Interfund, uma gincana que o colégio sempre realizava. Reunia todas as turmas, desde o Ensino fundamental 1 até o Ensino Médio. Por serem muitas turmas, cada uma com no máximo três salas em cada ano, formavam turmas com uma sala de cada ano. Os times eram de acordo com cor: vermelho, azul, verde e rosa. O time vencedor ganhava 1 ponto extra na média do 3 trimestre, o que resultava em todos levarem a sério a competição, pois ninguém queria ficar na corda bamba e fazer a recuperação final.
O dia estava com o sol aparecendo, porém com muitas nuvens e um vento gelado.
O pátio aberto não era reto, pois como a escola foi construída em uma esquina, começava no topo e terminava no fim da rua abaixo. Parecia como se tudo escorregasse para o lado. Era sutil, discreto, difícil de notar que o pátio era um pouco inclinado. O piso era de cerâmica antiderrapante concreto externo, de cor cinza, como estava ali a muitos anos, algumas partes do piso estavam quebradas, com rachaduras.
Nos dois cantos, haviam duas árvores, em volta de cada uma, havia um banco, de piso caquinho laranja. Na árvore do lado direto, era um pé de manga, e quando dava frutos, os funcionários e alunos gostavam de tentar alcançar as mangas para poderem se alimentar. Na árvore do lado esquerdo, menor que a da direita, não apresentava muitas folhas, quase não tinha, porém as vezes ela tinha quaresmeiras roxas. Ao redor, na parte coberta, havia as salas das atividades, onde o piso e as paredes eram brancas: Laboratório, dança, música, judô, cozinha, artes. Enquanto do lado do pé de manga, descendo alguns degraus, havia um auditório.
No pátio as paredes eram de um azul bebê do topo até a metade, azulejos brancos da metade até o chão. No final, havia uma rampa caracol, com piso de borracha, teto de vidro. No topo da rampa, haviam flores e algumas outras plantas.
Na parte debaixo, na rampa, haviam pinturas, que o professor de artes realizou com os alunos. Havia um banco debaixo da rampa onde os alunos gostavam de se sentar.
No andar onde se chegava pela rampa, entrando pela porta em frente a rampa ficava a secretaria, para a esquerda levava a capela, onde ao lado da capela havia um corredor vazio, onde as pessoas podiam ficar para olhar o pátio. Para a direita levava para o prédio onde ficavam às salas de aula.
Um andar acima era onde moravam as freiras, mas era quase impossível encontrar a passagem para chegar a esse andar.
Do outro lado, havia a quadra, perto da grade havia um pequeno espaço onde os alunos também gostavam de sentar. Ao lado da quadra, estava a academia. De frente para a quadra. Havia uma gruta religiosa, e para o acesso à ela tinha que destrancar as portas dos fundos. Nela, em frente, protegida por uma grade pequena, haviam flores, onde antigamente haviam peixes. Haviam duas estátuas, uma Nossa Senhora ajoelhada, com uma pedra ametista em sua frente e na pedra, cravada, havia um machado. Um pouco mais no alto, uma outra Nossa Senhora. Em volta da gruta, haviam muitas plantas.
Para chegar ao outro lado, haviam apenas 3 degraus. No meio dos dois espaços, havia uma tenda, que cobria do portão até uma grande escada que ia até o corredor onde ficava as salas de atividades, com o intuito de proteger os alunos caso chovesse. A sala da cozinha ficava de frente para essa escada. Por ser muito grande os degraus da escada, os alunos deixavam as mochilas ali, os grupos de populares gostavam de se sentar lá.
Todos os alunos estavam no pátio, por ser a hora do show de talentos, cada um com a cor do seu time. O time da sala de Amicia e Henry era do time azul, usavam uma camiseta branca, com a gola em azul escuro. Atrás com o número da série deles e apelido de cada um. Na parte da frente, havia uma imagem de Sullivan, do filme "Monstros S.A".
No andar onde ficava a recepção, olhando para o pátio e as apresentações, estava Henry, usando uma blusa social azul escura, uma calça social preta e botas pretas. Ele olha para o lado e vê Amicia andando de um lado para o outro, com as mãos tremendo, decorando sua parte e treinando seu vocal. Parecia estar ficando sem fôlego.
A jovem usava um vestido longo amarelo mostarda, com uma fenda frontal, uma faixa na cintura que dava um laço atrás, evidenciando sua cintura fina, manga camponesa, decote em u e sandálias douradas. Seu cabelo estava semi preso, com alguns fios de cabelo soltos na frente.
O garoto decide ir até ela:
- Calma, fica calma, vamos ir bem. Vai dar tudo certo, confie em mim.
- Não Henry! Tem que ser perfeito. Nós temos que ganhar! - Amicia diz nervosa olhando para o rapaz - Desde pequena o time vermelho vence, e como sempre trapaceando, desde quando eu era pequena. Eles não podem ganhar dessa vez, eles já trapacearam demais. Nosso time tem que ganhar, acabar com isso de uma vez por todas.
- Mas nós vamos.
- Como tem tanta certeza? Nosso time, uma parte dele, coincidentemente o povo da nossa sala, não se esforça! Ficam só falando mas não trabalharam duro. Eu não quero ficar com nota vermelha por conta que eles não se dedicaram. Se perdermos, todos nós vamos ficar na corda bamba!
A menina pousa suas mãos sobre o parapeito, respira fundo. O garoto põe sua mão no ombro da jovem.
- Você vai ser espetacular.
- Como pode ter tanta certeza? - a menina olhava com os olhos cheios de lágrimas - Eu tenho que ser perfeita. Nossa sala não vai estar ali torcendo por nós, eles estão ali para rir de mim. Eu sofro zoações deles desde pequena, eles acham que sou uma aberração, então quero dar um tapa na cara deles mostrando o que eu sei fazer, e não vou conseguir se eu desafinar, ou travar, gaguejar, ou errar um passo, eu não posso errar nenhum detalhe. Vai ser como um treino para quando eu for fazer o teste ou um show.
- Não vou deixar eles fazerem isso. Esqueça que eles em específico estão na multidão. Escute a música e deixa ela te conduzir. - Henry segurava as mãos de Amicia e tentando o máximo possível acalmá-la.
O celular de Amicia toca e decide ver a notificação.
- O Jeff tá aqui na escola, no pátio do Infantil. Disse que precisa falar comigo e que tem que ser agora - a garota olhava para a notificação desconfiada, se perguntando por quê ele estava ali e não no colégio em Moonshine Falls.
- Vai lá, deve ser importante.
- Não, se eu for pode ser que eu não chegue a tempo para a nossa apresentação.
- Vai dar tempo sim, quando tiver chegando a nossa vez eu te mando mensagem. Seja rápida lá ok?
- Ok vou ir lá e volto correndo.
Quando Amicia estava indo em direção a rampa, o jovem pega seu pulso por trás.
- Espera.
A jovem se vira para ele. O garoto entrega para ela uma carta.
- Leia isso enquanto estiver lá.
A garota acena com a cabeça concordando e segue em direção a rampa em passos rápidos. Henry a olha com um olhar triste, como se fosse a última vez que a estava vendo.
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No One is Innocent
Mystery / ThrillerEra tudo diversão e jogos, fotos de amigos reunidos sorrindo, isso é tão engraçado...até que alguém se apaixone. Contos de fadas, que tem finais felizes...é tudo uma mentira, uma farsa. Não existem finais felizes. Escolha cada ação com sabedoria, vo...