Precisa pensar em transformar tudo isso em algo a seu favor. Pensa no que dizer, mas... O que pode ser dito? Olha então para a mão ferida que Harry tenta inutilmente esconder.

- Ela que fez isso? – Draco tenta tocar na mão marcada, mas o moreno a puxa para si. – Não pensei que a detenção chegasse a esse ponto.

- Tudo por que eu estou dizendo a verdade. – A raiva faz seus olhos brilharem, o que não passa despercebido, pois o loiro nunca o viu assim. – Ela não pode dizer que Voldemort não voltou... Eu sei o que presenciei.

- Eu acredito em você. – Diz olhando fixo para ele.

- Você sabe que ele voltou, não é? – Volta-se para o outro, malícia carregada em suas palavras.

- Você sempre acha que sou um comensal da morte? – Malfoy se levanta e apoia o ombro numa árvore logo à frente, ficando de costas para o moreno.

- Não! Espera... Eu... – Como sempre fica sem jeito ao chegarem a esse ponto em suas conversas. – Estou errado em julgá-lo. Desculpa.

Volta a esconder a cabeça nos joelhos. Sua voz fica embargada, escondendo algo que sente muito profundamente. Draco se volta para ele, sabe nitidamente que esconde algo.

- Me conta... Sei que algo te aflige mais do que a dor. – O loiro imprime um tom incisivo à própria voz, tornando impossível ao outro lhe negar a verdade.

- Eu sou o culpado! – Levanta o rosto e encara os olhos cinza. – A morte do Cedric... Eu fui o culpado.

- Como assim?! – Ele se aproxima e fica parado diante dele.

A proximidade dessa vez incomoda Harry, que se afasta sobre a pedra e se encosta ao tronco caído atrás dele.

- Ele tentou me defender... – Tira os óculos já um pouco embaçados pelas lágrimas que tenta esconder. – Foi morto por minha causa.

- Para com essa sua mania de se achar o centro do universo... – Deixa todo o seu sarcasmo transparecer e se arrepende imediatamente.

- Eu não penso assim! – A reação de Harry é imediata, levantando-se de um pulo. – Você não pode entender mesmo.

- Espera... Não vai embora! – Precisa corrigir depressa aquilo que deixou escapar. – Só estou dizendo que você não é culpado por tudo que acontece a sua volta. Simplesmente você não podia fazer nada, não tinha como evitar. E assim é a vida... Também já pensei assim, mas... Hoje sei que há coisas que vão além de nossas forças.

A Teia da AranhaOnde histórias criam vida. Descubra agora