Cap. 4 - A Teia das Trevas - Parte 1

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Capítulo 4 – A Teia das Trevas – Parte 1

Nem acredito que estou aqui desabafando todo esse passado que me fez sofrer e me trouxe para o momento que vivo agora. Preciso acreditar que aquele psicopata não vai voltar a esse quarto, enquanto curo minhas feridas, físicas e emocionais. Sei que logo terei que deixar minha casa em uma missão que não quero, mas da qual não posso fugir. Queria mesmo era fugir desta guerra, levar minha mãe para longe disso tudo, mas... Na minha vida as escolhas são raras, sempre o meu destino sendo decidido pelos outros.

Mas voltando ao passado... Deixo registrado o meu papel dentro de toda essa guerra... Mesmo depois de ter voltado para minha casa ao término do ano letivo eu ainda não conseguia superar o fato de que Harry me odiava de verdade e que sequer deixou-me falar, contar minha versão dos acontecimentos. Tenho que admitir que tinha raiva dele por causa disso, mesmo que agora eu saiba que ele não estava errado... Imagino como o Potter devia estar magoado comigo... E com toda a razão. Mas além da raiva havia algo mais, pois passei boa parte das férias deitado em minha cama, sem vontade nenhuma de levantar, sem comer direito, só desejava que o chão se abrisse e me tragasse. Li que os trouxas chamam isso de depressão... Mas seja lá qual fosse o nome, só sabia que nada mais me importava.

Infelizmente a realidade sempre nos puxa de volta e a prisão de meu pai produziu os primeiros frutos. Os Malfoys estavam em desgraça perante ao Lorde das Trevas e havia um preço a pagar pela falha grave de nosso patriarca. E eu que teria que pagar.


- Está pronto filho? – Narcissa pára na porta, observa Draco parado diante da janela da biblioteca. – Precisamos ir.

- Temos ainda alguns momentos... – A voz do rapaz soa triste, fazendo com que ela se aproxime.

- Sei que é difícil, mas precisa fazê-lo. – A mãe também está infeliz, deseja que houvesse outra maneira de salvar a família. – Precisa fazer isso pela linhagem dos Malfoy... Pelo nosso futuro...

- Mãe... Mas a que ponto temos que chegar pela família? – Tudo que se viu obrigado a fazer ainda está presente em sua memória.

Ele se volta para ela, que senta na grande poltrona, imersa nas escolhas difíceis que também teve que fazer. O filho senta-se sobre a escrivaninha, preocupado com a expressão de Narcissa. Nunca viu aquele rosto bonito e aristocrático tão sisudo, percebe que a mãe sabe muito bem como esta dúvida dele é dolorosa.

- Também já precisei escolher uma vez... – A voz dela sai perdida no passado, como se estivesse ali a sua frente. – A família ou... O amor.

Draco estremece, recorda-se da foto de James Potter que encontrou no livro que fora dela. Senta-se no chão, diante da mãe, espera que pela primeira vez Narcissa deixe que alguém conheça seu íntimo. Toca sua mão, seus olhos se encontram, deixa claro que está ali desejoso de conhecê-la melhor.

- Quando tinha sua idade eu me apaixonei pela primeiravez. – Passa a mão pelos cabelos loiros macios, encara os olhos que a observam compreensivos. – Ele era bonito, destemido, impulsivo e corajoso. Como uma menina tímida como eu não iria se apaixonar por um garoto assim?

Ela respira fundo, simplesmente por temer que sua revelação choque o filho, mas sorri ao vê-lo tão interessado... Pode-se dizer até curioso.

- Mas a senhora era correspondida? – Seus olhos continuam entretidos em sua narrativa, procura entendê-la um pouco melhor.

- Acho que ele nunca soube o que eu sentia... Não tive coragem. – Um tom melancólico se apossa de sua voz. – Era simpático... Conversou comigo algumas vezes. Ele não parecia se importarcom o fato de sermos de Casas diferentes. Mas...

A Teia da AranhaOnde histórias criam vida. Descubra agora