Capítulo 8

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Andando sobre uma floresta negra sem rumo, Amicia caminhava sem saber um caminho exato, mas parecia ao mesmo tempo que sabia exatamente o caminho. Andava como se estivesse procurando algo. Sentiu que estava chegando em algum lugar quando ouviu vozes e seguiu em direção a elas. Chegando no alto de um precipício viu pessoas como se fossem guardas, um homem alto de capuz negro e expressão diabólica e duas figuras familiares.
  - Mamãe? Papai?
  Estavam acorrentados, o homem encapuzado levantou uma adaga e com um sorriso maligno, os esfaqueou várias vezes.
  - NÃO!
  A pobre jovem gritou o mais alto que pode, de modo que em qualquer parte que você estivesse na floresta, escutaria o grito de sua dor, da perda. A garota caiu sobre a grama, em meio as lágrimas, como se seu coração estivesse em pedaços, sentiu a maior dor que poderia ser capaz de sentir. Não acreditava no que via. Havia acabado de ver seus pais serem assassinados bem em sua frente. Palavras sumiram de sua boca, só conseguia derramar suas lágrimas. O céu ficou vermelho, vermelho como o sangue derramado de seus pais.
  O homem encapuzado virou-se para a direção do grito e viu a jovem, mostrando sua face horrenda.
  - PEGUEM NA!
  Guardas começam a se aproximar, a garota se levanta e anda para trás. Na sua direita, avista um leão, que indica com a cabeça para a menina o seguir, logo dizendo:
  - CORRE!
  Surpresa pelo leão ter falado, mas deixou para pensar nisso outra hora, não havia tempo para pensar nisso naquele momento. Corria seguindo o leão, sem saber para onde estava indo e ouvindo os guardas por toda parte da floresta. Estava com medo, estava triste pela morte de seus pais, não sabia o motivo de aquele homem ter os matado e o motivo de estar atrás dela.
  Amicia sentiu como se já tivesse visto aquele leão antes em algum lugar, como se tivesse um vínculo com ele, tinha total confiança sobre o animal.
  Em meio a pensamentos, notou que o leão pulou e sumiu, a jovem parou, vendo que aonde o leão havia pulado dava para um rio, mas naquela altura parecia ser impossível uma garota como ela sobreviver. Ouvindo os gritos, virou-se para trás, vendo o homem do capuz negro correndo em sua direção com a adaga já posicionada para a atingi-la.
  Amicia se levantou assustada de sua cama e sentindo seu coração acelerado e sem fôlego de sua cama. Olhou assustada ao seu redor, ao seu quarto escuro e a janela que mostrava o céu noturno. Havia sido só mais um de seus pesadelos. Apesar de estar um pouco aliviada, ainda estava com medo, parecia ser tão real. Ficou pensando se aquilo não era um sinal para algo que poderia acontecer ou estava acontecendo.

             ***                

   Caminhando pelo pátio aberto, ao ar livre, que já se apresentava vazio, Henry caminha procurando pelos meninos, já que os garotos não estavam na quadra. Ouve uma música vindo da sala de dança, imaginou que devia ser a aula de ballet para as alunas do ensino fundamental, mas percebe que a música não era nem um pouco agitada.
Assim que chega na porta, vê que havia apenas uma garota dançando com todo seu coração, nem notando sua presença e decide ficar ali na porta admirando a garota. Não entendia o idioma da música, mas conseguia entender a história, a mensagem, através da dança da jovem.
Amicia estava dançando com toda sua energia, sua emoção. Mesmo a dança sendo difícil, conseguia expressar suas emoções, atuar.
   A sala não era como as salas de dança americanas, mas era o suficiente. Do tamanho de um retângulo, teto baixo e branco, a parede de trás e a dos lados também eram brancas. O chão era de madeira, de um tom de marrom claro, era liso de um jeito que era possível deslizar como se fosse uma pista de patinação. Uma janela com cortinas brancas ao lado da porta, perto da janela havia uma mesa e cadeira, com figurinos, objetos usados em coreografias, e um rádio, enquanto outras duas janelas do outro da sala, onde podia avistar o jardim das freiras. Havia um celular que estava em cima da mesa tocando as músicas. A parede da frente estava preenchida com espelhos.
  Apesar de a sala ser assim, conforme Amicia dançava, com toda sua emoção, ela não sentia que estava naquela sala, mas sim uma sala escura com espelhos do chão até o teto, e havia várias versões dela ao seu redor. Seus pesadelos, seus monstros, sua versão nada boa, o caus, sua versão maligna e sedenta.
  Assim, Amicia dançava, lutando contra seus próprios monstros. Seu olhar era de raiva, mas no fundo de seus olhos, um olhar de medo. Cantava com força, com raiva, ódio, mas no fundo, como se fosse um pedido de socorro. Sua versão a segurava pelo pescoço, a enforcando. Outra versão a puxava pelos pés. Suas mãos algemadas, sua pele, que é como se fosse porcelana, com feridas, cortes fundos, hematomas por todo o corpo. Seu rosto, ferido como se estivesse em uma luta. Seus olhos tentando ser vendados. Suas roupas rasgadas e com manchas de sangue por toda parte. A cada passo, a cada toque, uma rachadura aparecia no chão espelhado. Atrás, em sua sombra, continha asas. Asas negras com algumas penas arrancadas. E sobre seus pés, refletido no chão espelhado quebrado, uma de suas versões, a encarando, com um sorriso maligno, logo rindo da jovem.
 
  "연애에 쥐해서 버려진 미래
    깨어나고 볼 땐 이미 사방엔 지뢰
    건드릴 수 없는 매서운 주위의 시선들
    기적을 외져 이 현실에
    미치도록 좋았지
    달콤함에 중독된 병신
    그래 병신
    놓치긴 싫었어 악마의 손길을
   
    Too bad but it's too sweet"
    (Intro: Boy Meets Evil - BTS)

No One is InnocentOnde histórias criam vida. Descubra agora